Opinião
A Embratel despertou o fantasma da perseguição e
censura à manifestação do pensamento e do cerceamento à liberdade de
organização e expressão dos seus empregados. Em 10/01/2014 demitiu Carlos
Augusto Moreira, engenheiro, liderança na organização dos trabalhadores da
Embratel no Rio de Janeiro, um dos fundadores da extinta associação de
empregados, AEBT RJ, ex-diretor sindical, no SINTTEL RJ, e atual representante
dos empregados eleito para o Conselho Deliberativo da fundação de seguridade
Telos. Um empregado com 38 anos de trabalho na área de engenharia onde se
destacou, se fez respeitar, conhecer e admirar como um dedicado e competente
profissional, atributos reconhecidos por suas chefias imediatas, pelos colegas
próximos e das demais áreas com as quais interagiu, assim como por
profissionais das muitas empresas da área de telecom com as quais a Embratel se
relaciona e junto às quais foi representada, sem reparos, pelo então empregado
Carlos Augusto. Ele foi demitido porque, mesmo sem a proteção de uma
estabilidade sindical, não se omitiu de
expressar suas opiniões ao longo da campanha salarial no final de 2013, nem de
divulgar aos empregados que a diretoria da Embratel, no início de 2014, e por
sua exclusiva conveniência, enfiou pela goela dos trabalhadores uma alteração
no plano de benefícios da Telos.
A Embratel aprovou em âmbito nacional a sua
proposta na campanha salarial 2013, mas ainda assim, como em anos anteriores,
contabilizou os votos de rejeição da sua proposta pelos trabalhadores dos
simbólicos prédios Mackenzie e Camerino, onde Carlos Augusto trabalha (va) e
sempre foi uma referência imediata para os demais trabalhadores. A Telos, por
sua vez, extinguiu o atual plano de benefícios e valorizou a decisão
divulgando-a como uma “aprovação do
Conselho Deliberativo”. Mas os empregados foram informados pelo seu
representante, o companheiro Carlos Augusto, que a mudança foi imposta pela
Embratel sem qualquer discussão ou debate. Foi mais uma “chave de galão”
imposta em num conselho de representação distorcida, onde o representante dos
trabalhadores é figura solitária.
São os gestores de recursos humanos que representam
a Embratel, tanto nas negociações sindicais, como naquelas junto à Telos, e
eles falharam em dissimular as políticas efetivas do grupo empresarial que
controla a atual empresa. Não que tais políticas sejam uma novidade, mas esses
gestores são reconhecidamente medíocres e incompetentes, e se prostraram parvos
diante da atuação eficaz e comprometida do nosso colega. Assim, melindrados em sua estupidez, e antes que eles próprios
fossem dispensados como néscios inúteis, promoveram uma desforra com a demissão
do Carlos Augusto alegando uma suposta reorganização empresarial.
Entretanto, tão grave quanto a demissão, é que tais
fatos ocorrem nas barbas de um governo cuja presidenta guerrilhou contra a
ditadura e sucede dois mandatos de um ex-líder sindical em movimentos que
transformaram relações de trabalho no Brasil. O atual ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, e a sua esposa, ministra-chefe da Casa Civil,
Gleisi Hoffman, certamente estão envolvidos com a provável candidatura da
ministra ao governo do Paraná, mas também é certo que vários integrantes do
atual governo, nos planos executivo e legislativo, estadual e federal, são
egressos da categoria dos trabalhadores de telecom e obtiverem seus mandatos e
cargos a partir do endosso político da categoria. Assim, é imperativo que tais
personagens façam ecoar este acontecimento nas esferas de governo e chamem à
atenção do casal de ministros para que dividam as suas preocupações com o que
está ocorrendo na atual Embratel: perseguição e demissão de representantes dos
trabalhadores. Combater esses avanços autoritários é tarefa de todos nós.
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