quinta-feira, 9 de abril de 2020

A vida em tempos de coronavirus (21)


Opinião


O individualismo é  natural quando  determinado pelo instinto de conservação, mas também pode ser construído socialmente. Esse é o caso do individualismo que valoriza  a exploração do outro. Um individualismo opcional, uma escolha política que se contrapõe à solidariedade.

A solidariedade, por sua vez, é um valor construído socialmente. Não é natural. É um ato de vontade. Para uns ela é uma prática eventual ou oportuna, uma resposta a certas situações que se apresentam. Para outros ela é uma disposição tão forte que se estabelece como uma prática de vida.

Lidar com as manifestações de individualismo e com práticas de solidariedade é uma das tantas questões impostas à sociedade nesses tempos de coronavirus.

Há trabalhadores que, embora vivendo à custa de seus trabalhos e atividades, sobrevivem matando um leão por dia. Porém, a temporada de caça foi suspensa. Sequer têm o que caçar. Garçons, barbeiros, artistas, vendedores, diaristas, ambulantes, qualquer tentativa de exemplos será incompleta.

Há, ainda, pessoas que vivem das sobras das ruas e até do lixo da cidade, mas de uma cidade viva. Ocorre que, estando a cidade em estado quase cataléptico, semimorta,  não há onde nem o que chafurdar. A carência é total.

A crise está colocando essas camadas de população numa dependência de correntes de solidariedade e agregando-as a outras camadas cujas vidas já dependem  exclusivamente dessas correntes. Correntes das quais alguns de nós até participam e incluem em seus orçamentos ou em suas atividades as doações e colaborações que realizam.

Essas novas situações estão colocando à prova as nossas opções políticas. É hora também de ajudar, de ser solidário.

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