Opinião
Essa
tem sido uma dúvida entre os que lutaram contra o golpe de 2016 que assaltou o
poder. Que tentam enfrentar um projeto que avança para reverter conquistas
sociais importantes através das suas reformas previdenciária e trabalhista, que
pretende liberar sem restrições propriedade de terras para empresas
internacionais, cassar o direito de greve dos servidores públicos, além
privatizar o que ainda resta de patrimônio público nacional.
Para
mim, neste momento, a resposta mais adequada está apontada pelo PSTU, entre
outros. A promoção e realização de uma forte Greve Geral, já! O caminho para
barrar essa quadrilha é provocar uma sensível instabilidade em seu poder com
movimentações nas ruas e paralisação da produção. A situação atual não se
caracteriza apenas por um poder executivo tomado pelo golpe. Mas, também por um
legislativo que foi seu agente direto e que revelou a sua natureza no próprio processo do impeachment. Por um
poder judiciário que já deu mostras cabais de parcialidade em suas decisões, e
tudo isso sustentado pela propaganda
controlada por um poderosíssimo sistema de comunicações. A saída é uma
mobilização popular.
Mas, a mobilização popular que precisamos não
deve ocorrer em torno da palavra de ordem “Lula 2018” porque esse tipo de
mobilização não afetará a estrutura de poder que precisamos combater. Ao contrário, levará o jogo para
o campo do adversário e com regras feitas por eles. Muito menos deve se
confundir com os movimentos
conservadores que preconceituosamente
criminalizam a política e os ideais de distribuição da riqueza. A palavra de ordem precisa ser “Greve Geral
já!”. “Fora todos junto com as reformas!”. Por um governo sustentado em
Conselhos Populares!”. Assim teremos alguma chance de balançar o poder.
Discordo
da avaliação do PSTU sobre o caráter dos acontecimentos de 2016. Se foi golpe,
ou não. Mas, no campo da esquerda política, essa questão perde importância
diante da discussão sobre alternativas para superar a situação atual. E é
corretíssimo cobrar dos partidos e de seus militantes que joguem todas as suas fichas na construção de uma
greve geral em vez de priorizarem candidaturas e de amarrarem as centrais
sindicais em cabresto. Só a CSP Conlutas não conseguirá realizar uma greve
geral de sucesso, embora vá brigar muito por ela.
A
palavra de ordem Lula 2018 realmente apavora os golpistas, contudo por mais
sedutora e simbólica que seja a figura de Lula, cuja liderança é incontestável,
priorizar tal palavra de ordem significa repetir o modelo de coalizão com a
mesma corja que tirou Dilma do poder. Infelizmente, é nessa direção que o PT tem apontado seus esforços, na contramão da vontade de seus militantes, conforme se constata por suas ações subsequentes ao golpe, suas
coalizões parlamentares e a sua opção, cada vez mais transparente, de abandonar
a denúncia do golpe e priorizar uma candidatura Lula, puxando o freio do
movimento, quando deveria cair dentro na construção de uma greve geral.
Lula e
o PT não estão excluídos de um protagonismo especial na liderança dos
trabalhadores. Mas, Lula e o seu partido precisariam fazer uma nova Carta aos
Brasileiros. Não como aquela que buscou ganhar a confiança dos banqueiros,
empresários e da burguesia, e que deu no que deu. Mas, uma carta aos
brasileiros trabalhadores colocando-se como liderança num movimento por um
projeto socialista, sem vender a alma pela possibilidade de vitória eleitoral.
E uma carta dessa natureza precisa ser validada nas ruas. Não pode terminar com
conclamações do tipo “confie no meu carisma e vote em mim”. Precisa terminar com
um grito de luta, uma conclamação para a Greve Geral já! Porque parece que
esquecemos que a greve é a arma do trabalhador!
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