sábado, 23 de maio de 2020

O carteiro, o poeta e o cú


Opinião


Ardiente Paciencia é o título original de uma novela do autor chileno Antonio Skármeta que se tornou um sucesso internacional quando foi adaptada para o filme “O carteiro e o poeta”, uma ficção baseada na relação entre Pablo Neruda e um carteiro, quando o poeta estava exilado em uma ilha na Itália.

Parte do filme se circunscreve ao desejo do carteiro conquistar uma amada e que não compreendia porque ele (carteiro) se apaixonava pelas descrições de Neruda. Descrições que eram distantes da sua realidade concreta, mas que, ainda assim, o emocionava e ele conseguia compreender os seus significados. Neruda conversa e fala ao carteiro sobre as metáforas poéticas. O filme é lindo, vale a pena ver e rever.

Na sexta-feira última, divulgou-se por decisão do STF o vídeo da uma tal reunião do Bozo com os seus ministros, na qual ele chutou o pau da barraca e, junto com a barraca, o seu ministro mais importante, o juiz de primeiro piso já revelado como um pilantra pelos áudios da agência de notícias Intercept.

Sim, mas até aqui, onde o cú se relaciona com as calças?

Amigos, sei perfeitamente que a quarentena que já caminha para a setentena está insuportável. Mas, após ver o vídeo da tal reunião, conclamo: Aguentem firme! A batalha é bem mais cruel nas linhas de frente, onde está o Bozo, representante eleito da nação, e a trupe que ele montou como seu corpo ministerial.

Deduz-se ao assistir o vídeo que, duro mesmo, deve estar sendo para o ex-capitão boquirroto. Em  meio à calamidade de uma pandemia internacional, ele se mostra transtornado porque acha que querem estourar com as suas hemorroidas e, provavelmente, também as hemorroidas ministeriais devido à relações de compromissos que ele declara durante a reunião

“Eles querem a nossa hemorroida, a nossa liberdade” – é a fala do Bozo

Você que está ai, em seu isolado conforto seria capaz de imaginar essa ameaça? Faço essa interrogação porque, adianto,  eu sucumbiria diante de tal ameaça.

Um bozominion apressado levará os dedos ao ânus, fará uma redução (reposição na posição anatômica correta de um órgão - hérnia, invaginação) da sua própria veia que poderá estar evaginando (protusão de um órgão ou de parte de um órgão para fora da sua localização normal) e gritará por seu mito, ao mesmo tempo em que tentará reposicionar suas hemorroidas: “Ele está falando metaforicamente, simbolicamente”.

Imaginei Pablo Neruda tentando ensinar ao carteiro Mássimo essa metáfora.

Companheiro, busque todos os autores literários, os romancistas ou poetas. Busque em outras artes: teatro, cinema, dança. Busque na escultura, na arquitetura, na pintura. Busque na música essa arte que nos é tão próxima.

Qual artista foi capaz de construir essa imagem poética, essa expressão metafórica, essa representação simbólica da liberdade: as hemorroidas.

De fato, esse presidente é um mito, um cú!

NOTA:
Trecho de reunião ministerial de 22/04/2020 - Acessado em 23/05/20220
 em <https://vimeo.com/421714691>

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