Opinião
Assisti à
exibição em vídeo de um talk-show da TV americana cuja abertura é um monólogo
do apresentador produzindo risadas da claque enquanto narra situações caricatas
sobre o Brasil e as Olimpíadas 2016. Os
editores fizeram uma coletânea de fatos reais sobre as mazelas do nosso país,
incluindo a crise política recente, as idas e vindas do projeto das olimpíadas,
a nossa pobreza, a degradação ambiental dos nossos espaços naturais, as
declarações conflitantes e controversas das autoridades e personagens públicas,
manifestações de policiais em aeroportos, fechamento de postos de saúde, as
ameaças do o zika vírus, enfim, tinha de tudo. E o fio condutor foi,
explicitamente, ou não, a questão da corrupção em nossa sociedade.
A narrativa
do script era ilustrada com imagens ao fundo exibindo manchetes e noticiários
de jornais justificando cada assunto tratado. Nada inventado, no máximo alguns
fatos fora de contexto. Uma narrativa irônica e caricata interrompida apenas
pelas observações e caretas sarcásticas do apresentador e pelas gargalhadas da
claque. Uma apresentação para fazer qualquer brasileiro (ou muitos, penso eu)
sentir-se embaraçado e constrangido.
A gravação deve estar circulando por aí, pelo
mundo, e nada mudará aqueles fatos. Se houver algo que se possa fazer em
contraposição àquelas situações específicas, será trabalhar para transformar
aquelas realidades apresentadas sobre o nosso país.
Contudo, ao
mesmo tempo em que faço essas observações, aproveito a oportunidade para
agregar outras que são contrapontos cabíveis e de âmbito geral, mas que nem
sempre são considerados quando nos deparamos com tais situações que acabam nos
deixando intimidados perante nossos críticos interlocutores. Vejamos!
Juízos e juízes.
Quando se
diz – o Brasil é alegre ou o Brasil é corrupto – faz-se uma substituição de
termos para que a mensagem fique mais expressiva. Usa-se a palavra Brasil em
vez de se referir aos brasileiros ou à sociedade brasileira. Trata-se de uma
metonímia. Um artifício de linguagem que valoriza o sujeito ao identificá-lo
por um simbólico “Brasil”, mas que, ao mesmo tempo, também permite que a
relação do predicado com o sujeito real sofra uma espécie disfarce que só é
revelado conforme o nosso interesse de identificação. Assim, quando o atributo
é a alegria e a cordialidade identificamo-nos com a sociedade brasileira. Cada
um de nós se sente representado. Formamos um povo alegre, cordial, etc. Mas,
quando se trata da corrupção ninguém se sente identificado com o atributo,
afinal, ninguém se inclui como corrupto. Corrupto é o tal do “Brasil”.
Contudo,
este jogo de esconde-esconde não elimina a intenção original. Sempre que se
afirma a característica corrupta do Brasil, tal afirmação refere-se,
rigorosamente, à sociedade brasileira, classificando-a como corrupta,
particularmente se comparada com as sociedades europeias e a americana. E pelo
fato de estar escondida pela metonímia, tal afirmação não é questionada. Ela
vai sendo repetida sem críticas nem objeções, aqui e acolá, por muitos
brasileiros de idades diversas, alienados em relação ao real significado dessas
classificações e possuídos por um discurso que reflete uma dominação política e
cultural.
Mas, quem
saberia afirmar qual o padrão absoluto de medida do nível de integridade que
uma sociedade deveria atender para ser, ou não, enquadrada como corrupta?
É obvio que
não há um padrão absoluto, e se tal padrão não existe, então, obrigatoriamente,
estas afirmações devem decorrer de experiências e comparações com outras sociedades
arbitrariamente afirmadas como íntegras e que o discurso dominante assume como
referências de padrão moral e ético sem outros questionamentos.
