Opinião
Acho um equívoco pensar que o Trump, ao amanhecer, dá uma espreguiçada e,
enquanto jorra uma mijada matinal imperativa, resolve com os seus botões:
“Hoje vou fazer um tarifaço e aporrinhar o juízo do XI Jinping!”
Certamente não é isso que ocorre, tenha sido, ou não, uma noite de festa
na cama ao lado de dona Melania, embora as manchetes midiáticas e um jornalismo
fajuto, que só sabe reforçar caricaturas, façam parecer assim.
O que assistimos e, por consequência, vivenciamos e sofremos, é uma das mais importantes manifestações do
modo de produção capitalista. O meio pelo qual as leis do capitalismo se
manifestam e se impõem: *a concorrência,*
“A concorrência impõe a cada capitalista
individual, como leis coercitivas externas, as leis imanentes do modo de
produção capitalista. Obriga-o a ampliar continuamente seu capital a fim de
conservá-lo, e ele não pode ampliá-lo senão por meio da acumulação progressiva” (Marx –
O Capital – Livro I)
Naturalmente essas situações se manifestam no tempo com características
conjunturais. Contudo, trata-se de um mesmo roteiro, embora agora desenvolvido
em uma peça com representações insólitas: através de fantoches ou mamulengos,
como é o caso do Trump.
Mas, nem por isso deixam de mostrar suas permanentes contradições. O
sujeito quer sapecar tarifas nos produtos chineses, mas o americano, gado trumpista,
ou não, não pode deixar de comprar celular nem computador. Então, “revogue-se ou adapte-se a decisão!”
Mas, se esticar muito lá, o Musk, dono da Tesla, SpaceX, X e novo secretário do Departamento de Eficiência
perde dinheiro acolá. Novos ajustes são necessários.
O nome disso é “concorrência”. Segundo Max, são leis que decorrem do
modo de produção e imperam sobre os capitalistas individuais independentemente
de suas vontades.
Mark Zuckerberg, (Meta, Facebook, Instagram e WhatsApp); Jeff Bezos (Amazon);
Tim Cook (Apple); Shou Zi Chew (TikTok); Sam Altman (Open AI); Sundar Pichai (Google)
estavam todos lá, nas primeiras cadeiras durante a posse do ícone alaranjado.
Todos resguardando seus interesses.
Esses são os caras que efetivamente estão provocando esse “pega pra
capar” na ordem capitalista vigente. Fazem isso à moda Trump, desse jeito que
parece atrapalhado. Em outros tempos seriam guerras com a população civil
servindo de buchas de canhões.
O resultado, não tenhamos dúvidas, será pau no cu dos trabalhadores que
sustentam essa canalha de filhos das putas. Desculpem-me as prostitutas, mas
não abro mão do adjetivo. ### (Jorge Santos – Rio, 15/04/2025)