Opinião
É
esclarecedor observar o tratamento dado pelos grandes meios de comunicações ao
caso Siemens – PSDB - Metro SP versus a forma como atuam quando a notícia são denúncias
sobre a lisura dos processos tratados pelos governos do PT. O escândalo
do Metro de São Paulo - sem reduzir em nada a obrigação do PT prestar esclarecimentos
aos questionamentos que recebe - deveria estar explodindo nas manchetes. Porém,
neste caso a regra é outra. No PT seria uma quadrilha, mas no PSDB é um suposto
cartel.
Qualquer
que seja o juízo sobre as ações petistas, só não vê quem não quer. Entre tantas
outras dificuldades, a sociedade brasileira vem sendo vítima dos grandes grupos
empresariais da comunicação social que atuam como se fossem partidos políticos,
mesmo sem qualquer mandato para tal, e sem os compromissos e as obrigações das
entidades partidárias.
É
com toda razão que grande parte das publicações alternativas de informação que,
felizmente, povoam a mídia eletrônica refere-se a estes grupos empresariais
como PIG - partido da imprensa golpista - a propósito, uma feliz associação com
o significado em inglês da palavra formada pelas iniciais. Não surpreende que eles
atuem assim porque estão e sempre estiveram aí com esses objetivos – tomar para
si a riqueza produzida pela nação. Não se poderia, por esta prática, acusá-los
de incoerentes.
Entretanto,
não vejo com os mesmos olhos o comportamento de alguns oposicionistas
ideológicos do PT que andavam encolhidos em decorrência de resultados positivos
dos governos petistas quando comparados à incapacidade desses grupos proporem alternativas.
Despertaram apoiando-se nos desdobramentos do caso mensalão e se assanharam com
as recentes manifestações de junho 2013, assumindo que elas foram um endosso às
suas posições. Até ai, também, nada demais. As interpretações da multifacetada conjuntura
política não são privilégio deste ou daquele grupo, nem deste ou daquele
cidadão. Porém, destes há que se cobrar coerência. Arvoraram-se como combatentes
intolerantes de uma presumida corrupção governamental e com uma fúria obsessiva
têm dedicado seu tempo em divulgar propaganda antigovernamental, sem um mínimo
de crítica. Apoiam-se exclusivamente na réplica
de matérias inchadas pelos mecanismos, recursos e interesses da PIG, incapazes
de disfarçar seus preconceitos e incompetências políticas.
Ainda
não recebi destes remetentes, sobre a maracutaia metroviária tucano paulista, os
filminhos, as charges, as animações, as manchetes, as montagens, as piadas,
enfim a enxurrada de questionamentos cívicos dos quais se fazem porta-vozes.
Nem os vejo estimulando a realização de manifestações no exterior. Afinal, são
gigantes multinacionais de origens, entre outros países, na França, Inglaterra,
Canadá, Japão e Alemanha – país sede da Siemens, participante da quadrilha,
digo cartel, que se apresentou como um dos corruptos. Seria uma boa
oportunidade para os brasileiros que se manifestaram indignados, lá fora, como
se a corrupção fosse um atributo exclusivamente tupiniquim, organizarem novas
manifestações naqueles países, especialmente considerando que muitas das
empresas, quartel ou quadrilha, sejam lá o que for, tem participação estatal na
formação de seus capitais.
Gostaria
de receber estas informações. Sem elas passarei a achar que os esperados
remetentes não estão tão preocupados assim em um processo de melhoria da nossa
sociedade, mesmo em desacordo com as minhas visões e opções políticas.
Entenderei que seus objetivos são outros, não tão distantes das ações e
posturas da PIG, como se da PIG fizessem parte e como se ela os representasse. Mas,
se for assim, esse grupo será defunto para o qual não vale gastar muita vela,
embora já tenham sido identificados e até contemplados com análise sociológica.
Coxinhas!