Opinião
Em decorrência da morte de Tancredo Neves,
presidente eleito pelo colégio eleitoral após a frustrada campanha das “Diretas
Já”, assumiu o governo Jose Sarney. E junto com Sarney, o país ganhou de brinde
Toninho Malvadeza (Antonio Carlos Magalhães - ACM) como ministro das Comunicações,
golpista e afilhado querido dos ditadores militares de 1964.
A ida de ACM para o ministério das Comunicações,
como não poderia deixar de ser, foi um
desastre para o setor e especialmente para os seus trabalhadores. Contudo, esse
também foi um período especial na organização dos trabalhadores de
telecomunicações. Representando os trabalhadores em nossas associações de
empregados, sindicatos e federação de sindicatos, costumávamos afirmar para a
categoria: é melhor que o ministro mais fdp tenha sido designado para o nosso
setor, porque aqui estão os trabalhadores com maior disposição e espírito de
luta para enfrentá-lo.
Não foi fácil, o sacana do ACM foi ministro durante
todo o governo Sarney, de 1985 a 1990, mas durante todo esse período ele foi
enfrentado com vigor pelos trabalhadores do então sistema Telebrás e da empresa
de correios a ECT que pagaram alto preço nesses enfrentamentos, com trabalhadores
punidos e demitidos.
Essa lembrança vem a título de comparação com uma
situação inversa e atual. Há 35 anos, o pior dos ministros de Sarney encontrou
a categoria mais competente para enfrentá-lo. Agora, a pandemia coronavírus, um
dos grandes desastres da humanidade, assola o nosso país justamente quando ele
está submetido ao mais incompetente governo da nossa história e, pelos fatos
que temos notícias, possivelmente o mais incompetente entre os governos das
demais nações que enfrentam a pandemia. Puta que pariu! É muito azar!
Para piorar a situação, não se trata apenas de um
governo incompetente. Trata-se de um governo que contribui para o avanço da
pandemia em vez do seu enfrentamento. E, não bastasse isso, um governo que
aglutina em torno de si uma multidão de desesperados que já estão até apontados
como sérios casos clínicos de distúrbios de comportamento. Distúrbios que, bem
ou mal, estavam embotados, reprimidos, mas
cujos gatilhos emocionais foram disparados nessa conjunção corona-bozo,
e que não serão revertidos facilmente porque não há um gatilho de reversão.
Esse será um sério problema para a geração atual que sobreviver à pandemia e,
também, para as gerações de brasileiros que sucederem a atual.
Felizmente, no próprio vazio incompetente do governo
Bozo surgem iniciativas aqui e acolá. Conforme já comentei em outras
oportunidades, a camada de profissionais que está envolvida diretamente com o
assunto dá mostras expressivas que não se confunde com o extrato superior
ocupado pelas designações do ex-capitão boquirroto,
Nas cidades do Brasil, como em outras cidades do
mundo, os profissionais da área de saúde estão sendo reverenciados por suas
ações e dedicações, embora aqui ainda enfrentem as limitações dos recursos para
trabalharem e agressões fascistas quando reivindicam esses recursos. Foi o que ocorreu na manhã
do dia 1º. de maio em Brasília (ver link abaixo).
Outras iniciativas vêm de governos
estaduais que não embarcaram na caravana da morte do governo Bozo. Um grupo de
nove estados da região nordeste formou o chamado Comitê Científico de Combate
ao Coronavírus (C4NE), um grupo de profissionais que trabalham sob a
coordenação do neurocientista Miguel Nicolelis, uma referência mundial em sua
área, e do físico Sergio Rezende,
ex-ministro de Ciências e Tecnologia do governo Lula. O comitê tem como função
básica assessorar um colegiado de governadores chamado Consórcio Nordeste no
tratamento do assunto coronavírus.
Já são vários os produtos do trabalho
do grupo. Dia desses, por sua sugestão, os governadores criaram as chamadas Brigada Emergencial de Saúde do Nordeste que fazem parte de uma
estratégia de ir até os locais de manifestação do vírus tentando antecipar-se à
necessidade de deslocamento de contaminados até os hospitais. O comitê
científico criou um site com informações, ferramentas de acompanhamento das
contaminações, relatórios de acompanhamento dos seus trabalhos e resultados,
além de diversas outras informações. Poderá ser acessado pelo link abaixo.
O comitê científico não fará milagres, mas é o tipo de ação que poderia
estar sendo desenvolvida em âmbito nacional e sob uma coordenação integrada
como uma política de Estado no combate à pandemia. Certamente demandaria versões
específicas, talvez para as grandes
cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. Mas, poderíamos estar juntos
tentando e participando desse combate em vez de estar fazendo esse papel que
assusta o mundo e que certamente nos trará muita vergonha em tempos futuros,
além das vítimas diretas da pandemia.
Infelizmente, porém, diferentemente de ACM que encontrou uma categoria
do tipo osso duro de roer, o coronavírus encontrou no Brasil aqui mais do que
um hospedeiro ideal, encontrou um vírus
companheiro. Essa pústula levada ao poder pela ignorância política manipulada
por grandes corporações do capital e associadas à corporações religiosas. Mas,
nóis enfrenta!
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NOTAS
Profissionais
de saúde são atacados por apoiadores do Bozo em 1º de maio 2020, em Brasília – vídeo
capturado em 02/05/2020 em <https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=VEHFy9xCRFo&feature=emb_logo>
'Profissionais
no mundo são aplaudidos, e no Brasil a gente apanha', diz enfermeira agredida
em ato no DF – vídeo capturado em 02/05/2020 em <https://g1.globo.com/df/video/video-mostra-confusao-com-manifestante-vestido-de-verde-e-amarelo-8524290.ghtml>
Site do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus (C4NE) – Acessado em
02/05/2020 em <https://www.comitecientifico-ne.com.br/c4ne>
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