Então, quais
são estas sociedades que não são explicitadas nem apontadas efetivamente como sociedades
“não corruptas”?
Naturalmente
este tipo de observação não reduz em um milímetro a nossa responsabilidade na
construção de uma sociedade íntegra. Não se trata, aqui, de desqualificar o
interlocutor. Mas, é preciso estabelecer com clareza em que ambiente esta
discussão ocorre, bem como identificar quem são os sujeitos e os seus
interesses neste processo. Se não for assim, inadvertidamente, seremos tomados
por um sentimento de baixa-estima que, além de nos tornar submissos, inibe as
nossas possibilidades de autoafirmação. Um sentimento que desperta em nós um
complexo de vira-latas permitindo que as narrativas, como a exibida no talk-show
americano se façam com naturalidade e que a partir delas a nossa sociedade seja
criticada como se estivéssemos sendo julgados por outra superior, num
julgamento onde se trata o óbvio e onde não cabem contestações, o que é uma
falácia.
Peço
desculpas
Recorrendo
a fatos públicos sem me sentir obrigado a povoar este texto com referências e
citações - que são obrigatórias nos chatíssimos trabalhos acadêmicos – faço
algumas questões que valem ser lembradas neste julgamento moral da sociedade
brasileira que alguns se acham no direito de fazer.
Uma sociedade
cuja história se fez notoriamente através da exploração de outras terá dote
ético suficiente que autorize os seus membros a posarem de magistrados e
realizarem juízos sobre a nossa sociedade?
Por
exemplo, a França ocupou a Argélia e provocou inúmeros banhos de sangue de sua população.
Explorou aquela nação durante mais de 130 anos e só largou o osso em 1962.
Mesmo assim, através de uma guerra que deixou uma Argélia em cacos,
transformada em fornecedora de mão de obra barata, quase escrava, para o
sustento dos habitantes da ex-metrópole. Uma mão de obra que atualmente
constitui a maior parte população degradada dos bairros pobres da charmosa
capital cultural do mundo.
Estaria a sociedade
francesa, ou melhor, os seus membros, em condições de realizar julgamento ético
e moral sobre alguma outra sociedade?
Em uma
escala histórica, os franceses, ou a França, ou a sociedade francesa (use-se a
metonímia como quiser) só largaram o osso da Argélia outro dia. Há menos de
sessenta anos. Muitos de nós temos mais idade do que isto.
E os
impolutos ingleses que chuparam a Índia até o último pingo do caldinho e que
saíram de lá tentando manter o controle da região e deixando a região em um
caos geral?
A
Inglaterra foi a grande colonizadora da África. Os ingleses incumbiram-se, eles
próprios, da tarefa que chegou a ser designada poeticamente de “o fardo do
homem branco”, ou seja, livrar as sociedades inferiores do primitivismo. A
história está aí para mostrar o resultado.
Alguém
precipitadamente argumentará dizendo que é coisa do “passado”. Passado? Mas,
este passado foi até ontem, 1947. A minha avó já era avó.
Sem
mencionar outras colônias, tratando apenas da Índia, é justo indagar: setenta
anos foi tempo suficiente para expurgar essa tenebrosa parte da história do
império britânico?
É verdade
que quase todos adoramos os Beatles e, adicionalmente, outros como eu adoram os
Rolling Stones. Mas, isso não autoriza os súditos de sua majestade a saírem
pelo mundo arrotando regras de comportamento e de ética. Torcendo nariz para as
“barbáries” das sociedades que não estão sob o manto de dona Elizabeth, cujo
reinado resulta de um corta-corta de cabeças que deve transformar o estudo da
história do seu país em um verdadeiro conto de terror, especialmente para as
crianças nos bancos escolares.
Há muitos
exemplos. A colonização portuguesa, a espanhola – esta última durante alguns
séculos explorou e exterminou sociedades inteiras nas Américas Central e do
Sul. Nem seria necessário garimpá-los. São histórias de impérios e de outras sociedades
que foram quase impérios, incluindo sociedades sobre as quais pouco se fala e
são apontadas como inquestionáveis.
