quarta-feira, 1 de junho de 2022

Em cima daquele morro só não passa quem?

 Opinião

Não é o caso de se discutir a importância da disputa eleitoral para a presidência. Mas, a prioridade da batalha eleitoral Bozo x Lula não deveria ofuscar e, muito menos, esconder outras concomitantes e que não foram interrompidas. A privatização da Eletrobras é uma dessas disputas. Aliás, já saiu do pente e até da agulha o projétil seguinte. Já foi disparada a privatização da Petrobras. 

Se a pandemia deixou de ser o foco das atenções, as eleições presidenciais são a atração que a sucedeu desviando a atenção dos debates, enquanto as mesmas forças que leiloaram o Brasil nos governos tucanos dos anos 90 do século passado tentam passar a boiada da privatização da Eletrobras. 

O absurdo da privatização da Eletrobras extrapola todas as situações anteriores. Não se trata "apenas" da entrega de um patrimônio público de valor quase inestimável em troca de uma merreca. O processo segue seu rumo sustentado por legislação superpovoada de jabutis que visam beneficiar poderes políticos e empresariais sem quaisquer disfarces de seus objetivos. Não é o caso de detalhá-los aqui, mas são de assustar qualquer um que não seja parvo ou mal intencionado. Isso pode ser confirmado na leitura da própria legislação que regulamenta o processo e, até mesmo, e por incrível que pareça nas matérias publicadas na mídia tradicional. As análises mais consistentes fazem cair o queixo. 

Não bastasse isso, não existe uma linha sequer de projeção sobre qual e como será a política pública energética que orientará o setor sem a propriedade da Eletrobras pelo Estado. 

É isso mesmo! Não há nada – absolutamente nada – consistente sobre quais são os planos de governo ou políticas de Estado a vigorar no dia seguinte à privatização da Eletrobras. Como será o país após entregar para corporações privadas uma empresa que é, a rigor, o sistema que faz a integração dos sistemas elétricos em todo o território nacional e responsável por 30% da capacidade de geração e de 40% da rede de transmissão de energia elétrica do país. 

Voltamos aqui ao ponto inicial. Sem desconsiderar o embate eleitoral no qual já estamos imersos, vale perguntar: o conjunto de forças que representam a candidatura Lula, incluindo o próprio candidato, está dando a prioridade correta à questão da privatização da Eletrobras? 

Não faço juízo de valor das intenções porque não tenho, por ora, informações suficientes para tal. Contudo, não sou quadrado nem redondo, e vejo o que está ocorrendo como qualquer um interessado pode fazê-lo. A boiada da privatização da Eletrobras está passando diante dos nossos olhos, e a galera que dispõe dos berrantes, cordas, montarias e outros dispositivos que poderiam desviar e impedir esse estouro está deixando passar. A prioridade exclusiva parece ser a eleição para a presidência de um país ... sem a Eletrobras, quiçá sem a Petrobras.  

###

Nenhum comentário:

Postar um comentário