Opinião
Estive presente na Marcha dos Excluídos (RJ) que esse ano
incluiu em seus temas a manifestação contra a anistia dos fascista que estão
sendo julgados no STF. A concentração para a Marcha foi na esquina das ruas
Uruguaiana e Presidente Vargas, no centro da cidade, em ponto vizinho ao
tradicional desfile militar que ocorreu no mesmo dia, 07/09/2025.
Em conversa
com uma amiga, ao lado do carro de som onde desfilavam as “intervenções” de
dois minutos dos representantes das entidades participantes do evento, surgiu
uma questão:
Por que os
discursos nos atos políticos da esquerda são tão chatos, tão desimportantes, e quase
insuportáveis?
Salvo em
situações ou oradores super especiais, não presto a mínima atenção aos
discursos nos atos políticos, embora tenha que tolerá-los,
contribuindo com a minha presença porque a quantidade de manifestantes valoriza
o ato.
Discursos talvez sejam importantes para o gado direitista que
via de regra precisa ser hipnotizado e guiado pelos ditos influencers. A galera
da esquerda que comparece aos atos políticos não está lá por um impulso
inconsequente nem atendendo a um chamado messiânico. Aliás, se for assim, a meu
juízo é melhor que não compareça. Os participantes sabem o que estão fazendo
lá, não precisam desse tipo de convencimento, e as tais “falações” não contribuem com nada.
Na concentração, entre os discursos aporrinhantes que ouvi, um orador, certamente sem ter o que
falar, mas sem abrir mão de ocupar o microfone,
fez recomendações para que eu estivesse atento ao meu voto em 2026.
Puta que pariu! Saio
num domingo ou feriadão para engrossar e referendar um ato político que acho
importante, e ouço uma recomendação desse tipo de um boquirroto que perdeu a
oportunidade de ficar calado. Tenha paciência!
Seria bom se os coordenadores dos atos, via de regra
emergentes das organizações sindicais, mudassem suas abordagens. Quem sabe uma
cantoria, uma música, uma festa. Já estamos em campo, precisamos mais dos
cantos e dos batuques de animação para as lutas do que essas falações água de
batata, que só enchem o saco sem despertar a atenção de um único participante,
e sem agregar uma vírgula sequer às nossas motivações.
Por razões históricas, o repertório musical nacional está
repleto de obras de fundo e motivações políticas que embalam multidões de
militantes em seus primeiros acordes. Seus refrões dizem muito mais que os recorrentes
e insípidos discursos de representantes de entidades, na medida em que são sínteses emocionais e
poéticas de desejos e de experiências de lutas.
Não se trata de excluir completamente os discursos, há a
necessidade de divulgar informações, apoios, participações etc. Contudo, vale
resgatar que as cantorias políticas já decorrem justamente dos discursos e dos
enfrentamentos. Em coro e por serem populares, são capazes de elevar as manifestações
a um patamar bem superior de participações. Precisamos de um DJ engajado! ###
Eram comuns as humoradas paródias musicais sobre atualidades, como “Um Dia de Domingo” (versão Família Passos), no YouTube. Abração do Crenato.
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