segunda-feira, 30 de março de 2020

A vida em tempos de coronavírus (11)


 Opinião


Se forem mantidas as tendências, daqui a dois dias, no dia primeiro de abril, o Brasil contabilizará cerca de 5000 infectados e mais de 200 mortos pelo coronavírus. São números que refletem os casos  oficialmente confirmados, mas há estimativas, não oficiais, de quantidades maiores.

Um ex-ministro da saúde, médico sanitarista e atualmente pesquisador da Fiocruz, exemplificou a gravidade do quadro. Segundo o médico, nos meses de fevereiro e março nos últimos anos, em todo o país, tem sido de 250 casos a média de internações diagnosticadas como pneumonia viral. Já em fevereiro e março de 2020, antes mesmo do término de março, o registro era de 2250 casos. Certamente, afirma o médico, muitos dos casos decorrem do coronavírus sem estarem contabilizados na quantidade total de infectados.

Ainda assim, a quantidade de casos prosseguirá em curva ascendente e a tendência da situação, nesse momento, é ainda de se tornar mais grave até que apareçam resultados das medidas que estão sendo adotadas.

 Os relatos sobre os óbitos são tristes. Os procedimentos fúnebres precisam ser agilizados, o tempo para as cerimônias é reduzido e pré-determinado e o número de presentes limitado em torno de dez pessoas, São condicionantes impostos para reduzir as chances de novas contaminações.

Mais doloroso ainda, é que os casos fatais são tipicamente de idosos já com alguma fragilidade de saúde e com vida recente dependente do acompanhamento por familiares. Contudo, a porra da contaminação pelo coronavírus impõe o isolamento dos pacientes graves, sem qualquer contato com a família, mesmo nos períodos derradeiros de vida. As mediações desses pacientes com o mundo exterior tem sido realizadas pelos agentes de saúde que acabam absorvendo uma carga emocional para a qual não estão preparados, tornando-se eles próprios vítimas colaterais da situação.

Sinto como se estivéssemos nessa situação há uma eternidade, mas sei que infelizmente ainda é cedo para prognósticos. O afastamento social é uma necessidade e não dispomos nesse momento de alternativa melhor, embora a namoradinha do Brasil classifique como “egoísmo”. Atual secretária de cultura do governo federal, ela faz coro ao chamado imbecil para o suicídio que o ex-capitão boquirroto vem promovendo. Parece que a namoradinha resolveu responder ao grito de Cazuza: “Brasil, mostra sua cara!”  exibindo ela sua verdadeira cara e seus valores.

Em vez de chamar as pessoas para as ruas, esse povo que votou no fascismo e que ainda não se arrependeu poderia muito bem organizar uma festa e confraternizar, juntinhos, bem próximos, como uma demonstração de confiança em suas teses. Poderia juntar suas panelas e armas, abraçar-se e dançar coladinhos ao som das marchas militares que tanto apreciam, num grande baile celebrando sua mediocridade e estupidez. Quem sabe, na baía de Guanabara, naquele palácio bonito da Ilha Fiscal. Aliás, o nome original da ilha Fiscal era ilha dos Ratos.

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