quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Ainda sobre Gaza e a Palestina

 Opinião

Quais  foram os principais objetivos dos ataques do 11 de setembro de 2001 nos EUA? Mostrar que o gigante imperialista, apesar de sua imensa fortaleza, não é inatacável? Forçar novas leituras do contexto geopolítico mundial e denunciar o papel dos EUA? Trazer o medo e insegurança para dentro das fronteiras e lares americanos que se consideravam inatingíveis, o mesmo medo sentido em lares distantes e levados pela política externa americana?

Os ataques foram planejados com antecedência. Certamente também foram avaliadas as consequências adversas para os seus executores e para as populações que diziam representar. Um custo altíssimo foi pago. Vidas.

Os objetivos foram alcançados? Em parte, avalio que sim. Não faço ideia, nem poderia, da relação custo/objetivos, mas certamente há um EUA e uma sociedade americana pós 11 de setembro diferentes. Ambos menos senhores de si quanto às suas possibilidades e isenções decorrentes dos seus atos. Quem sabe, até, menos arrogantes.

Estou vendo assim, por ora, os acontecimentos em Israel e Gaza. Suponho que não haja qualquer reação israelense que não tenha sido prevista pelo Hamas. Salvo, naturalmente, um gesto de busca de entendimento e solução para o conflito, mas esse tem probabilidade zero. No mais, nada será novidade, nem mesmo a extinção efetiva da população de Gaza. O Hamas, por deliberação direta ou instrumentalizado por outras forças políticas, decidiu pagar o preço. Afinal, a moeda é a própria população palestina.

A ação do Hamas promoveu uma aglutinação de apoios políticos a Israel. Agora sem fingimentos, o Hamas deu motivos. Violência injustificável, um ataque armado e letal contra uma população civil desarmada. Então, já não é preciso disfarçar que Gaza é um campo de concentração, a atenção total é sobre as vítimas do ataque.

As narrativas que tenho ouvido fazem parecer que até o último dia 7/10 a vida seguia tranquila e ordeira na região de Gaza, até que um grupo de extremistas resolveu invadir o território israelense com mísseis e tropas armadas assassinando e raptando civis.

No 11 de setembro americano houve algo parecido. Todo o mundo contra Bin Laden! Tudo que foi orquestrado pela máquina de guerra dos EUA foi endossado, justificado, aprovado. Guantánamo, Afeganistão, Iraque. Contudo, também outros fatos ocorreram. O rei foi despido, verdades vieram à tona, a falsa democracia americana já não engana ninguém. Se o mundo ganhou ou ganhará com isso é questão não respondida.

E em Gaza? Estamos no meio dos acontecimentos e a moçada local está literalmente no calor deles. As críticas que ouço ao governo de Israel, em maioria, resumem-se em apontar a culpa do sistema de inteligência israelense por não detectar com antecedência o ataque palestino. Quase ninguém aponta com clareza  a história da permanente e recorrente violência do estado de Israel contra a população palestina, incluindo a manutenção do campo de concentração de Gaza. É como se não existisse uma população palestina que atormentada pela opressão israelense, entre os seus espasmos de reação gerou deformidades como o Hamas.

Nós assistimos em casa, vemos a guerra pela TV, em certos momentos até abaixamos o volume para que o som das explosões não incomode.

 

#####


Nenhum comentário:

Postar um comentário