sábado, 11 de janeiro de 2014

Desforra de medíocres: demitir Carlos Augusto


Opinião
A Embratel despertou o fantasma da perseguição e censura à manifestação do pensamento e do cerceamento à liberdade de organização e expressão dos seus empregados. Em 10/01/2014 demitiu Carlos Augusto Moreira, engenheiro, liderança na organização dos trabalhadores da Embratel no Rio de Janeiro, um dos fundadores da extinta associação de empregados, AEBT RJ, ex-diretor sindical, no SINTTEL RJ, e atual representante dos empregados eleito para o Conselho Deliberativo da fundação de seguridade Telos. Um empregado com 38 anos de trabalho na área de engenharia onde se destacou, se fez respeitar, conhecer e admirar como um dedicado e competente profissional, atributos reconhecidos por suas chefias imediatas, pelos colegas próximos e das demais áreas com as quais interagiu, assim como por profissionais das muitas empresas da área de telecom com as quais a Embratel se relaciona e junto às quais foi representada, sem reparos, pelo então empregado Carlos Augusto. Ele foi demitido porque, mesmo sem a proteção de uma estabilidade sindical,  não se omitiu de expressar suas opiniões ao longo da campanha salarial no final de 2013, nem de divulgar aos empregados que a diretoria da Embratel, no início de 2014, e por sua exclusiva conveniência, enfiou pela goela dos trabalhadores uma alteração no plano de benefícios da Telos.

A Embratel aprovou em âmbito nacional a sua proposta na campanha salarial 2013, mas ainda assim, como em anos anteriores, contabilizou os votos de rejeição da sua proposta pelos trabalhadores dos simbólicos prédios Mackenzie e Camerino, onde Carlos Augusto trabalha (va) e sempre foi uma referência imediata para os demais trabalhadores. A Telos, por sua vez, extinguiu o atual plano de benefícios e valorizou a decisão divulgando-a como uma “aprovação do Conselho Deliberativo”. Mas os empregados foram informados pelo seu representante, o companheiro Carlos Augusto, que a mudança foi imposta pela Embratel sem qualquer discussão ou debate. Foi mais uma “chave de galão” imposta em num conselho de representação distorcida, onde o representante dos trabalhadores é figura solitária.

São os gestores de recursos humanos que representam a Embratel, tanto nas negociações sindicais, como naquelas junto à Telos, e eles falharam em dissimular as políticas efetivas do grupo empresarial que controla a atual empresa. Não que tais políticas sejam uma novidade, mas esses gestores são reconhecidamente medíocres e incompetentes, e se prostraram parvos diante da atuação eficaz e comprometida do nosso colega.  Assim, melindrados  em sua estupidez, e antes que eles próprios fossem dispensados como néscios inúteis, promoveram uma desforra com a demissão do Carlos Augusto alegando uma suposta reorganização empresarial.

Entretanto, tão grave quanto a demissão, é que tais fatos ocorrem nas barbas de um governo cuja presidenta guerrilhou contra a ditadura e sucede dois mandatos de um ex-líder sindical em movimentos que transformaram relações de trabalho no Brasil. O atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e a sua esposa, ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, certamente estão envolvidos com a provável candidatura da ministra ao governo do Paraná, mas também é certo que vários integrantes do atual governo, nos planos executivo e legislativo, estadual e federal, são egressos da categoria dos trabalhadores de telecom e obtiverem seus mandatos e cargos a partir do endosso político da categoria. Assim, é imperativo que tais personagens façam ecoar este acontecimento nas esferas de governo e chamem à atenção do casal de ministros para que dividam as suas preocupações com o que está ocorrendo na atual Embratel: perseguição e demissão de representantes dos trabalhadores. Combater esses avanços autoritários é tarefa de todos nós.
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