Opinião
Lula empurrou o país na direção do atraso com suas
deliberações e declarações em 2024 sobre a memória do golpe de 64. Toffoli
também fez assim em 2018, mas Lula não precisava fazer isso, poderia até passar
panos quentes como ele bem sabe fazer. Não responderia como revolucionário ao
apelo de parte da militância, mas também não se exporia a ser chamado de cagão,
um adjetivo em moda nesses dias de desfile de milicos golpistas.
Entretanto, Lula optou
por capturar o adjetivo para a sua carreira, e fez exatamente assim quando
seria uma oportunidade de resgatar a memória de lutas de uma sociedade que se
debate contra o autoritarismo desde a sua infância política – Lula se mostrou um
cagão.
A opção de Lula não nega a sua história de lutas políticas,
mas ela não precisava ter esse capítulo. Também não faz dele um traidor da sua
classe, contudo acrescenta uma ressalva à sua história. Lula é indiscutivelmente
um líder popular que declara um limite para as suas convocações de liderança.
Quando confrontado os seus objetivos – no caso de personalidades como Lula não
há como falar de objetivos pessoais – enfim, quando confrontados seus objetivos
frente ao domínio autoritário imposto pelas forças armadas golpistas e
fascistas de 64 e mantenedoras de seus propósitos até hoje, após o 8 de janeiro
de 2023, o Lula que se apresenta até aqui é o Lula cagão. Não contemos com ele.
Uma pena!
O Brasil tem uma história singular no continente. A reação
social pós - ditadura não se deu nos moldes dos nossos vizinhos que aos seus
respectivos custos e jeitos defenestraram seus períodos históricos ditatoriais.
Vai lá e vem cá, parecia que buscávamos a nossa forma de também fazê-lo, de exorcizar
esses nossos demônios, e sempre pareceu que isso passaria pelo Lula. Do seu jeito,
naturalmente, mas passaria por ele.
Após 60 anos daquela nojeira de 1964; após conseguirmos um revés
que derrotou eleitoralmente um líder fascista de enorme apoio popular; elegemos um presidente que resgatou sua
autoridade política graças a uma massa de apoio militante que se manteve
mobilizada durante os 580 dias de sua prisão; superamos uma tentativa de golpe
pós-eleição e temos uma estrutura ministerial que inclui uma cadeira de Direitos
Humanos e da Cidadania ocupada por um quadro como o ministro Silvio Almeida. As
décadas sempre são datas especiais. Essa seria uma boa hora de mais um avanço
no enfrentamento dessa questão. Mas, não foi! Outra vez a história está sendo
sufocada.
Em suas palavras, Lula diz que “não pode ficar se remoendo...
uma história que a gente ainda nem tem todas as informações porque ainda há
gente desaparecida”. Que “vai tentar tocar esse país para frente”. Essa foi direção
apontada por Lula, *Triste Lula. Cagão!*
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