sábado, 21 de março de 2020

A vida em tempos de coronavirus (2)


Opinião

Ontem assisti entrevista do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Ele é membro das Academias Francesa, do Vaticano e Brasileira de Ciências. Renomado e premiado pesquisador, autor de livros interessantíssimos, ele é coordenador do projeto “exoesqueleto”. Um personagem cujas opiniões eu gosto de acompanhar. A entrevista me impressionou, não pela novidade das informações, mas porque elas assumem uma proporção mais relevante (no caso, assustadora) quando divulgadas por pessoas que, para nós, são referências de autoridade em suas opiniões.
Para o Nicolelis  essa será a crise mais complexa que o país já enfrentou, opinião na mesma linha das declarações da primeira ministra Angela Merkel referindo-se à Alemanha. Mas, em nosso caso, ressalta o cientista, temos um governo que é incapaz de compreender o que estamos enfrentando.
Assustadoras e quase desesperadoras são as simulações de cálculos que ele faz a partir de projeções que foram divulgadas pelo NY Times para os EUA. Projeções conservadoras apontam 35% de infectados na população, com 1% de mortalidade desse conjunto. Na Alemanha, segundo a ministra Angela Merkel, as expectativas são de 50% de infectados na população, e na Itália a mortalidade está em 8% dos infectados.
Esses números (50% e 1%) se aplicados para os 200 milhões de brasileiros, teríamos a hipótese de 100 milhões de infectados e um milhão de mortos. Tô fudido! Penso eu com os meus botões.
Nicolelis aponta o SUS como um fator a nosso favor. O SUS se caracteriza por um serviço público que tem uma rede capilar. Se não houvesse o SUS, estávamos roubados”. Contudo, complementa, as decisões necessárias  não podem ser tomadas por pessoas que não acreditam no Estado, que criaram a mitologia de que a intervenção do Estado é maléfica. Ele também chama atenção para o fato que o único país em condições de fornecer um apoio efetivo a Brasil seria a China. Porém, as relações com aquele país estão sendo achincalhadas por autoridades brasileiras. Aliás, sobre esse assunto, ontem, 20/03/2020, a Band TV publicou editorial com crítica contundente e correta ao ministro das relações exteriores qualificando-o explicitamente como um “idiota” que ocupa cadeira tão importante.
Para o pesquisador deveríamos criar uma comissão nacional  de crise formada por mentes mais capacitadas nas áreas específicas necessárias para combater a pandemia que é multidimensional – não é só saúde, ela tem dimensões econômicas, sociais, geopolíticas e  de logística.
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