Opinião
Estou longe de condenar as palavras do sapo barbudo a
propósito do genocídio realizado pelo governo israelense na faixa de Gaza e,
mais longe ainda de condenar a comparação dos atos do fascista Netanyahu com os
do Hitler. Não achei inoportunas nem inadequadas, ao contrário, achei que acertaram
o alvo em cheio e cumpriram o seu papel de fazer coro sem disfarces contra a matança
de mulheres e crianças praticada pelo governo israelense naquela região e que ainda prossegue.
A tentativa do extermínio dos judeus pelos nazistas não deverá
ser apagada da história, não só pelo que ela representou para toda a humanidade,
mas também pelas iniciativas do povo judeu, talvez único grupo cultural que tem
superado as divisões políticas do capitalismo, que trabalha e trabalhará para a
conservação dessa memória trágica que é elemento relevante na história da
manutenção da sua cultura.
Contudo, tragédias não deixam de ser tragédias pela
contabilidade de mortos e não têm tempo de validade. Elas não recebem medalhas
de “or concur” e ninguém têm certificado de propriedade ou de exclusividade de
narrativas. Assim, quando um fascista que governa um dos principais poderios bélicos
do mundo aponta esses recursos para o extermínio de dezenas de milhares de mulheres
e crianças indefesas, ele não só deve, mas precisa ser denunciado, apontado
como criminoso que é, e comparado com os similares de sua espécie, no caso em pauta, com o líder nazista
Hitler.
É claro que Lula poderia ter lançado mão de outras
comparações com exemplos da história passada ou contemporânea, até mesmo
situações vividas na própria história brasileira. Poderia ter exemplificado com
Ruanda, com a Síria, com o Congo, com o Sudão, com os Xpquistão da vida, com
Eldorado dos Carajás, com a escravização dos africanos, com a casa do cacete. Porém
, Lula não estava diante de uma banca universitária apresentando um trabalho
documental histórico e formal sobre os genocídios na memória da humanidade.
Lula estava denunciando os assassinatos que estão sendo
praticados por Netanyahu, filmados e com imagens exibidas nos horários nobres
dos telejornais e nos lares do mundo inteiro, no interregno entre partidas de
futebol, shows de variedades e, quem sabe, até entre as putarias que dominam as
disputas do poder político mundial. O sapo barbudo sacou e atirou. Fez o que
deveria, e acertou. Usou o exemplo mais simples, mais próximo, não precisou
desenhar.
Quem ficar nesse ti ti ti apontando inconveniências das
declarações de Lula, mesmo com argumentos condescendentes, mas ressalvando que tais
declarações desviaram o foco das atenções estará equivocado, batendo palmas pra
maluco dançar! Quem está desviando o foco é quem reluta em assumir e denunciar que
estamos diante de um genocídio consentido.
Quem achar que Lula poderia ter utilizado outros exemplos,
então que os use, que lance mão deles e que os acrescente às denúncias contra o
atual governo fascista israelense. Façamos isso, sem desculpas nem invenções.
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