Opinião
Tenho
acompanhado as avaliações de progressão das contaminações do coronavírus feitas
pelos estudos na universidade de Singapura já citados em outras publicações nesse blog. As
predições para o Brasil foram atualizadas e pioraram em relação às
anteriores (ver figura abaixo). Piorar significa um aumento na estimativa da
quantidade máxima de contaminações (pico) e um deslocamento para mais tarde da
estimativa de data para inversão da tendência de crescimento da quantidade de
casos, mas sem um correspondente achatamento da curva de contaminações.
Vale
resgatar, em que pese seja óbvio, que as curvas e estudos de predições de
evolução das pandemias baseiam-se nos fatos ocorridos, mesmo que sejam subnotificações. As
curvas são formas de representar tendências, mas não são as curvas que
determinam as ocorrências dos eventos e o desenrolar do processo. O que
determina o processo são fatos e as providências que são adotadas em relação a
eles. Se providências adequadas não forem adotadas, pode-se ficar num processo
eterno de ajustes de curvas sem nunca chegar ao pico e à consequente inversão
da tendência que é o primeiro objetivo desejado.
Os dados
diários, independentemente dos estudos de Singapura, mostram uma redução da
aceleração da velocidade de contaminação no Brasil e isso é bom, mas redução da
aceleração não quer dizer redução da velocidade. A aceleração, ou seja, a taxa de crescimento
diário de contaminações pode aumentar se, em vez de um controle efetivo, a
sociedade resolver chutar o pau da barraca e abandonar os esforços que vêm
sendo realizados até aqui.
Há um vídeo
muito interessante e didático que mostra a desaceleração das contaminações no
Brasil como resultado do isolamento social (ver link abaixo). O vídeo é bem cuidadoso e sem presunções, feito por um
analista, Mauricio Feo, o mesmo que fez outra apresentação sobre a evolução viral
usando um exemplo com o crescimento das plantas chamadas "vitória-régia" e que foi
amplamente divulgado pela web e até na TV.
Posso estar
enganado, mas acho que estamos em uma fase em que o cumprimento das restrições
deveria ser rigoroso numa tentativa de garantirmos uma inversão na tendência de
crescimento das contaminações. Porém, é importante registrar, ainda que as
estimativas de reversão e controle da pandemia estejam corretas – o que é uma visão otimista - ainda assim, teremos um preço altíssimo a
pagar em quantidade de contaminações e óbitos.
Infelizmente,
na linha da política genocida do ex-capitão boquirroto, vemos um afoitamento de
diversas autoridades públicas fazendo de tudo para escancarar as porteiras das
restrições e do isolamento social. Pior do que isso, apontando
irresponsavelmente para a sociedade um cenário de retorno à uma normalidade que
não mais existirá. O descompromisso é total.
Sem dúvidas,
o assunto da redução do isolamento social precisa ser tratado, mas tratado como
um planejamento sobre como fazer o relaxamento das restrições quando chegar a
hora. Porém, os caras alinhados com a trupe Bozo estão simplesmente querendo
deixar a boiada passar e foda-se o que acontecer. Corremos o risco de sermos
apontados não como vítimas da pandemia, mas como irradiadores de contaminações.
No
contraponto das iniciativas do governo fascista, o combate à pandemia conta com
a subversão de algumas outras autoridades, incluindo governos estaduais. Não
embarcaram na canoa da trupe Bozo, mas não nos iludamos, não estamos diante de
nenhuma revolução, essas contraposições
têm um limite e se desenvolvem num cenário de crise política de consequências
difíceis de avaliar nesse momento.
Precisamos
botar essa canalhada para fora. Para a saúde da sociedade brasileira, erradicar
a contaminação viral da trupe Bozo é tão importante quanto o combate ao
coronavírus.
#####
NOTAS
Referências para os estudos de
Singapura - Atualizados diariamente
Data-Driven Innovation Lab (http://ddi.sutd.edu.sg)
“A quarentena pode estar salvando o Brasil. Entenda o
porquê” – Vídeo do Mauricio Feo citado no texto. Acessado em 03/05/2020 em <https://www.youtube.com/watch?time_continue=13&v=cyEGb1Osu0k>
Nenhum comentário:
Postar um comentário