Leituras para distrair
Semana passada, 22/09/2024, a cidade de São Gonçalo (RJ) –
onde nasci e cresci - comemorou 134 anos desde que foi elevada à Vila e
Município desvinculando-se do município de Niterói. Embora oficial, esse é um
marco inadequado porque esconde partes importantes e interessantes da história da
cidade que já tinha cerca de 240 anos de existência quando foi incorporada à
Niterói. A data oficial, só contabiliza a sua existência a partir da chamada emancipação
política.
O fato é curioso porque os municípios como o próprio Niterói,
Itaboraí e Maricá celebram suas respectivas histórias desde suas fundações como
sesmarias. Por esse critério, São Gonçalo é tão quatrocentão quanto os seus
vizinhos e nesse ano de 2024 estaria celebrando, então, 445 anos de existência,
desde a data da entrega da Sesmaria a Gonçalo Gonçalves – o “Velho”, em 1579.
As sesmarias estavam na lógica desse câncer histórico que é o
latifúndio no Brasil. A coroa portuguesa como forma de ocupar suas colônias
concedia o direito de uso, herança, mas não de propriedade, e obrigação de
exploração de terras que eram as capitanias hereditárias. Os donatários das
capitanias, por sua vez, tinham a prática de dividir suas terras em partes
menores, que eram as sesmarias, repetindo a prática de concessão.
A historiadora e pesquisadora Maria Nelma Carvalho Braga,
autora do livro “ O município de São
Gonçalo e sua história” – Ed. Apologia Brasil, fez uma interessante linha do tempo que eu
recortei (anexo) da minha edição (terceira edição, ainda independente).
Li a notícia, não posso confirmar, que com os seus trabalhos
a pesquisadora conseguiu que a Prefeitura oficializasse a data de 6 de abril,
data da entrega da Sesmaria a Gonçalo Gonçalves, em 1579, como marco fundante
da cidade.