sábado, 9 de março de 2019

Te cuida machista! A America Latina vai ser toda feminista!


Opinião

Estou certo que o dia 8 de março de 2019 ficará como um marco nas transformações políticas da nossa sociedade. O Dia Internacional das Mulheres finalmente brotou como uma manifestação de luta por direitos sociais das mulheres brasileiras. Sempre mascarada, apropriada e glamourizada pelas forças dominantes (que fazem o seu papel) essa data tem sido registrada como o “Dia da Mulher” e tratada de formas completamente desvinculadas de suas origens. As celebrações do seu simbolismo nas lutas das mulheres trabalhadoras sempre ficaram restritas a círculos de militantes em algumas organizações e sem muita expressão nos demais ambientes sociais. Esse cenário mudou em 2019.

Essa mudança de patamar se faz bem tarde e, infelizmente, a um custo altíssimo. Transbordam as notícias sobre os espancamentos e assassinatos onde a descrição dos perfis das vítimas virou um clichê: pobres, jovens, negros, mulheres. A família Bozo com um histórico de ações e de comportamentos que endossam a manutenção e agravamento desse clichê foi levada ao poder nas últimas eleições. Uma direita fascista e historicamente acanhada encontrou espaço para se abrir e vazou purulenta, como um furúnculo estimulado por uma pomada de basilicão. A jovem vereadora carioca, Marielle Franco, figura de referência nas lutas pelos direitos sociais, foi metralhada em 14 de março de 2018, assim como o seu motorista Anderson Gomes. Violência que prossegue pela indolência com que vem sendo tratada a apuração do covarde e múltiplo assassinato. Sem dúvidas, pagamos um preço alto. E  ainda há muito que fazer e conquistar.

As mulheres brasileiras, indistintamente, se alinham pelas marcas de preconceitos e discriminações históricas da nossa sociedade, isso é um fato. Mas, também é verdade que se distinguem por suas situações socioeconômicas, pelo grau de conscientização dos seus papeis e, também, pelos seus valores e opções políticas. As mulheres que optaram por eleger a família Bozo não estavam nas ruas. Também aquelas que atendem como cordeiros  e sem qualquer crítica às determinações de certos pastores religiosos lá não estavam. Assim como faltaram outras por estarem realizando tarefas e compromissos que as apartam da possibilidade de mobilização. Uma apartação que, muitas vezes, até as impede de tomar conhecimento que tais mobilizações estão sendo promovidas.

Contudo, ainda assim, o 8 de março de 2019 desabrochou – em todo o país - de um jeito que não será mais possível esconder. Irreversível. Não haverá outros 8 de março sem a moçada nas ruas. Quem esteve aqui, no Rio de Janeiro, em passeata desde a Candelária até a Cinelândia constatou essa afirmação. Outros saberão pelas notícias e imagens. Arrisco dizer que nem mesmo as celebrações do 1º de Maio romperam barreiras de alienação no grau que ocorreu ontem com a marcha promovida pelas organizações de mulheres. #####


Imagens de Junia Versiani















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