Leituras para distrair
Em vésperas de completar um
ano, encerram as audições do Samba do Castelinho, a roda de samba realizada semanalmente no Castelinho do Flamengo,
RJ, conduzida por um grupo de artistas brilhantes e especiais, Anderson Balbueno, Jorge André, Bianca Calcagni,
Marquinho China, Leonardo Pereira, Ana Costa e Paulão 7 Cordas. Sem intenção de
esmiuçar outras razões, fico com aquelas apresentadas pelos próprios
realizadores. Completou-se um ciclo cuja experiência aponta para a necessidade
de modificações.
Meu propósito, em que pese a modesta repercussão
dessas anotações, é registrar a experiência
maravilhosa que compartilhamos em cada segunda-feira do Samba do Castelinho,
além de render merecida homenagem aos seus artistas permanentes. Com eles e com
os tantos visitantes que se apresentaram ao longo desse tempo vivenciamos momentos
inusitados de poesia, melodia, alegria, conversas e emoções. Momentos de
resgate da beleza e qualidade do samba brasileiro e da história do samba
carioca que, arrisco dizer, dificilmente encontrarão exemplos similares na cidade, nos tempos
atuais.
Maravilhosa em sua composição geográfica e ocupada
por uma população angustiada que fez dela uma “cidade partida”, o Rio de Janeiro
ainda conta com a possibilidade de fazer do samba o fio de costura e integração
de uma malha social desigual e cheia de
conflitos e contradições. Quem duvidar disso que busque as narrativas das
poesias e melodias dos sambistas, esses cronistas inigualáveis do cotidiano. Dificilmente
um cientista social faria melhor e,
certamente, nunca de forma tão bela.
Mas, a possibilidade precisa ser transformada em realidade, e um bom caminho
seria insistir em experiências como o Samba do Castelinho.
Ficará conosco uma boa lembrança. Artistas
que exibiram com maestria as suas sensibilidades e talentos. Nós que
apaixonados seguimos com eles, admirados com sua arte e respeitosos por sua
capacitação profissional. Todos embalados no feitiço e na magia do samba. A experiência
feliz do ambiente amigável e descontraído que
marcou todas as reuniões. Um samba em nossa sala, como sempre foi a
proposta. Beliscando um tira-gosto e bebericando uma cerveja ou uma cachaça,
como fizemos. A sensação boa de identificação com o outro ao cantar em coro um samba conhecido ou entoar juntos um alegre
e tradicional “lalaiá-raiá”.
Aos amigos Anderson, Jorge
André, Bianca, Marquinho China, Leo, Ana Costa e Paulão, muito obrigado! Naturalmente
a lida tão sofrida continuará vindo para as ruas, todos os dias. Mas, sabemos que uma de nossas armas para
enfrentá-la é o samba, porque a existência dele é a garantia de continuidade da
nossa alegria. ###
Foto copiada do Facebook do Samba do Castelinho |
Nota:
A primeira audição do Samba do Castelinho ocorreu em 27/11/2017. A saideira está programada para 22/10/2018 - Ver também Samba do Castelinho
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