Opinião
Impossível conter a emoção. Duas vidas que se foram.
Tristeza e luto para os seus familiares, amigos e companheiros próximos de luta
e militância. Mas, os assassinatos da vereadora carioca e do seu motorista
também são uma lição para os demais militantes que partilhamos dos mesmos
ideais de luta. É assim que o sistema reage quando sente que batemos forte. E
não nos iludamos, só avançaremos batendo forte. Já está claro que, nesse
processo, a apregoada democracia é o primeiro valor que a reação manda para o espaço
e que a tentativa de eliminação política é ato recorrente. Mas, quando
conseguimos levar a disputa para as ruas, num campo onde as máscaras já não
disfarçam as intenções, então a coisa muda. A reação parte para a eliminação
física. Foi isso que aconteceu com a companheira vereadora Marielle e,
consequentemente, com o motorista Anderson cujo trabalho era realizar o seu
trasnsporte.
A dor amanheceu em
nossa porta. A enorme quantidade de pessoas que se concentrou em frente à Câmara
dos Vereadores do Rio de Janeiro desde a manhã de hoje, 15/03/2018 e, mais tarde, em frente
à Assembleia Legislativa atendeu com garra às palavras de ordem que apelavam os
nomes de Marielle e Anderson, mas também
com grande dificuldade. Responder “Presente!”
e “Sempre!” não foi simples, na
medida em que muitos dos gritos de resposta foram embargados por choros
contidos de integrantes de uma multidão visivelmente emocionada, apesar de
coesa pelo desejo de transformar a nossa realidade.
Façamos desse fato uma reflexão sobre ocorrências
similares pelo Brasil a fora e que, embora gravíssimas, não repercutem como os
fatos do Rio de Janeiro, nem nos emociona tão fortemente, porque ocorrem
distantes do nosso cotidiano, em ambientes que para nós são quase não lugares.
Outros companheiros tem sido assassinados em rincões do
país onde enfrentam jagunços e milícias, quando não se deparam com a própria
força policial estatal que realiza sem constrangimentos o papel de cães de
guarda de sistemas corruptos. São muitos os casos onde trabalhadores são
obrigados a assistir a degradação emocional, a tortura e até a eliminação
física de outros que se destacam como líderes em suas reivindicações. Situações
que, para nós, aparecem como fatos distantes, geralmente com narrativas filtradas
por editorias de jornais que banalizam os acontecimentos. Devemos imaginar a dor daqueles companheiros como aquela que sentimos hoje.
O evento do Rio de Janeiro é uma lição. Nós estamos com a
razão, embora sejamos vulneráveis, mas não estamos sós. A identificação
política que se expressou, hoje, na Cinelândia e na Praça XV vai bem além do
Rio de Janeiro, e deu mostras que há um núcleo de identificação política e
cultural que pode nos permitir avançar para uma sociedade melhor. Mas, é
preciso seguir em frente batendo forte e metendo os dedos nas feridas. Essa
será a maior homenagem que poderemos prestar a esses tantos companheiros que
sofreram duras penas por não se dobrarem e imporem os seus direitos e as suas
reivindicações.
Companheiros militantes da liberdade e da solidariedade!
Presentes! e Sempre!
Texto muito bom!!!! Eloisa Elena. Abs.
ResponderExcluirComovente e forte... Presentes sempre!!!!
ResponderExcluirÉ isso. Temos que bater forte! Presentes, sempre.
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