sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Um plágio assumido

Leituras para distrair

Em 2016 conheci essa história narrada no blog HISTÓRIAS BRASILEIRINHAS  do Luiz Antonio Simas.  Eu adorei e divulguei.
Por razões que não importam, resgatei e resolvi divulgá-la novamente a pretexto de Dia das Crianças – 12 de outubro 2017. Por favor, não interpretem como proselitismo religioso, seria uma redução.
Além de divulgar o link do Simas onde está registrada a história, eu também resolvi publicá-la diretamente aqui. Não tenho e nem mesmo solicitei autorização para fazer isso, mas inferi que não haveria objeção do autor. A intenção é apenas divulgar uma história tão bonita. Para quem já conhecia, desculpem-me pela repetição, mas acho que vale, pelo Simas e pela história.
O link de origem está no final.

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O PRIMEIRO TAMBOR SALVOU O MUNDO

Os antigos habitantes do Congo e de Angola contam que Zambiapungo, o grande deus criador, acordou um dia cansado da solidão do poder e das tarefas da criação. Pensava até mesmo em interromper o curso do mundo. Faltava algo naquela grandeza toda. Zâmbi, é assim que ele é mais conhecido no Brasil, achava que tinha criado todas as coisas necessárias para a vida. Apesar disso, estava triste e recorreu aos inquices; deuses que são seus filhos queridos.
Zâmbi pediu que Zaratempo fizesse algo para despertar seu interesse e o impedir de desistir do mundo. Tempo balançou uma bandeira branca e criou as estações do ano, com todas as suas mudanças. Zâmbi gostou, mas não sorriu.
Zâmbi chamou Katendê e pediu a mesma coisa. Katendê, o senhor das jinsabas [folhas] , falou ao pai sobre o poder mágico das plantas que curam, acalmam e conversam com as pessoas. O deus supremo se interessou um pouco, mas ainda assim não sorriu.
Matamba foi a próxima a tentar. A senhora das ventanias mostrou a força dos furacões e o baile fabuloso dos relâmpagos que clareiam a escuridão. Zâmbi olhou, até bateu palmas, mas continuou triste.
E assim vieram todos os deuses do Congo. Vunji trouxe as crianças mais brincalhonas, que lambuzaram Zâmbi de doces; Angorô inventou o arco-íris; Gongobira deu a Zâmbi um rio de peixinhos coloridos; Dandalunda chamou as luas que mudam marés; Mutalambô fez um banquete com as caças trazidas das florestas; Nkosi forjou ferramentas e adagas no ferro em brasa; Lembá Dilê conduziu um cortejo branco de pombas, cabras e caramujos.
Zâmbi gostou e agradeceu, mas continuou triste.
Até que Zâmbi perguntou se Nzazi, o dono do fogo, sabia de alguma coisa que pudesse afastar aquele banzo, que é como o povo chama a tristeza. Nzazi, que entre os iorubás é conhecido como Xangô, consultou um grande adivinho e fez o que ele mandou. Começou cozinhando e repartindo as carnes de um grande bode branco entre as divindades do Congo.
Em seguida, Nzazi aqueceu a pele do bode na fogueira. Ainda com o fogo, tornou oco o pedaço de um tronco seco da floresta. Sobre uma das extremidades do tronco oco, esticou a pele do animal e assim inventou Ingoma, o primeiro tambor.
Nzazi começou a bater no couro do tambor com toda a força e destreza. Aluvaiá, aquele que os iorubás conheciam como Exu e os fons como Legbá, gingou ao som do tambor. Logo depois, todos os deuses do Congo , ao batuque do Ingoma, dançaram também e fizeram a primeira festa na manhã do mundo.
Zâmbi gostou do fuzuê do tambor de Nzazi e descansou feliz. Era isso que faltava. Ainda deu a Ingoma o poder de acabar com a tristeza das mulheres e dos homens pela festa dos corpos que ele, Ingoma, convida para dançar.
Desde este dia, Ingoma é uma divindade; aquela capaz de transformar e renovar o mundo pela festa. Sem o tambor, nós até poderemos ter tudo aquilo que é materialmente necessário, mas seremos tristes.
Ingoma, o primeiro tambor, um dia se casou com Muzenza, a moça bonita que dança. Eles tiveram uma filha. O nome da menina, a linda filha de Ingoma e Muzenza, é Ngala, a Alegria.
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Esse texto foi copiado – sem autorização – do blog HISTÓRIAS BRASILEIRINHAS – de Luiz Antonio Simas http://hisbrasileirinhas.blogspot.com.br/2016/04/ingoma-salvou-o-mundo.html - acesso em 12/10/2017

Um comentário :

  1. Muito muito tempo depois, um alemão muito louco, da pele branca como uma nuvem, vivendo num lugar que em boa parte do ano parece uma geladeira, ao lado de um povo que usa o fogo pra tornar o ferro, que comem repolho podre ao qual chamam chucrute, e falam uma língua que só eles entendem, disse: sem a música a vida seria um erro. Zâmbia tinha levado aos seus ouvidos os sons que lhe devolveram a alegria.

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