Opinião
Quais foram os
principais objetivos dos ataques do 11 de setembro de 2001 nos EUA? Mostrar que
o gigante imperialista, apesar de sua imensa fortaleza, não é inatacável?
Forçar novas leituras do contexto geopolítico mundial e denunciar o papel dos
EUA? Trazer o medo e insegurança para dentro das fronteiras e lares americanos
que se consideravam inatingíveis, o mesmo medo sentido em lares distantes e
levados pela política externa americana?
Os ataques foram planejados com antecedência. Certamente
também foram avaliadas as consequências adversas para os seus executores e para
as populações que diziam representar. Um custo altíssimo foi pago. Vidas.
Os objetivos foram alcançados? Em parte, avalio que sim. Não
faço ideia, nem poderia, da relação custo/objetivos, mas certamente há um EUA e
uma sociedade americana pós 11 de setembro diferentes. Ambos menos senhores de
si quanto às suas possibilidades e isenções decorrentes dos seus atos. Quem sabe,
até, menos arrogantes.
Estou vendo assim, por ora, os acontecimentos em Israel e
Gaza. Suponho que não haja qualquer reação israelense que não tenha sido
prevista pelo Hamas. Salvo, naturalmente, um gesto de busca de entendimento e
solução para o conflito, mas esse tem probabilidade zero. No mais, nada será
novidade, nem mesmo a extinção efetiva da população de Gaza. O Hamas, por
deliberação direta ou instrumentalizado por outras forças políticas, decidiu
pagar o preço. Afinal, a moeda é a própria população palestina.
A ação do Hamas promoveu uma aglutinação de apoios políticos
a Israel. Agora sem fingimentos, o Hamas deu motivos. Violência injustificável,
um ataque armado e letal contra uma população civil desarmada. Então, já não é
preciso disfarçar que Gaza é um campo de concentração, a atenção total é sobre
as vítimas do ataque.
As narrativas que tenho ouvido fazem parecer que até o
último dia 7/10 a vida seguia tranquila e ordeira na região de Gaza, até que um
grupo de extremistas resolveu invadir o território israelense com mísseis e
tropas armadas assassinando e raptando civis.
No 11 de setembro americano houve algo parecido. Todo o
mundo contra Bin Laden! Tudo que foi orquestrado pela máquina de guerra dos EUA
foi endossado, justificado, aprovado. Guantánamo, Afeganistão, Iraque. Contudo,
também outros fatos ocorreram. O rei foi despido, verdades vieram à tona, a
falsa democracia americana já não engana ninguém. Se o mundo ganhou ou ganhará
com isso é questão não respondida.
E em Gaza? Estamos no meio dos acontecimentos e a moçada
local está literalmente no calor deles. As críticas que ouço ao governo de
Israel, em maioria, resumem-se em apontar a culpa do sistema de inteligência
israelense por não detectar com antecedência o ataque palestino. Quase ninguém
aponta com clareza a história da
permanente e recorrente violência do estado de Israel contra a população
palestina, incluindo a manutenção do campo de concentração de Gaza. É como se
não existisse uma população palestina que atormentada pela opressão israelense,
entre os seus espasmos de reação gerou deformidades como o Hamas.
Nós assistimos em casa, vemos a guerra pela TV, em certos
momentos até abaixamos o volume para que o som das explosões não incomode.
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