Leituras para distrair
“Aberto laboratório de computador quântico em
Shanghai”. Eu li esta notícia
recentemente, na internet e, embora ciente que sempre haverá uma distância
razoável entre a realidade e as manchetes jornalísticas, fico impressionado. Há
seis anos comentei sobre um livro que trata da computação quântica (Resenha Q - Bits), um assunto que na ocasião ainda parecia estar mais próximo da ficção.
Contudo, as notícias sobre o estado da arte nesta área sugerem que os avanços
tem sido rápidos e que há uma possibilidade real da construção, em breve, da
tal máquina.
O assunto ainda parece tema para nerds ou
cientistas, mas até bem pouco tempo quase ninguém fazia ideia, também, do que eram
bits, bytes ou pixels, produtos que hoje são vendidos no comercio ambulante mesmo
que poucos saibam exatamente o significado técnico dos mesmos, banalizados pelo
seu valor de uso, como a Aspirina. Dispositivos eletrônicos de memória de massa,
os minúsculos pen drives, foram apelidados de “chupa-cabra” e são comercializados
entre as bancas de livros usados na saída do metro Carioca, no Rio Janeiro com
os seus preços na faixa de dez a trinta reais conforme a quantidade de “megas”
ou “gigas” que são capazes de armazenar.
A anunciada computação quântica promete ser
uma revolução, bem mais do que apenas um avanço tecnológico ou uma atualização
de versão de funcionalidades do celular. As velocidades de bilhões de operações
por segundo realizadas atualmente com os “bits” serão superadas em muito pelos “quantum
bits”, ou Q Bits. Esta “coisas” além de assumirem os valores “um” e “zero”, como fazem os bits tradicionais, podem assumir também um terceiro
estado, indeterminado, que é, ao mesmo tempo, “um” ou “zero”, e tudo se passa como uma mágica que permitirá um aumento estupendo
nas atuais velocidades das operações. Não importa como, acredite, este atributo
permitirá um aumento tão grande na capacidade de processamento de informações que
a sua chegada já ameaça os mais modernos sistemas de criptografia (codificação
e senhas) eletrônica.
As possibilidades advindas destes avanços
tecnológicos geralmente nos estimulam a buscar as interpretações dos renomados
cientistas e técnicos numa vã tentativa de antever o mundo futuro. Mas, com este objetivo, talvez a melhor
direção seja dirigir os nossos olhares para as crianças e os artistas. Veja a
reação de uma criança de colo, que nem mesmo sabe falar, ao pegar um celular.
Faz gestos de pressionar pontos ou deslocar imagens em uma tela de
sensibilidade ao toque, quase tão instintivos como o de levar a mamadeira à
boca. Buscam respostas da tela com gestos que ninguém ensinou. E vejamos também
com atenção os artistas, pintores, escritores, músicos, poetas. Mas, não com
uma visão restrita de quem busca adivinhar o futuro em bola de cristal. Faça as
filtragens que quiser, mas tente abrir a mente à compreensão. Eu não sei a
receita, muito menos saberia ensinar, mas aprendi que nenhum cientista do
passado conseguiu conjecturar sobre a realidade atual com tanto acerto e
significado como fizeram os artistas com suas metáforas, suas ficções, dúvidas
e assombramentos (Link para a matéria: Aberto laboratório de computador quântico em Shanghai).
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