Opinião
Acho que entrei na fase de receber notícias de “amigos
de amigos” vitimados pelo coronavírus. Era uma fase prevista. Em minha
expectativa essa fase antecede aquela em que as notícias desagradáveis se
referirão diretamente às pessoas mais próximas. Faço figa para estar enganado e
que esse tipo de avaliação não passe de uma reflexão medíocre e de buteco, mas as coisas estão seguindo por esse caminho
que parece inexorável.
De tudo que
tenho buscado saber, nada alterou as avaliações iniciais sobre a melhor estratégia
de combate à pandemia: tentar retardar a velocidade da evolução da contaminação,
empurrando para frente o pico e achatando
a curva da quantidade de casos. Com isso, ganharemos tempo para as chamadas medidas profiláticas e para uma melhor
adequação dos recursos disponíveis que são precários frente à demanda de
contaminados. E como tática mais adequada para alcançar esse propósito: praticar,
intensificar e garantir o afastamento social. Tática difícil de ser praticada
porque conflita com as características e necessidades da maior parte da
população.
Com esse
tipo de avaliação, não é possível encarar com indiferença uma carreata de bozominions
desfilando no Aterro, no sábado, fazendo a apologia desses pulhas defensores de
torturadores e milicianos e convocando as pessoas a irem para as ruas. É
difícil de aceitar e até podemos buscar termos mais elaborados para sintetizar e
qualificar esses comportamentos: desinformação, descontentamento generalizado,
revolta, indignação com partidos e políticos, enfim não excluo essas
avaliações. Contudo, o fato real é que, seduzida por mecanismos diversos, há
uma massa de pessoas que assumiu valores populistas e fascistas e que parece
ter entrado em um estágio de possessão. Uma autotranscendência descendente
(termo de Aldoux Huxley) que é impermeável a qualquer abordagem para conversar
sobre alternativas políticas para o país.
A pandemia coronavírus
talvez seja o resultado de uma ocorrência fortuita. Não sabemos. Mas, o cenário
triste da nossa situação política não decorre do acaso. Ao contrário, resulta de
ações conscientes praticadas por grupos parasitas que sobrevivem da exploração
dos trabalhadores. Esse processo se alimenta da própria riqueza que os
trabalhadores produzem, é garantido por armas e poderio bélico adquiridos com
essa riqueza e se protege institucionalmente fazendo uso desses zumbis possessos
que hoje estão nas ruas em carreatas.
Será desses
grupos que partirão os primeiros gestos de violência e barbárie nos limiares
dos estágios de extrema tensão social para os quais estamos caminhando. A
direita política é quem tomará a iniciativa desses gestos porque é da sua
natureza e esses possuídos, que hoje desfilam em carreatas, que fazem tocar
marchas militares durante os panelaços, que se fantasiam com camisas da CBF,
que gritam pelo ex-capitão boquirroto chamando-o de mito, é que serão utilizados como buchas de canhão e massa de manobras . Estão
aí para esse uso e cumprirão essa finalidade. Devemos tentar estar preparados para isso.
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