Opinião
Deve ferir fundo na vaidade dos que se entendem como parte da
elite brasileira assistirem um egresso da classe operária, ex-metalúrgico,
recebendo títulos honoris causa de importantes universidades internacionais,
entre elas a Sorbonne (França) e Coimbra (Portugal), sem contar a não menos
importante Universidade Federal Fluminense, a minha UFF, em Niterói (RJ).
Para aqueles que um dia apostaram em um “príncipe” cujo
governo vendeu quase todo o Brasil, que não sentiram constrangimentos em apoiar
o recente golpe que tomou o poder para si derrubando um governo cujo mandato
foi conquistado nas urnas, e que vêem como uma assombração a possibilidade de
um Lula 2018, os títulos honoríficos do Lula, que devem ser mais de 20, estão entalados na
garganta. Chega a ser engraçado. Acreditam mais no Lula 2018 que os próprios
militantes do PT. Mas, fantasma é assim mesmo. Assusta.
Fazem lembrar os militares que nunca engoliram o Brizola. Isto
porque ele foi o político cuja liderança quebrou efetivamente a idolatrada hierarquia
militar, liderando a Campanha da Legalidade, em 1961, quando o palácio do governo gaúcho quase se
transformou numa versão antecipada do La Moneda chileno. Morreu Brizola e os
militares nunca o engoliram. Seu fantasma ainda assombra as casernas.
O fantasma de Lula assusta os golpistas brasileiros que
recorrem a todos os esconjuros que conhecem para afastá-lo. Um dos recentes
exorcismos tem sido divulgar uma manifestação como se fossem os “estudantes” de
Coimbra reivindicando a cassação do título que recebeu. Não esclarecem que se
trata de um grupo da JSD (Juventude Social Democrata), o braço universitário do
PSD, partido político, representante da direita portuguesa, que faz um esforço
enorme para ser reconhecido como centro-direita, numa tentativa de suavizar
seus ímpetos reacionários. Uma espécie de tucanato português e seus coxinhas
universitários.
Aproveitando o mote, só para avivar a memória, tucanos foram
os responsáveis pela entrega das Telecomunicações brasileiras, num leilão fraudulento, quando o presidente da republica e o então
ministro das Comunicações tiveram gravadas as suas conversas que tratavam da fraude,
fato que determinou a renúncia do ministro para resguardar o príncipe
presidente.
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