Opinião
Enquanto entregam as riquezas nacionais ao capital
privado e destroem conquistas sociais, num processo que fará a população
brasileira escravizada e refém desses mesmos grupos, as figuras da trupe Bozo apontam
os governos passados como responsáveis pelo estado desastroso da situação
econômica atual.
Esse discurso satisfaz muitos que o repetem para
disfarçar seus preconceitos e para justificar seus votos nos representantes
fascistas que elegeram. Porém, os fatos não endossam a opção que fizeram. Ela é
desabonada tanto pelas práticas da trupe Bozo, que fazem do Brasil objeto de
chacota internacional, como pelas análises consistentes de dados e informações
sobre resultados dos governos passados, apesar de todas as críticas que merecem
pelos os erros que cometeram e das quais não devem ser poupados.
Em sintonia com essa avaliação, chamo atenção para uma
análise feita pela Gerência de Estudos e Indicadores da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) sobre a inclusão social no ensino
superior, no Brasil, entre 2005 e 2015.
Os dados mostram que no período entre 2005 e 2015 as
matrículas no ensino superior brasileiro passaram de 4,57 para 8,03 milhões,
uma expansão de 76%. Porém, o mais interessante é que a análise das matrículas conforme
a renda média domiciliar per capita distribuída em cinco faixas de renda, para os
estudantes oriundos das famílias cujas rendas estavam nos dois grupos mais
baixos, o ingresso no ensino superior teve um aumento de quase sete vezes nesse
período, ou seja, 600%, enquanto para aqueles oriundos de famílias que estavam
nos dois grupos de maiores renda, a expansão da entrada no ensino superior foi
de apenas 35%. Uma expressiva ampliação na participação dos grupos de mais
baixa renda familiar quando comparados com os de rendas mais altas, tanto na
rede pública como na rede privada. Isso é inclusão social e, obviamente, não é
fruto do acaso, mas decorrência de políticas públicas.
Os dados mostram ainda que a desigualdade no acesso ao
ensino superior da rede pública, em 2015, medida por indicadores estatísticos
de aceitação internacional, apresentou um índice baixo, típico dos países
nórdicos, entre os mais baixos do mundo.
Os dados são do Censo da Educação Superior elaborado pelo
INEP MEC e a análise foi publicada na última edição da revista Pesquisa FAPESP
[1]. Vale dizer que FAPESP é uma
referência de prestígio internacional e certamente não pode ser apontada como
um aparelho de propaganda partidária esquerdista, petista, socialista,
comunista ou @ista.
O artigo da revista está no link anexo, com todas as
referências necessárias. Em geral esse tipo de leitura não é estimulante e as
informações passam sem a atenção merecida. Mas, é leitura necessária para quem
quiser fazer uma crítica consistente. A galera que levou o fascismo ao poder
deveria ler o artigo com calma e atenção e, se não for completamente imbecil,
comparar esses resultados com os discursos que tentam desqualificar os governos
anteriores e com o que estão fazendo com a Educação em nosso país. Aqui, o ministro operacionaliza o ódio a
Paulo Freire [2] manifestado pelo capitão Bozo desde suas primeiras declarações,
uma prática que faz da Educação uma das vítimas desse nojento preconceito
social que se esconde sob o discurso babaca: “odeio o PT”.
[1]
Inclusão
social no ensino superior - Revista Pesquisa FAPESP ( Agosto de 2019) – No. 282) – Disponível em < https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/08/07/inclusao-social-no-ensino-superior/>
- Acesso em 15/08/2019.
[2}
"Não
é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos
afirmaremos." -
Paulo Freire - "PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: saberes necessários à
prática educativa". 13a. edição - Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1999, pág. 87
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