sábado, 11 de fevereiro de 2017

Coxinhas, ó pá!

Opinião

Deve ferir fundo na vaidade dos que se entendem como parte da elite brasileira assistirem um egresso da classe operária, ex-metalúrgico, recebendo títulos honoris causa de importantes universidades internacionais, entre elas a Sorbonne (França) e Coimbra (Portugal), sem contar a não menos importante Universidade Federal Fluminense, a minha UFF,  em Niterói (RJ).

Para aqueles que um dia apostaram em um “príncipe” cujo governo vendeu quase todo o Brasil, que não sentiram constrangimentos em apoiar o recente golpe que tomou o poder para si derrubando um governo cujo mandato foi conquistado nas urnas, e que vêem como uma assombração a possibilidade de um Lula 2018, os títulos honoríficos do Lula,  que devem ser mais de 20, estão entalados na garganta. Chega a ser engraçado. Acreditam mais no Lula 2018 que os próprios militantes do PT. Mas, fantasma é assim mesmo. Assusta.

Fazem lembrar os militares que nunca engoliram o Brizola. Isto porque ele foi o político cuja liderança quebrou efetivamente a idolatrada hierarquia militar, liderando a Campanha da Legalidade, em 1961,  quando o palácio do governo gaúcho quase se transformou numa versão antecipada do La Moneda chileno. Morreu Brizola e os militares nunca o engoliram. Seu fantasma ainda assombra as casernas.

O fantasma de Lula assusta os golpistas brasileiros que recorrem a todos os esconjuros que conhecem para afastá-lo. Um dos recentes exorcismos tem sido divulgar uma manifestação como se fossem os “estudantes” de Coimbra reivindicando a cassação do título que recebeu. Não esclarecem que se trata de um grupo da JSD (Juventude Social Democrata), o braço universitário do PSD, partido político, representante da direita portuguesa, que faz um esforço enorme para ser reconhecido como centro-direita, numa tentativa de suavizar seus ímpetos reacionários. Uma espécie de tucanato português e seus coxinhas universitários.

Aproveitando o mote, só para avivar a memória, tucanos foram os responsáveis pela entrega das Telecomunicações brasileiras, num leilão fraudulento,  quando o presidente da republica e o então ministro das Comunicações tiveram gravadas as suas conversas que tratavam da fraude, fato que determinou a renúncia do ministro para resguardar o príncipe presidente.

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