Leituras para distrair
Em bem
pouco tempo nossos ambientes de conversas e discussões serão inundados por um
tema cujas implicações já são uma realidade – a Inteligência Artificial (IA) ou
Artificial Inteligence (AI). A verdade é que já estamos completamente imersos
nessa “coisa”, mas assim como ocorreu com outros temas relacionados à
potencialidade das tecnologias de comunicação e informação, o mais provável que
em algum momento um click coletivo nos faça acordar nesse novo mundo. Como se
tivéssemos cruzado uma barreira de tempo sem a percepção de como isso
aconteceu.
A
Inteligência Artificial (IA) é algo que já está além desse nosso mundo mágico
do século 21. Isso porque a IA é uma mudança de modelo, uma mudança de regras
que, apesar de leigos, conhecemos. São recursos que vão além de máquinas e
sistemas impressionantes por sua capacidade de responder a comandos que lhes
foram ensinados ou programados. Trata-se de sistemas que são capazes de
aprender novas relações e tomarem decisões por si próprias, como se replicassem
o processo de pensamento humano.
Os
moderníssimos sistemas de computação são capazes de monitorar nossas
comunicações, identificar nossos interesses, direcionar propagandas para os
endereços de nossos e.mails, zaps e páginas de redes sociais, de controlar
processos complexos e sofisticadíssimos, além de processar quantidades absurdas
de informações em frações reduzidíssimas do tempo. Mas, sempre segundo
programas e lógicas de decisão (algoritmos) pré-elaborados por um programador
humano. Os sistemas com IA vão além. Porque eles são capazes de acumular
experiências e extrair aprendizados de suas operações imitando a inteligência
humana. Então, as decisões, ou seja, as ações das máquinas com AI já não serão
decorrentes exclusivamente da lógica humana elaborada pelo programador, mas
também daquela que foi elaborada pela própria maquina, a partir do seu
aprendizado. Faça alguns segundos de reflexão e imagine o que poderá sair dai,
ou já esta saindo.
Veja um
exemplo provocador. Atualmente o governo americano controla drones que
sobrevoam países em diversas partes do mundo.
A partir de imagem captadas via satélite que identificam posição e até
características corporais de indivíduos, um operador, em solo americano, a
milhares de quilômetros dali, pode deliberar
se manda, ou não, o drone explodir uma bomba sobre a cabeça dos sujeitos
que são os alvos de seu interesse. Já circulam noticias de drones controlados e
comandados por sistemas com IA. Quem achar que é ficção pesquise nas
referências desse texto. No início de 2018 o New York Times divulgou um
protesto de milhares de funcionários do Google contra o envolvimento da empresa
em um programa do Pentágono que usa inteligência artificial para melhorar o
direcionamento de ataques com drones. [1]
Esse
exemplo – assustador – pode parecer caricato, mas as questões demandadas pela
IA parecem não ter um limite. Por exemplo, como, quando e quem deve ser
responsabilizado pelos danos e atos ilícitos decorrentes de uma IA? Ou, então,
como impedir que uma IA reproduza os preconceitos próprios dos programadores
dos seus programas (algoritmos) básicos? [2]
“A IA se
tornará a principal questão de direitos humanos no século 21”. Essa é a
opinião da pesquisadora Safia Umoja Noble, autora do livro “Algorithms of Opression”. Trata-se
de um trabalho sobre os elementos racistas e sexuais incorporados nos programas
de busca da Google. Por exemplo, a busca com as palavras “black girls” tinha
como resposta sites e imagens de pornografia e, um caso famoso, o Google relacionava
a palavra “Michelle Obama” com o termo “ape (macaco)”.[3]
No início
desse mês de novembro uma agência de notícias chinesa anunciou ser a primeira
do mundo a produzir um âncora de TV feito por meio de inteligência artificial. Voz,
lábios e rosto se adaptam às palavras em tempo real – e podem ler tudo que for
colocado no sistema. As possibilidades e as questões de natureza ética
decorrentes daí são óbvias. Por último, para quem se interessar, sugiro o vídeo
“A
história da Inteligência Artificial” que apesar de abordar o tema de
forma exclusivamente otimista, quase inocente, passando longe das importantes
questões correlatas, faz uma interessante cronologia do tema. [4],[5] ###
Referências
[1]
“The Business of War’: Google Employees Protest
Work for the Pentagon” – Página do New York Times, em 04/04/2018 – Disponível
em <https://www.nytimes.com/2018/04/04/technology/google-letter-ceo-pentagon-project.html> - Acessado em 14/11/208.
[2]
“A responsabilidade civil de atos ilícitos
potencialmente praticados por Ias” – Publicado no site JOTA em 28/10/2018 – Disponível em <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/a-responsabilidade-civil-de-atos-ilicitos-potencialmente-praticados-por-ias-28102018>
- Acessado em 14/11/2018
[3]
Noble, Safia Umoja - “Algorithms of Opression –
How search engines reinforce racism” –
New York Universiy Press, New York – 2018.
[4]
“China lança âncora de TV feito por inteligência artificial
- você consegue notar a diferença?” – Publicado em site da BBC, em 12/11/2018.
Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-46184470
- Acessado em 15/11/2018
[5]
“A história da Inteligência
Artificial – TecMundo’ – Publicado no canal TecMundo do youtube em 23/10/2018 –
Disonível em <https://www.youtube.com/watch?v=Lhu8bdmkMCM>
- Acessado em 14/11/2018.
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