Opinião
Não sou um jogador nessa partida, estou mais para espectador, torcedor e ainda meio perdido porque as ocupações do estádio são confusas. Busco o melhor lugar de observação e onde eu possa também manifestar minhas reações, minhas emoções.
Faço questão de ressalvar minha ignorância para aprofundar discussões sobre o que tenho aprendido e avaliado, ainda assim, incluo-me entre aqueles que apostam que a saída para o complexo labirinto de questões na região da Palestina seria a formação de um estado único, multinacional e laico, modelo África do Sul pós-apartheid e baseado na experiência histórica das lutas sul-africanas contra a discriminação racista naquelas paragens.
Isso daria fim ao atual estado de Israel que é incontestavelmente um estado somente judeu e para judeus, assim como a África do Sul do apartheid era um estado de brancos e só para brancos, onde negros eram cidadãos de segunda classe e sem direitos.
Não ignoro que esse tipo de escolha tem contra si um estigma
muito forte porque traz embutido o fim do estado de Israel que, mesmo
sendo apenas um simbolismo redutor, é dificílimo superar, um obstáculo para
fazer avançar qualquer debate. Ainda assim, a solução na qual aposto é a de um estado
laico, multinacional e com direção política determinada por seus habitantes de
qualquer etnia ou religião – um cidadão um voto.
Essa é uma alternativa tem sido apontada por importantes
analistas do setor ainda que seja de difícil de adoção no quadro atual de
composição das forças políticas e armadas, mas estou convencido que deveríamos
lutar por ela e divulga-la buscando adeptos.
Com um discurso bem mais competente, em artigo recente, Illan
Pappé, um professor da Universidade de Exeter (Inglaterra) se expressou assim:
“... há uma alternativa. Na verdade, sempre houve: uma
Palestina dessionizada, liberta e democrática do rio ao mar; uma Palestina
que acolha de volta os refugiados e construa uma sociedade que não discrimine
com base na cultura, religião ou etnia. Esse novo Estado trabalharia para
corrigir, tanto quanto possível, os males do passado, em termos de desigualdade
econômica, roubo de propriedade e negação de direitos. Isso pode anunciar um
novo amanhecer para todo o Oriente Médio...“ (texto publicado originalmente
publicado no Palestine Chronicle - acesso em 13/10/2023)
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