sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ordem e Progresso

Leituras para distrair


Ontem, 29/05/2014, no Largo do Machado, Rio de Janeiro, ocorreu uma “Ouvidoria Itinerante”, evento onde vários órgãos públicos ofereceram serviços aos transeuntes, tais como: registro de nascimento, casamento, identificação civil, orientações e atendimento de reclamações sobre direitos do consumidor, emissão de carteiras de trabalho etc. Além da Ouvidoria do Ministério Público Estadual, responsável pela iniciativa, também participavam o Procon, o Ministério de Trabalho, Detran, Bombeiros, PM e outros. Muito legal!

Tomei conhecimento do evento ao passar, observando uma caminhonete, tipo Van, que funcionava como posto de atendimento do Ministério do Trabalho. A Van estava toda pintada com uma representação estilizada da Bandeira Nacional, bem chamativa, destacando-se o círculo azul da bandeira, enorme, com as palavras Ordem e Progresso.

Por curiosidade e já estimulado por observações anteriores, fui conferir a representação da bandeira e, não deu outra! As palavras Ordem e Progresso estavam pintadas em preto, cor inexistente na Bandeira Nacional, quando deveriam estar pintadas em verde. Enfim, a representação estava errada. Conversei com um dos atendentes da tenda vizinha, do Ministério Público, e que parecia ser um estudante. A pedido dele, fomos até a Van do Ministério de Trabalho, mas ele sequer identificou o erro, na verdade, ele nem fazia ideia que estava errado.

Com minhas opções socialistas, trotskistas, estou bem longe de me referenciar pelos símbolos nacionais que não desqualifico, mas que valorizo apenas em circunstâncias bem específicas. Símbolo por símbolo, eu preferiria que a praça estivesse enfeitada de bandeiras vermelhas representando a luta e a busca da solidariedade internacional entre trabalhadores.  Porém,  mesmo assim, acho que erros de tal natureza e em tais circunstâncias não deveriam ocorrer. Afinal, não era uma decoração de muro ou de asfalto de rua comemorando a Copa do Mundo, mas um carro oficial de um ministério da República divulgando um dos quatro símbolos nacionais no centro de uma das principais capitais do país repleta de visitantes e em um momento marcado pelo chauvinismo e pela enorme quantidade de propaganda estimulando e convocando a população, paradoxalmente, a torcer pelas “cores” do Brasil.

O fato concreto e realmente relevante foi a prestação dos serviços que estava sendo ofertada e realizada, sem importar as cores com as quais pintaram a bandeira. Em tempos de torcida, torço para que não seja apenas uma ação pontual no tempo e espaço e que seja repetida, ampliada e aprimorada. Porém, não há como deixar de perceber que esses erros são emblemáticos, simbólicos. Revelam uma falta de cuidados e uma espécie de descaso, de não comprometimento. Parafraseando Chico Buarque e Ruy Guerra, é como se as mãos estivessem distantes do peito, refletindo distância entre intenção e gesto.

No mais, passei e fiz questão de pegar um exemplar de uma cartilha intitulada “Violação de Direitos da Pessoa Idosa”, bem interessante, onde poderei me orientar com dicas sobre violência física, violência psicológica, violência sexual, abandono, negligência, abuso financeiro, autonegligência etc. Enviarei cópia para um grande companheiro que aniversariará amanhã e comemorará no Orquídea, em Niterói.

E ainda reforçando a caricatura de aposentado sem ter o que fazer, lembrei-me que quando houver oportunidade conferirei as bandeiras vendidas nas lojas Bee, no saguão do aeroporto internacional do Galeão, no Rio. Até bem pouco tempo, quando estive por lá, as coisas estavam pretas na infra do aeroporto e também nas letrinhas das bandeiras.

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