segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Qualquer coisa é qualquer coisa

 Opinião

Quem ler o editorial da Folha de São Paulo de ontem, 13/12/2020, domingo, mas sem saber a origem, poderá achar que está lendo uma irada publicação esquerdista. Veja extratos do editorial fazendo referências aos atributos e qualificações do presidente Bozo:

“estupidez assassina” ...  “irresponsabilidade delinquente” ... “molecagens com a vacina” ...  “cego por ambição política” ... “sabotador de primeira hora das medidas sanitárias” ... “principal responsável por esse conjunto de desgraças” ... “esbulha a confiança dos brasileiros” ... “com ajuda do fantoche apalermado posto no Ministério da Saúde” ... “abarrotou a diretoria da Anvisa com serviçais do obscurantismo” ...” não faltarão meios para obrigar Bolsonaro e seu círculo de patifes” .

Quem diria? Essa é a “opinião”  de um grupo político (o jornal é instrumento) golpista de 64 e que teve participação ativa, se não tiver sido também propositiva, no golpe de 2016. Esse editorial evidencia que o golpe explode em contradições internas e, consequentemente, em disputa de poder. O ataque ao governo miliciano é parte dessa disputa, mas também faz parte do projeto garantir a exclusão de Lula do cenário de disputas eleitorais.

Há tese que para as eleições presidenciais de 2022 busca-se a criação de um Biden tupiniquim suportado por uma frente ampla que reuniria golpistas e aproveitadores, além de equivocados  esquerdistas que nela embarcarem. Estou entre os que acham essa tese consistente e, em minha opinião, o voto de muitos militantes da esquerda em um  representante do DEM para prefeitura do Rio de Janeiro no segundo turno, em 2020, foi manifestação desse equívoco.

O discurso de “qualquer coisa, menos o Bozo” é tão apolítico quanto “qualquer coisa, menos o PT”. Afinal, qualquer coisa é qualquer coisa e esculachar o Bozo está longe de ser exemplo de madurez política. A própria direita o faz, sem dó nem piedade, se isso for conveniente.

 

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