Opinião
A
entrevista de Lula na TV Bandeirantes, no dia 01/04/2021, para desespero dos
seus opositores, transformou-se em um fato político importante no Brasil e com
repercussão até no exterior. Além dos noticiários locais, simpatizantes e
antipatizantes de Lula ocuparam redes sociais com observações e, como era de se
esperar, muitas das análises tratam das diferenças entre Lula e a maior autoridade
política do país que é o presidente Bozo.
As
diferenças saltaram aos olhos. A desenvoltura e o tratamento dos temas por um líder
político de importância internacional, em contraponto aos estertores de um
chefete de milícia levado ao cargo de presidente da república como efeito de um
golpe jurídico parlamentar. Um presidente que diante das questões políticas
nacionais não faz ideia se elas são de comer, de beber ou para passar no
cabelo.
A
comparação é impossível, apesar da gritante diferença. A aritmética não permite
a divisão por zero. Quantas vezes algo é maior que a nulidade? A matemática
trata como uma indeterminação.
Os
que vêm Lula como uma representação satânica do PT fazem acusações genéricas de
crimes que ele teria cometido ou praticam replicações bobinhas de mensagens
desprovidas de qualquer consistência política, quando não são fakenews sem qualquer
crítica.
Fariam
melhor se, em vez desse esperneio infantil, encaminhassem as evidências das
acusações que fazem para autoridades que certamente desejariam desesperadamente
tê-las em mãos. Afinal, praticamente todos os instrumentos de Estado têm sido
utilizados com o objetivo de incriminar o sapo barbudo, e o máximo que
conseguiram foi montar a armação farsesca conduzida por um juiz ladrão e uma
trupe de procuradores moleques que afastou Lula da disputa eleitoral em 2018.
Há
os que tentam colocar Lula e o Bozo em posições extremas de oposição criando um
falso dilema, como se fossem alternativas igualmente contraditórias e
insatisfatórias. Essa é uma boa tática, tentar colocar Lula e Bozo no mesmo
saco. Ela decorre da impossibilidade de qualquer defesa justificável do ex-capitão
boquirroto e do efeito nefasto que seu mandato tem representado para o país. Colocar
tudo no mesmo saco transforma uma briga em confusão. As responsabilidades não
se distinguem, todo mundo é culpado.
Ocorre
que essa tentativa de polarização, abstraída de um debate sério das questões políticas,
só se imporá se for suportada por intensa propaganda. Isso porque a realidade e
as experiências dos governos são históricas e públicas, e insistir nessa visão é negar os fatos que,
aliás, se evidenciam com a presença de Lula no quadro político.
A
direita faz um papel correto quando, diante do “caos Bozo”, tenta deslocar Lula
como alternativa eleitoral em troca de outras. E foi isso que representou o tal
Manifesto pela Consciência Democrática assinado por seis potenciais candidatos à presidência em 2022.
Esta
sim, foi uma iniciativa efetivamente política, concorde-se ou não com os seus
representantes. Bem distante do comportamento pecuário bozominion. Contudo, com
a perspicácia que lhe é peculiar, Lula
rebateu , no ato:
“Todos
eles tiveram a chance em 2018 de deixar a democracia garantida votando no
Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro".
Lembrei-me
dos carregadores de fubá em local onde trabalhei, e que em meio a árdua tarefa
de carregar uma carreta com toneladas de derivados de milho, conseguiam brincar
entre si, sem quaisquer escrúpulos ou restrições morais. Enquanto um sujeito
estava ocupado equilibrando na cabeça pacotes de farinha que chegavam a 80
quilos, outro já livre da carga passava a mão na bunda do sujeito ocupado.
O
que estava ocupado, invariavelmente, questionava o “tarado”: Quando você
nasceu passou pertinho de um cú, por que não aproveitou e comeu?
A
resposta de Lula caiu como uma luva. Faria inveja ao Brizola.
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