Na Áustria,
uma sociedade que conseguiu pular fora do mea culpa que a sociedade alemã se
viu obrigada a fazer, há cerca de dois meses atrás, os seus distintos cidadãos
deram 49,3% de votos a um representante político que a mídia internacional
insiste em chamar de extrema direita, mas que não passa de um representante do
nazismo em sua versão moderna.
O partido
da direita perdeu a eleição por uma diferença de menos de 1% dos votos, mas
este resultado eleitoral foi tão expressivo que eles conseguiram anular as
eleições e a convocação de um novo pleito sob o argumento de fraude, apavorando a Europa que viveu a recente
Brexit.
Cá, entre
nós, uma sociedade que vota quase expressivamente em um representante nazista
tem crédito ético para fazer juízo sobre a sociedade brasileira?
E o pessoal
do chocolate, vizinhos dos austríacos? Os zeladores do sigilo e da segurança de
riquezas acumuladas através de canalhices e explorações sociais praticadas nos
diversos confins do planeta. Roube-se
aqui ou acolá! Guarde o produto no sistema bancário legal da Suiça!
Qual o
valor ético da sociedade que incorpora essas atividades em sua ordem social?
E, concluindo,
qual o valor moral e ético de uma sociedade que se mantém em guerra permanente,
guerras de conquistas e de alargamento das fronteiras do seu império, agindo
como os romanos faziam há dois mil anos?
Sim,
falamos da sociedade americana, a mesma do moço do talk-show ironizando a sociedade
brasileira.
Qual o
valor moral e ético de uma sociedade onde milhares de seus cidadãos pertencem a
organizações armadas, algumas públicas e outras privadas, que se deslocam para
países distantes fazendo e promovendo guerras, tornando isso uma prática
comercial?
Uma prática
tão corriqueira que alguns dos “trabalhadores” desta atividade chegam a
adquirir o direito às férias. Voltam às suas casas, passeiam com os seus
familiares, fazem churrascos em seus quintais e retornam aos países distantes
para bombardear e matar as suas populações, disseminando ódio e violência, sustentando
a riqueza americana com a miséria alheia.
Naquela sociedade,
a mesma do moço do talk-show, profissionais atiradores de elite, os chamados
snipers americanos, são premiados pelo número de mortes que produzem em suas
atividades, sejam crianças, mulheres, jovens, velhos, não importa. Vale
qualquer o que comando empresarial-militar aponte como alvo. Recebeu a ordem?
Atirou? Matou? Ganha pontos!
Qual será a
moral e ética de uma sociedade onde um profissional militar, a partir das
proximidades de sua residência, pode pilotar drones, objetos lançadores de
foguetes que estão a milhares de quilômetros de distância, do outro lado do
mundo, sobrevoando, bombardeando e matando famílias inteiras, bairros inteiros,
feiras públicas, desde que o comando empresarial-militar tenha determinado a
ordem de localizar e atirar?
O tal
“piloto”, atividade regular naquela sociedade, cumpre o seu horário de plantão
como um profissional qualquer que trabalha em turnos. Findo o expediente ele
toma o seu banho, troca o uniforme e retorna para a sua casa. Quem sabe para
dar risadas, ao lado da sua família, assistindo um talk-show que ironiza as “barbaridades”
da sociedade “subdesenvolvida” do cone sul.
E tudo isto
é feito com o conhecimento e a aprovação da sociedade americana. Nada é
escondido. Quem envia drones para explodir sociedades civis é o presidente
Obama com a anuência e apoio das instâncias políticas e da sociedade americana.
Tanto são práticas admitidas que até geram como subproduto uma milionária
indústria televisiva e cinematográfica que fatura milhões de dólares e que
trata com naturalidade estes fatos, produzindo e vendendo como entretenimento
“histórias baseadas em fatos reais”.
