Leituras
para distrair
Parece que eu tava lá! Foi a deliciosa sensação proporcionada pela leitura da crônica do meu amigo Ciro sobre o desfile do bloco Bola Preta (RJ) nesse Carnaval de 2018. Sem mais delongas, compartilho e sugiro a leitura – o texto do Ciro fala por si.
Registro sobre o Cordão da
Bola Preta
Ciro
Mendonça da Conceição*
Acordei
cedo, as usual, dei uma olhada no jornal, comi um pão com queijo e ovo e, antes
da mulher (que não gosta de Carnaval) acordar, disse pros meus botões:
"vou lá ver o Bola". Saí antes das 9:00 e marchei pra estação do
Jardim de Alá.
De
cara percebi que estava no contra-fluxo pois centenas de jovens bonitinhos
(expressão sarcástica de Darcy Ribeiro) desembarcavam pra brincar nos blocos da
Zona Sul. Eu ia em direção ao Centro, rumo à Rua 1° de Março. Desci na Carioca
e, antes de chegar, já podia ouvir o ronco dos caminhões de som. Tudo no Bola é
grandioso. Seu pelotão de caminhões é
protegido por uma guarda ostensiva. A banda começou com um alegre
"Parabéns pra você" em homenagem aos 100 anos do Bola, fundado em 1918.
Sua conexão com as massas é permanente porque o repertório é estrategicamente
escolhido, a começar pelo hino Quem não chora não mama. As marchinhas são as
consagradas Maria Sapatão, Índio quer apito, Cabeleira do Zezé, etc...
As
letras e refrões dos sambas enredo são todos de domínio público => Água
de cheiro, confete e serpentina, lança perfume no cangote da menina!; Fiquei
radiante de alegria, quando cheguei na Bahia, Bahia de Castro Alves e do
acarajé; Ô congada, boi Bumbá, ô meu santo, saravá!; Porque meu time, bota pra
ferver, e o nome dele são vocês que vão dizer!
Sempre
me emociono quando vejo o Bola, talvez porque ele me lembra a geral do velho
Maracanã, destruída pelos politicos corruptos. Seus esquálidos centuriões, as
capetas sedutoras, seus piratas desdentados do Borel, os carecas barrigudos
fantasiados de freirinhas, zorros e políticos de terno com cédulas caindo de
seus bolsos, enfim, pura magia, essência da explosiva anarquia criativa que
caracteriza essa única civilização multiétnica, a amálgama ibero-afro-índia!!
Destaque para os ambulantes que trabalham dançando esparramando contagiante
alegria no bloco.
Quando
o carro Borduada passou diante da Alerj, a estátua de Tiradentes ficou
justaposta, por trás. Por um momento pensei que o Herói da Inconfidência havia
subido no caminhão. Tiradentes, o Povo Brasileiro e o Cordão da Bola Preta.
Tudo a ver com o Rio de Janeiro!!
Pela
1° vez vi painéis com manifestações críticas do tipo "As igrejas de hoje
são uma fraude. Busque Jesus e salve-se do inferno".
A
volta pra casa, em torno do meio-dia, foi um sufoco, metrô lotado com a
garotada ainda a caminho da Zona Sul.
Missão
Cumprida.
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(*)Ciro
Mendonça da Conceição
Engenheiro de Telecomunicações pela Universidade Federal
Fluminense, Especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental pela
Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Mestre em Engenharia Civil, área de
concentração Meio Ambiente pela COPPE –UFRJ.
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