sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Preâmbulos eleitorais

Opinião 


As iniciativas do tipo divulgação do “manual de maldades” do Bozo são interessantes, mas acho que geralmente são interpretadas a partir de uma premissa equivocada. Partem da premissa que os eleitores bozominions desconhecem esses registros e que estão sendo enganados. Isso é um equívoco.

 Os eleitores bozominions sabem quem é o Bozo, sabem sobre os seus atos e mesmo quando não concordam integralmente eles endossam e dão apoio e sustentação ao seu líder político. Trata-se de uma opção política ideológica pela extrema direita e de repúdio a esquerda e suas teses.

 Não há um enfrentamento do verdadeiro contra o falso. São poucos os iludidos sobre quem é o Bozo e as teses que ele representa. Praticamente ninguém ignora o que o cara é. Eles, os eleitores do Bozo, defendem esse modo de ser e as teses associadas porque acreditam e avaliam que assim será melhor para eles. Consequentemente, o Bozo é a melhor escolha.

 Por pensar assim, acho que as tais coletâneas de “maldades” do Bozo são registros importantes, porém, quando trabalhadas a título de revelação de um perfil oculto, são de pouco valor e surtem pouco efeito.

 Precisamos travar um combate ideológico a partir de uma realidade prática, embora eu não tenha receita sobre como fazer. É preciso convencer outros que um contrato social com as cláusulas da esquerda é melhor e abre a possibilidade de ser mais vantajoso para todos do que um contrato com as cláusulas da direita cuja única possibilidade é a barbárie.  Isso é diferente de apontar o Bozo como o disfarce de algum vampiro que se consumirá em chamas se for exposto à luz da verdade. (Jorge – 05/10/2022)

 

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Um Rio de fascistas! Pensei nisso com os resultados eleitorais, mas em seguida fiz autocrítica: não devo confundir a cidade com o estado. Fui conferir. Autocrítica porra nenhuma. O carioca votou no Bozo, como a maioria dos municípios do estado, inclusive minha terra, Saigon.

Essa faceta fascistoide já vem se manifestando há algum tempo com as repetidas mobilizações que ocorreram na Princesinha do Mar. Mas, sempre ficou no ar uma contestação – é o povo da zona sul, riquinhos etc. O resultado eleitoral dirimiu dúvidas que pudessem persistir.  

Cariocas são bonitos, bacanas, sacanas, dourados, modernos, espertos, diretos, não gostam de dias nublados, nascem bambas, nascem craques, têm sotaque, são alegres, atentos, tão sexys, tão claros, não gostam de sinal fechado... e são fascistas! (Jorge – 03/10/2022)

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 Amanhã vestirei vermelho quando sair para votar. Minha camisa tem impressos os nomes de referências políticas admiradas: Carlos, Frederico, Wladimir, Rosa e Leão.

Sairei, não apenas por uma expectativa de vitória da esquerda no primeiro turno e que eu gostaria muito que ocorresse, mas porque há um enfrentamento explícito de posições políticas. Eu não tenho dúvidas sobre o meu lado e acho importante expressar isso. Fiz assim outras vezes, amanhã também.

Vermelho já foi cor do poder e dos poderosos, mas foi apropriado e tornou-se historicamente a cor do movimento dos trabalhadores. Cor conquistada. Geralmente associada à necessidade de lutas intensas por direitos e de muito sangue derramado nessas lutas.

Quem repete emburrecidamente que a nossa bandeira nunca será vermelha deveria buscar as origens da cor da bandeira brasileira em vez de se idiotizar com aquele discurso de: verde das nossas matas, amarelo do ouro, azul do céu e branco da nossa paz e que vermelho é coisa de comunista.

O barrete frígio vermelho, um pequeno gorro parecido com o chapeuzinho de Saci Pererê ou dos Smurfs tem sua origem simbólica no valor Liberdade. Foi a forma de identificação dos revolucionários na Revolução Francesa, e está presente no brasão de diversos países e também nas bandeiras de diversos estados brasileiros, inclusive na da cidade do Rio de Janeiro.  Aliás, está presente também em nossa moeda, que não é colorida, na cabeça da efígie que representa a República.

Então, essa babaquice com a cor vermelho resulta da estupidez ignorante ou do medo da liberdade e das lutas de outros para conquistá-la.

Eu não usarei um barrete frígio vermelho para ir votar. Pareceria um Gargamel disfarçado de vovô Smurf ou um Saci Pererê caricato. Mas, farei questão de avermelhar-me, afinal: vermelho é a cor dos trabalhadores! (Jorge – 01/10/2022)


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O filósofo Luis Sergio C. Sampaio, já falecido, dizia sobre o futuro do Brasil que nosso destino não seria brilhar na categoria “Luxo”, mas na categoria “Originalidade”. É por aí. Em meio à complexidade de fatos, de relações e de narrativas políticas, artistas fazem uma síntese musical da podridão desse período nojento que passamos (“Hino” ao inominável). Traduzem em uma canção tudo que vem nos engasgando e que precisamos vomitar. Uma pessoa amiga disse que ficou com a música na cabeça por horas. “Arte no Brasil é foda mesmo!” ela disse. De fato, esse “não sair da cabeça” é autodefesa do organismo que quer expurgar o que não presta e nos intoxica. Chegaremos lá! (Jorge – 18/09/2022).

