Opinião
Aprendi a não gostar do termo
“humanidade” porque, salvo, talvez, o
seu significado biológico, ele idealiza
algo que não se verifica materialmente. Pior do que isso, ele generaliza e
encoberta a realidade das relações sociais que, por sua vez, são determinadas pelos nossos papéis no modo
que nos organizamos para produzir os bens básicos da nossa subsistência.
Atualmente, o modo de produção capitalista.
No mundo real não existe uma “humanidade”, existem pessoas que se organizam para suprir suas necessidades vitais e que, atualmente, salvo algumas poucas comunidades, estão divididas em classes sociais conforme o papel de cada um na produção, na propriedade e na troca de mercadorias.
Apoiado nessas premissas, penso que há um fator que fica escondido, como se estivesse disfarçado, em quase todas as intervenções que tenho acompanhado sobre a tragédia na Palestina: o papel do capitalismo e suas decorrências.
Estamos, sim, diante de uma tragédia que “não nasceu no vácuo” como expressou o secretário geral da ONU, mas quando se discorre sobre as causas do conflito, dificilmente são alegadas as decorrências do modo de produção capitalista, com sua dinâmica e os seus atores, entre eles as mega corporações cujos interesses determinam as políticas governamentais que provocam discriminação, apartação, segregação, guerras e coisas do gênero. O capitalismo fica dissimulado, nunca vem à tona, como se ele não tivesse importância. Nunca é debatido.
Sem desqualificar as vítimas civis israelenses assassinadas pelo Hamas nem os assassinatos em massa de palestinos que o governo israelense está praticando, arrisco dizer que tais horrores e tragédias estão abstraídos da motivação central dessas disputas, qual seja, a manutenção de uma ordem na relação de poderes mundiais que é a ordem capitalista ou o capitalismo.
O que faz os principais governos ocidentais empenharem-se na manutenção daquele Forte Apache, encravado no Oriente Médio e chamado Israel?
#####