Dois
exemplos típicos e recentes, romances baseados em situações reais. Veja-se : American
sniper – dir. Clint Eastwood (2014) e Good kill – dir. Andrew Niccol (2014). Um dos filmes refere-se a
um atirador de elite, um herói americano premiado por matar mais de 250
pessoas. O outro filme trata de um piloto de drones que, a partir de Las Vegas
(EUA), dispara mísseis contra alvos, supostos terroristas, no Afeganistão,
orientados por um sistema de satélites com tal precisão que quase permite
identificar as expressões faciais dos alvos. Detonam casas, grupos de vizinhos
que prestam socorro após os bombardeios e também os grupos reunidos para o
enterro.
Suas ordens
são determinadas por um comando militar que antes identificava os alvos através
de informações de espionagem, mas passou a identificá-los por “comportamento
típico”, ou seja, se um grupo de pessoas em uma praça ou em uma casa tem um
comportamento “tipicamente suspeito”, então, kabum! Bomba neles! Do mesmo modo como a polícia no Rio de Janeiro
atua em suas diligências. É preto, pobre, está em grupo? Kabum!
Os filmes
tratam de dramas pessoais dos envolvidos, mas as situações são apresentadas
como normais, ou seja, são institucionais e sem conflitos com os padrões éticos
da sociedade americana. Uma sociedade que acha normal o império estar em guerra
permanente. Que acha normal a prática de soldados mercenários, os atiradores de
elite e os drones. Uma sociedade que já incluiu em suas práticas sociais
cotidianas os solenes enterros militares, as entregas de bandeiras aos
familiares de soldados mortos em combate, as idas e vindas de profissionais da
guerra que entremeiam suas atividades com períodos de férias etc.
Esta mesma sociedade
se atribui o papel de crítica moral de outras. Gargalha diante dos “absurdos”
acontecimentos no Brasil.
E sobre a
corrupção? Haverá sociedade que mais tenha praticado e se beneficiado da
corrupção do que a sociedade americana? Corrupção em escala mundial. Será
difícil apontar algum grande caso de corrupção em âmbito internacional que não
tenha o envolvimento das empresas americanas suportadas e protegidas por seu
governo. Aliás, como recentemente alguém resgatou em programa na TV, os EUA
patrocinaram os que foram, talvez, os maiores ladrões da história política,
entre eles Chiang Kai-shek (China); Rafael Trujillo (Rep. Dominicana),
Fulgêncio Batista (Cuba), Anastásio Somoza (Nicarágua) e segue uma lista que
parece não ter fim.
Veja-se,
ainda, o caso da indústria de armamentos. Os gastos militares mundiais em 2014
chegaram a quase dois trilhões de dólares. Os EUA detêm 31% do mercado mundial
exportador de armas e a transparência nos relatórios sobre a transação mundial
de armas militares vêm reduzindo a cada ano (quem quiser
mais informações busque em Stockholm International Peace Research
Institute – www. Sipri.org).
Como será
que ocorre a negociação de armas pelas empresas americanas (empresas legalmente
instituídas pela lei daquele país) com as partes nos diversos conflitos, alguns
deles que os próprios americanos promovem?
Haverá
concorrências com leilões públicos? Notas fiscais de compra e venda? Nada de
subornos? Nada de corrupção? Profissionais idôneos executando transações
comerciais isentas e... inquestionáveis? Será a lisura e honestidade nas
transações a marca especial deste processo, patrocinado por aquela sociedade?
Enfim, qual
o direito deste bando de corruptos cujas ações têm destruído populações
inteiras, entre elas, a Palestina, o Líbano, o Iraque a Síria, se arvorar em
juiz ou júri da ética e moral da sociedade brasileira?