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O “Hino” ao Inominável é uma peça impressionante e emocionante. Um registro histórico trágico de tempos imundos de um país onde a canalhice assumiu forma e chegou ao poder. Essa figura nefasta não merece tanto, nem mesmo esse registro. O lixo da história será o seu destino onde será largado e esquecido. Outros já foram, esse lhes fará companhia no processo de putrefação. Ainda assim, existem aqueles que louvam e saúdam a sua existência. Mas, o país vomitará essa droga que ainda o intoxica. (Jorge – 18/09/2022)

  https://youtu.be/OuQKqWIcF1U

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Não boto mão no fogo assegurando inviolabilidade do voto aqui ou em qualquer lugar do mundo, seja ele eletrônico, impresso ou oral. Ventríloquos existem. Concordo que maior fiscalização reduz as possibilidades de fraudes. Contudo, daí a endossar gandolas golpistas que se arvoram zeladores da integridade das eleições vai uma distância enorme.

Oxigênio para Manaus, vacinas para a pandemia, proteção da Amazônia, segurança pública no Rio de Janeiro são exemplos cabais e recentes de incompetência desses gandolas e de suas responsabilidades por expor ao ridículo instituições armadas que comandam. Um elenco que buscam aumentar agora com essa iniciativa de Comissão da Verdade Eleitoral. Piada grotesca se não fosse uma vergonha trágica. (Jorge – 14/09/2022).

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Hoje, 13/09, é Dia Nacional da Cachaça. Celebramos a oficialização da fabricação e comercio da bebida no Brasil, após uma revolta de donos de engenhos contra a proibição dessas atividades na colônia imposta pela coroa portuguesa.

A destilaria e consumo de bebidas alcoólicas são partes da história da humanidade, e algumas nações assumem esses produtos entre os seus valores culturais (uísque, rum, tequila, vodca, saquê). Infelizmente, por aqui “cachaceiro” é termo ofensivo, e a cachaça é rejeitada preconceituosamente apesar de estar entre os principais elementos da cultura popular.

Há grupos que se organizam para reverter esse quadro, a Confraria de Cachaça Copo Furado do Rio de Janeiro é um deles. Unidos beberemos, sozinhos também! É o nosso brinde de confrades.  (Jorge – 13/09/2022).

http://blogdojorsan.blogspot.com.br/2016/09/um-golpe-goncalense.html

 

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Parte da galera que em 2016 e 2018 tentou criminalizar toda a esquerda política está aparvalhada. Os que eles acusaram vêm sendo absolvidos por falta de provas; seus agentes acusadores são agora culpados de farsa; os que elegeram como substitutos morais dos que afastaram exibem riquezas sem comprovar origens e transacionadas por mecanismos típicos de criminosos. Tudo apurado pela mesma estrutura jurídica que elevaram às alturas quando atendia aos seus objetivos.

Alguns tentam resgatar acusações da época, mas a ululante inconsistência e falsidade lógica de suas argumentações só revelam ignorância política e flagrante burrice. Buscam, desesperadamente, justificativas para os seus votos de ontem. A história está oferecendo uma oportunidade de retratação. (Jorge – 11/09/2022)

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Não há como ignorar a massa de adeptos que o Bozo ou Lula representam. Análises podem ser feitas, razões, motivações, mas o Brasil está significativamente representado nesses grupos que se identificam por valores comuns.

Somos uma sociedade fraturada. Isso não ocorreu de repente, levamos 200 anos para chegar a esse estado de exposição. E essas fraturas não serão calcificadas com tolerância, convencimento de ideias ou superioridade eleitoral. Só a realidade das lutas para vencer necessidades que são muitas e comuns nos permitirá alguma integridade social. Lutar contra a exploração une os trabalhadores, as famílias, nos faz companheiros. Esse é o caminho. (Jorge – 10/09/2022)

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Os brutos também amam e canalhas também envelhecem. Alguns vivem mais e melhor que todos, e à custa de vidas de muitos que sequer tiveram a oportunidade de chegar à idade adulta.

A velhinha, que o noticiário se empenha em mostra-la como simpática e dedicada funcionária pública, representou o que há de mais escroto nas relações políticas internacionais: o poder imperial capitalista. Conforme a própria primeira ministra britânica: “ela foi a rocha sobre a qual se construiu o Reino Unido moderno”.

Eu nem diria que se foi tarde, porque o sistema tem suas salvaguardas. Não há vácuo na opressão. O rei morreu! Viva o rei! De qualquer forma, foi. Menos uma! (Jorge - 09/09/2022)

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Face ao espetáculo circense montado para o sete de setembro no Rio, os acidentes com paraquedistas despertaram piadas e chacotas em vez de empatia e solidariedade com os acidentados. É uma pena! Esse é o resultado de gandolas medíocres abandonarem seus compromissos institucionais e exibirem-se como integrantes da trupe Bozo. Seus atos ridicularizam as instituições que representam.

