Opinião
Ontem assisti entrevista do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis.
Ele é membro das Academias Francesa, do Vaticano e Brasileira de Ciências. Renomado
e premiado pesquisador, autor de livros interessantíssimos, ele é coordenador do
projeto “exoesqueleto”. Um personagem cujas opiniões eu gosto de acompanhar. A
entrevista me impressionou, não pela novidade das informações, mas porque elas
assumem uma proporção mais relevante (no caso, assustadora) quando divulgadas
por pessoas que, para nós, são referências de autoridade em suas opiniões.
Para o Nicolelis essa será a
crise mais complexa que o país já enfrentou, opinião na mesma linha das
declarações da primeira ministra Angela Merkel referindo-se à Alemanha. Mas, em
nosso caso, ressalta o cientista, temos um governo que é incapaz de compreender
o que estamos enfrentando.
Assustadoras e quase desesperadoras são as simulações de cálculos que
ele faz a partir de projeções que foram divulgadas pelo NY Times para os EUA.
Projeções conservadoras apontam 35% de infectados na população, com 1% de
mortalidade desse conjunto. Na Alemanha, segundo a ministra Angela Merkel, as
expectativas são de 50% de infectados na população, e na Itália a mortalidade
está em 8% dos infectados.
Esses números (50% e 1%) se aplicados para os 200 milhões de brasileiros,
teríamos a hipótese de 100 milhões de infectados e um milhão de mortos. Tô
fudido! Penso eu com os meus botões.
Nicolelis aponta o SUS como um fator a nosso favor. O SUS se caracteriza
por um serviço público que tem uma rede capilar. “Se
não houvesse o SUS, estávamos roubados”. Contudo, complementa, as decisões
necessárias não podem ser tomadas por
pessoas que não acreditam no Estado, que criaram a mitologia de que a
intervenção do Estado é maléfica. Ele também chama atenção para o fato que o
único país em condições de fornecer um apoio efetivo a Brasil seria a China.
Porém, as relações com aquele país estão sendo achincalhadas por autoridades
brasileiras. Aliás, sobre esse assunto, ontem, 20/03/2020, a Band TV publicou
editorial com crítica contundente e correta ao ministro das relações exteriores
qualificando-o explicitamente como um “idiota” que ocupa cadeira tão importante.
Para o pesquisador deveríamos criar uma comissão nacional de crise formada por mentes mais capacitadas
nas áreas específicas necessárias para combater a pandemia que é
multidimensional – não é só saúde, ela tem dimensões econômicas, sociais,
geopolíticas e de logística.
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