quinta-feira, 28 de março de 2024

Será algum tipo de virose?

 

Opinião

 

Lula empurrou o país na direção do atraso com suas deliberações e declarações em 2024 sobre a memória do golpe de 64. Toffoli também fez assim em 2018, mas Lula não precisava fazer isso, poderia até passar panos quentes como ele bem sabe fazer. Não responderia como revolucionário ao apelo de parte da militância, mas também não se exporia a ser chamado de cagão, um adjetivo em moda nesses dias de desfile de milicos golpistas.

Entretanto, Lula  optou por capturar o adjetivo para a sua carreira, e fez exatamente assim quando seria uma oportunidade de resgatar a memória de lutas de uma sociedade que se debate contra o autoritarismo desde a sua infância política – Lula se mostrou um cagão.

A opção de Lula não nega a sua história de lutas políticas, mas ela não precisava ter esse capítulo. Também não faz dele um traidor da sua classe, contudo acrescenta uma ressalva à sua história. Lula é indiscutivelmente um líder popular que declara um limite para as suas convocações de liderança. Quando confrontado os seus objetivos – no caso de personalidades como Lula não há como falar de objetivos pessoais – enfim, quando confrontados seus objetivos frente ao domínio autoritário imposto pelas forças armadas golpistas e fascistas de 64 e mantenedoras de seus propósitos até hoje, após o 8 de janeiro de 2023, o Lula que se apresenta até aqui é o Lula cagão. Não contemos com ele. Uma pena!

O Brasil tem uma história singular no continente. A reação social pós - ditadura não se deu nos moldes dos nossos vizinhos que aos seus respectivos custos e jeitos defenestraram seus períodos históricos ditatoriais. Vai lá e vem cá, parecia que buscávamos a nossa forma de também fazê-lo, de exorcizar esses nossos demônios, e sempre pareceu que isso passaria pelo Lula. Do seu jeito, naturalmente, mas passaria por ele.

Após 60 anos daquela nojeira de 1964; após conseguirmos um revés que derrotou eleitoralmente um líder fascista de enorme apoio popular;  elegemos um presidente que resgatou sua autoridade política graças a uma massa de apoio militante que se manteve mobilizada durante os 580 dias de sua prisão; superamos uma tentativa de golpe pós-eleição e temos uma estrutura ministerial que inclui uma cadeira de  Direitos Humanos e da Cidadania ocupada por um quadro como o ministro Silvio Almeida. As décadas sempre são datas especiais. Essa seria uma boa hora de mais um avanço no enfrentamento dessa questão. Mas, não foi! Outra vez a história está sendo sufocada.

Em suas palavras, Lula diz que “não pode ficar se remoendo... uma história que a gente ainda nem tem todas as informações porque ainda há gente desaparecida”. Que “vai tentar tocar esse país para frente”. Essa foi direção apontada por Lula,  *Triste Lula. Cagão!*

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