E ainda
existem brasileiros, afogados em sua baixa-estima, que declaram sentir vergonha
de serem brasileiros. Manifestando o seu
complexo de vira-latas, olham para essas sociedades como se elas fossem
melhores, como se todas não padecessem de uma doença comum que, infelizmente,
também envolve a nossa.
Ora!
Adianto o meu pedido de desculpas pela exclamação. Mas, vão todos tomar no cú!
Dona Ivone
Estou bem
longe de ser um xenófobo, ao contrário, sou ideologicamente internacionalista.
Para mim um ser humano não deve ser considerado “diferente” só porque nasceu na
outra margem de um rio, do outro lado de um morro ou de uma cerca que determina
fronteiras entre países. Não tenho cacoetes chauvinistas e valorizo pouco os
patriotismos. Mas, isto não muda o fato que a organização política das pessoas
se dá em torno do conceito de nação e a maior parte das sociedades é
identificada assim, ainda que grande parte das origens dos nacionalismos seja
de natureza econômica, bem mais do que cultural.
É com esta
visão que faço esses contrapontos. Eles não são desculpas para mazelas da nossa
sociedade. Nada nos redime nem nos liberta da obrigação de nos transformar
socialmente em algo melhor. Porém, tendo em vista a história de formação das sociedades,
no que se refere a valores éticos e morais, a sociedade brasileira em nada fica
a dever às demais, especialmente às ocidentais mais próximas.
Afirmo que
qualquer um “não brasileiro” terá muito que aprender com a nossa jovem sociedade.
Confusa e ainda em formação, que conta com pouco mais de duzentos anos, muito
menos do que seria necessário para a consolidação de uma cultura no sentido
antropológico do termo.
Estamos
ainda moldando a nossa cara social, mas ela já mostra alguns aspectos
interessantes. Ainda carregamos como uma ferida mal tratada, incurada, os
vestígios da escravidão. Ressentimentos, preconceitos, valores e discriminações.
Nunca soubemos tratá-los, nunca os enfrentamos.
Contudo,
cultivamos o mito da integração, e isso é bom. Trata-se de um mito, é
verdade, mas é um mito do bem porque
expressa um bom desejo. E se nos empenharmos nesta luta, se fizermos disso um
projeto, teremos grandes chances de chegar lá, conseguindo superar o
preconceito de origem.
São
incontáveis os exemplos de núcleos sociais brasileiros onde participam, sem
constrangimentos, elementos de formações culturais e origens distintas,
formando uma alternativa de composição tão diversa, variada e indiscriminada
quanto as nossas típicas mesas de self-service.
Preconceitos?
Temos muitos, mas via de regra não nos identificamos nem nos distinguimos por
nossas origens, e como regra geral, entre nós, o outro sempre é bem recebido.
De quantas outras sociedades podemos dizer o mesmo? Quantas se organizam com a
premissa, mítica ou real, da aceitação do outro?
Somos
vizinhos de 10 outros países, numa fronteira de cerca de 15.000 quilômetros sem
acumular histórias de agressões e conflitos.
O próprio brasileiro terá dificuldade em avaliar a dimensão e a
qualidade deste fato. Muitos nem sequer sabem, mas França e Alemanha que
compartilham uma fronteira de cerca de 450 quilômetros, há menos de cento e
cinquenta anos estavam engalfinhadas em guerras que produziram dezenas de
milhares de mortos.
Nossa
sociedade não é melhor nem pior do que as demais porque essa comparação não faz
sentido. Ela existe apenas como mecanismo de dominação cultural e política como
citei anteriormente. E o nosso papel como seres de uma comunidade internacional
é identificar e aproveitar o melhor que cada um de nós conseguiu realizar.
Neste
sentido, reafirmo que o cidadão europeu, americano ou de qualquer parte ao
pisar no Brasil deveria fazê-lo respeitosamente. “Pisar nesse chão devagarinho”
como ensinou a maravilhosa poetisa do samba, D. Yvone Lara.
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