terça-feira, 13 de setembro de 2016

Um golpe gonçalense

Leituras para distrair


A data 13/09/2016 estará associada ao golpe de 2016  e ao papel do Eduardo Cunha naquele processo. O ex-deputado foi o autor de uma chantagem que foi rejeitada e quem, em retaliação, aceitou o requerimento do impeachment mesmo com a consciência que não havia crime que o justificasse. E no dia 12 de setembro de 2016 ele próprio teve o seu mandato cassado sendo dispensado por seus pares. Um deputado comentou, durante a sessão de votação, que fez questão de contar e contabilizou apenas cinco apertos de mãos recebido pelo até então todo poderoso deputado chantagista e golpista.

Mas, não temos o controle sobre a história, ela significará aquilo que efetivamente valorizarmos. No dia 13 de setembro celebro o aniversário de dois amigos e, coincidentemente, também há um golpe para lembrar. Bem mais interessante que o de 2016 e que certamente honra a data, porque o dia 13 de setembro já é celebrado como o Dia Nacional da Cachaça. Data proposta pelo Instituto Brasileiro da Cachaça - IBRAC, desde 2009, e que deverá ser promulgada como lei ( PL 5428/2009) através de projeto assinado  por um deputado, também golpista, do PMDB de Santa Catarina, mas que contabilizará este ato em seu favor.

A data foi escolhida em função da Revolta  da Cachaça ocorrida em 1660 no Rio de Janeiro. A revolta também foi um golpe, quando fazendeiros, fabricantes de cachaça (uma espécie de Fiesp da época), revoltaram-se contra a cobrança de impostos e até a proibição da comercialização da “marvada” determinada pela coroa portuguesa que queria impor o consumo da bagaceira no Brasil. Naquela época não havia um Cunha.

Os golpistas se articularam na minha terra, em São Gonçalo que, então, era a Freguesia de São Gonçalo de Amarante e que incluía os atuais municípios de Niterói e Magé. Em novembro de 1660 os golpistas atravessaram a baía de Guanabara e tomaram o governo na marra, expulsando o governador interino – o o titular havia viajado para São Paulo - e chegando a governar a cidade do Rio de Janeiro por cerca de cinco meses. Mais tarde os golpistas se fuderam (como eu disse, não era a Fiesp), e em 13 de setembro do ano seguinte, 1661, a  ordem foi consolidada com um decreto real restabelecendo e oficializando o comércio da pinga. Uma história bem interessante e importante, mas que poucos conhecem.

Para quem se interessar, a Revolta da Cachaça é tida como um fato histórico importante e o Google apontará bibliografias. Destaco uma intitulada “ENTRE A SOMBRA E O SOL – A REVOLTA DA CACHAÇA, A FREGUESIA DE SÃO GONÇALO DE AMARANTE E A CRISE POLÍTICA FLUMINENSE (RIO DE JANEIRO, 1640 – 1667) – Dissertação de Mestrado aprovada pelo Programa de Pós-graduação em História da UFF – 2003, de Antonio Filipe Pereira Caetano
O meu destaque tem motivação bairrista. Trata-se de um trabalho dedicado a analisar o papel da Freguesia de São Gonçalo na arquitetura e desenvolvimento da revolta da Cachaça em:

No mais, é celebrar. Como diz o pessoal da Confraria do Copo Furado: Unidos beberemos! Sozinhos também!