sábado, 14 de outubro de 2023

Gaza - Tomando partido

Opinião 

Não sou um jogador nessa partida, estou mais para espectador, torcedor e ainda meio perdido porque as ocupações do estádio são confusas. Busco o melhor lugar de observação e onde eu possa também manifestar minhas reações, minhas emoções.

Faço questão de ressalvar minha ignorância para aprofundar discussões sobre o que tenho aprendido e avaliado, ainda assim, incluo-me entre aqueles que apostam que a saída para o complexo labirinto de questões na região da Palestina seria a formação de um estado único, multinacional e laico, modelo África do Sul pós-apartheid e baseado na experiência histórica das lutas sul-africanas contra a discriminação racista naquelas paragens.

Isso daria fim ao atual estado de Israel que é incontestavelmente um estado somente judeu e para judeus, assim como a África do Sul do apartheid era um estado de brancos e só para brancos, onde negros eram cidadãos de segunda classe e sem direitos.

Não ignoro que esse tipo de escolha tem contra si um estigma muito forte porque traz embutido o fim do estado de Israel que, mesmo sendo apenas um simbolismo redutor, é dificílimo superar, um obstáculo para fazer avançar qualquer debate. Ainda assim, a solução na qual aposto é a de um estado laico, multinacional e com direção política determinada por seus habitantes de qualquer etnia ou religião – um cidadão um voto.

Essa é uma alternativa tem sido apontada por importantes analistas do setor ainda que seja de difícil de adoção no quadro atual de composição das forças políticas e armadas, mas estou convencido que deveríamos lutar por ela e divulga-la buscando adeptos.

Com um discurso bem mais competente, em artigo recente, Illan Pappé, um professor da Universidade de Exeter (Inglaterra) se expressou assim:

“... há uma alternativa. Na verdade, sempre houve: uma Palestina dessionizada, liberta e democrática do rio ao mar; uma Palestina que acolha de volta os refugiados e construa uma sociedade que não discrimine com base na cultura, religião ou etnia. Esse novo Estado trabalharia para corrigir, tanto quanto possível, os males do passado, em termos de desigualdade econômica, roubo de propriedade e negação de direitos. Isso pode anunciar um novo amanhecer para todo o Oriente Médio... (texto publicado originalmente publicado no  Palestine Chronicle - acesso em 13/10/2023)


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