Opinião
A essa altura do campeonato o crime
da Vale já virou assunto antigo. Em nosso país onde as desgraças se atropelam e
que, conforme uma amiga observou, parece ter chutado um despacho de
encruzilhada, apenas as caricaturas sobrevivem como memória.
Cumpre-se, então, o desejo e as
aspirações daqueles que elegeram o capitão Bozo e sua trupe. Suponho que
estejam satisfeitos e contemplados com o resultado dos seus votos. A tropa de
elite do capitão que elegeram, os seus ministros, está apresentando um espetáculo
de gala na execução das suas promessas de campanha.
Confesso uma frustração. Não tenho
qualquer surpresa com o desenrolar do governo Bozo, mas não imaginava que esse era o tipo de país e de governo desejado
por pessoas próximas e queridas. Pessoas lúcidas e capacitadas para fazerem
comparações e escolhas. Não podem alegar que foram iludidas. Contudo, escolheram
isso que está aí. Para mim essa foi a surpresa frustrante.
Voltando ao quase esquecido crime da
Vale, chamo atenção para matéria publicada no Jornal do Brasil de hoje, 12/02/2019 (cópia em seguida).
Enquanto um ministro da trupe Bozo declara a vontade de privatização de todas
as estatais comparando-as com “filhos drogados”, a matéria aponta um fato
interessante e revelador.
Tanto as barragens de Mariana e Brumadinho,
que romperam com danos materiais e centenas de mortos, além de outra, após
Brumadinho, em Barão de Cocais, também em Minas, cuja segurança está sob
suspeitas, foram todas barragens construídas por empresas privadas. Nenhuma construída
pela Vale do Rio Doce. E todas foram adquiridas pela Vale após a sua
privatização.
Também ofuscada pelos dramas mais
recentes, passa quase batida uma matéria sobre a cidade de Saint-Prex, no
cantão de Vaud, na Suíça (cantão é uma espécie de “estado” suíço). A sede da mineradora
Vale no exterior é em Saint-Prex. Lá, a Vale recebeu totais isenções fiscais regionais,
além de descontos em impostos federais por um período de dez anos.
A matéria desvela algo que não chega
a ser novidade, mas que deve ser observado com atenção e crítica. Esses são movimentos
societários feitos exclusivamente para economizar impostos e encher bolsos de acionistas. Sem nenhuma preocupação com os
empregados, meio ambiente ou condições de trabalho. Isso é a Vale.
Nunca
é demais lembrar que “Vale” é a designação que foi dada a então rentável e
eficiente estatal Companhia Vale do Rio Doce –
CVRD, após a sua privatização pelo então governo tucano.
Para os tucanos as estatais eram
paquidermes que deveriam ser desmontados “osso por osso”. Para a trupe Bozo são
“filhos drogados”. Aliás, um discurso alinhado com outros ministros. Desde
aqueles que divulgam que pais holandeses são instruídos para masturbar bebês
até os que dizem que brasileiros viajando são canibais. Esse é o espetáculo do
circo Bozo.
Hoje tem marmelada? Tem sim, senhor!
E pensar que tem gente que votou
nisso!
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É A LAMA, É A LAMA - Brumadinho
provoca tenso debate político na Suíça
Por Jamil
Chad - 07/02/2019 - Disponível em:
SWI - swissinfo.ch –
serviço internacional da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG
SSR).
Acessado em 12/02/2019
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A pergunta que fica é: se fosse ainda estatal, não aconteceria? Sem fiscalização decente, é lógico que sim!
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