Carequinha, inesquecível artista gonçalense, apesar do estigma da sua profissão - palhaço - tratou com mais respeito e honradez a simbologia das forças armadas. Sai de baixo! Um amigo resgatou essa lembrança para mim. (Jorge – 08/09/2022)

 

https://youtu.be/7NHjtP0oa1w

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Duzentos anos após o Grito do Ipiranga, o presidente brasileiro, em palanque público e ao lado de autoridades internacionais, dá o grito do imbroxável arrogando esse título para si, e até puxando um coro de auto aclamação. 

Fica fácil, então, entender o escândalo da compra milionária das próteses penianas e remédios para a disfunção sexual para as forças armadas, e tudo indica que o priapismo presidencial está iniciando uma disputa simbólica com o insepulto coração do ex-imperador.

A propósito, a exposição do coração tem um título:  Um coração ardoroso: vida e legado de D. Pedro I. Já imaginou se o coração perder a disputa? (07/09/2022)

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No sete de setembro o Bozo estará com um pau no cú.  Por um lado, ele não tem sustentação política para o proclamado golpe, por outro, se ele se mostrar tchutchuca, será ridicularizado por aliados e oposicionistas na imagem que lhe é mais cara: a do machista valentão.

Lá em Saigon, uma máxima popular ensinava o seguinte: se você estiver mal em uma briga, dê porrada em tudo e todos que estiverem em volta, transformando a briga em confusão. Briga tem lado e responsável, tem ganhador e perdedor. Confusão é confusão. Talvez o Bozo tenha algum assessor daquelas bandas. (06/09/2022)


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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Pachamama

Opinião

 

Somos a última geração com alguma chance de salvar a Amazonia”. Estava escrito em um cartaz e levei um susto. Não tinha pensado nisso, e acho que é uma afirmativa verdadeira.

A ecologia nunca foi minha praia. Talvez a minha falta de empatia com os animais tenha contribuído para manter fechado o portal da minha relação com o mundo natural não humano. Não faço distinção entre gato, cachorro, barata e passarinho, além de outros. Não maltrato, mas quero distância. O meu interesse, quando se manifestou, foi por aspectos da natureza inanimada.

Só acordei para o assunto diante da evidente degradação do planeta ameaçando continuidade da espécie humana, decorrência direta de práticas da produção capitalista. No caso particular da Amazônia brasileira, destruição acelerada e até patrocinada pelos dirigentes fascistas no governo atual.

 Fruto desse despertar ecológico, deparei-me com uma questão que até então desconhecia: “ a natureza como sujeito de direitos.

 Afinal, que porra é essa?  Um rio pode questionar e cobrar legalmente a responsabilidade de um Estado que deveria protege-lo, mas deixou que ele fosse degradado?

Aprendi que essa questão não é novidade, e que tem sido tratada por estudiosos de diferentes áreas, embora ainda não esteja na boca do povo.  Em minha ignorância nunca soube que a constituição do Equador estabelece, desde 2008:

 Art. 72. A natureza ou Pachamama onde se reproduz e se realiza a vida, tem direito a que se respeite integralmente sua existência e a manutenção e regeneração de seus ciclos vitais, estrutura, funções e processos evolutivos. (e por aí vai ...)

Li em artigos (seguem alguns links) que mais de 30 países já incorporaram institutos similares em suas legislações. Aqui, na América do Sul, o Chile seria  o exemplo mais recente, porém um plesbicito, em 04/09/2022, rechaçou o texto constitucional como um todo.

Na Colômbia, desde 2018, a Amazônia colombiana tem direito jurídico; na Índia, desde 2017, os rios Ganges e Yamuna tem direitos como pessoas jurídicas; a Bolívia, desde 2010, reconhece direitos da Pachamama; na Nova Zelândia o rio Whanganui é reconhecido como pessoa jurídica.

Os exemplos são vários (sugiro leitura dos links) e também é enorme a quantidade de questões que se desdobram daí. Utopia! Dirão uns. Outros replicarão que também foram considerados utópicos os direitos de mulheres, crianças, indígenas, negros etc.

O fato é que essas questões precisam ser levadas para as conversas de famílias, das esquinas, dos churrascos, dos intervalos de trabalho e também dos botecos. Precisam ser amaciadas, arredondadas pelo saber das ruas. Depois os rábulas e bacharéis elaborarão os formatos técnicos.

A propósito, lembrei também da minha antipatia por saladas. Suponho que tenha sido agravante para o afastamento e retardamento da minha consciência pachamâmica. 

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https://elefanteeditora.com.br/o-chile-reconhece-os-direitos-da-natureza/ - Acessado em 05/09/2022

 

https://www.conjur.com.br/2008-nov-09/natureza_tornar_sujeito_direitos#:~:text=A%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20da%20Rep%C3%BAblica%20do,estrutura%2C%20fun%C3%A7%C3%B5es%20e%20processos%20evolutivos. - Acessado em 05/09/2022