Opinião
Por cacoete
de formação, passei a registrar os números oficiais de infectados e mortos pelo
coronavírus e a construir meus gráficos e linhas de tendências. Sei que os
números reais distanciam-se dos oficiais do ministério da saúde, mas contento-me
com esses últimos. Algumas revistas e jornais têm publicado gráficos da
evolução da pandemia através dos quais é possível comparar sua evolução no
Brasil com a Itália e o mundo
Naturalmente
quaisquer comparações precisam ser cuidadosas, relativizadas, contextualizadas,
evitando-se conclusões falsas e até absurdas. Então, mesmo feitas todas essas
ressalvas, os números assustam. Uma relativização não elaborada, mas simples, é
analisar a evolução de casos em quantidade de dias a partir do primeiro dado registrado.
Por exemplo, no Brasil, 25 dias após o primeiro caso de contaminação, são
contabilizados 1128 casos. Na Itália, após 25 dias da primeira contaminação a quantidade
de infectados era 59.138. Já a quantidade de mortos 9 dias após a primeira
morte registrada, no Brasil são 77 casos e na Itália foram 79. Hoje, na Itália,
passados 32 dias da primeira morte registrada, o número de óbitos é de 8.215
casos numa população de 80.589 infectados..
Esses
números só não assustam os que forem insensíveis qualquer que seja o caso ou ignorantes
que não conseguem elaborar um mínimo de projeção sobre as possibilidades (não
certeza) de evolução da pandemia. Entre os primeiros estão alguns que compreendem
o quadro, mas, insensíveis, atuam maliciosamente valorizando exclusivamente os
seus interesses. Entre os últimos estão aqueles que potencialmente podem ser
utilizados como massa de manobra pelos primeiros. Sem generalizações, quem
quiser saber dos primeiros busquem os empresários que estão colados nas teses
da trupe Bozo, além do próprio líder da trupe. Já a massa de manobra está entre
aqueles que apesar, de tudo, seguem apoiando o presidente Bozo , ele próprio,
um vírus social. .
Tentando
elaborar um mínimo de crítica sobre o quadro geral, entre amigos temos trocado
ideias em videoconferências, sem a pretensão de conclusões apressadas ou definitivas.
Fazemos brincadeiras sobre a situação de cada um e sobre nossas dificuldades técnicas
e intelectuais no uso das ferramentas teleinformáticas. Ontem conversamos sobre
o impacto dos pronunciamentos do ex-capitão boquirroto. A esse propósito,
comentamos sobre as repercussões no comportamento geral. Um desgaste na imagem
do apoiador de torturadores ou uma adesão às suas teses?
O ídolo dos
milicianos trouxe para a ordem do dia a manifestação de mais um preconceito discriminatório,
ao lado dos tantos que tem sido a suas referências de valores sociais. Agora a
discriminação dos idosos. Sem constrangimentos essa pústula com mandato
presidencial faz aflorar mais uma doença social que até aqui era mantida
controlada. Já tem velhinhos xingados e sofrendo constrangimentos nas ruas.
Também
conversamos sobre a falta de protagonismo da esquerda. Essa avaliação é quase
consensual, embora existam divergências sobre as causas dessa situação. Mas há
concordância sobre a tomada do discurso pela direita política. As dissidências, os conflitos, as referências
dessa ou daquela posição que estão sendo divulgadas na mídia de massa são (oportunamente)
referências da direita. Esse é, entre outros, mais um dos obstáculos que a
esquerda precisa superar
Enfim, apesar
das dificuldades, geralmente concentradas entre a cadeira e o computador ou
celular, acho que deveríamos insistir nessa prática dos encontros virtuais. Sugiro
que outros também o façam. Parece um bom exercício nesses tempos de
coronavírus.
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