Opinião
Chico Alencar terminou seu mandato de
deputado federal. Esse foi o segundo ano consecutivo, na avaliação de
jornalistas que cobrem o Congresso Nacional, que ele liderou a preferência como
o parlamentar que mais bem representa a população na Câmara. Recebeu o Prêmio
Congresso em Foco 2018. Um militante que merece reverências ainda que não tenhamos identidade completa com suas ideias.
Foi candidato ao senado
pelo Rio de Janeiro, mas não conseguiu se eleger. A maioria dos eleitores optou
por um integrante da família Bozo, alguém que tem estado nos noticiários como
participante de esquema que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano. Segundo investigações
da própria imprensa, o esquema envolve motorista da família e 9 de seus
assessores. Todo dia de pagamento os assessores depositavam certa quantia na
conta do motorista que, por sua vez, sacava os valores em caixas eletrônicos.
Um destes assessores teria passado 245 dias em Portugal, recebendo salário de
mais de R$ 5 mil por mês.
Uma troca ruim para o Rio
de Janeiro. Valeu a lógica dos eleitores dos Bozos. A mesma que trocou Haddad pelo ex-capitão. Conheço alguém que justificou
o seu voto para a presidência dizendo “Ele
(o ex-capitão) simplesmente é o cara que está no lugar certo, na hora certa”.
Certamente uma justificativa medíocre, mas a realidade dos fatos tem dispensado
o meu juízo.
Nossa alternativa é
seguir lutando. Não apenas no Brasil. Na França, os chamados “coletes amarelo (gilets jaunes)”,
estão nas ruas. Numa mobilização que extrapola a organização sindical e colocando
o governo Macron contra a parede. A sequência de manifestações caminha para cinco
semanas consecutivas.
Le combat continue! Parece
romantismo, mas é a realidade social. Mesmo lá, no centro europeu a luta ainda
continua. Às vezes a nossa autocrítica é de baixa estima. Parece que não
levamos jeito pra coisa. E não é sem razão, afinal, votar num governo que viu
Jesus na goiabeira supera a imaginação do humorista mais caricato. Mas, esse é
o nosso jeito de ser. Muita gente não se dá conta, mas essa é a quinta
república francesa, e todas elas foram construídas com muita porrada nas ruas. Temos
muito que caminhar.