Opinião
Observo
que o juiz Mandão vem se transformando numa espécie de herói da vez para
alguns esquerdistas precipitados. Dado que a eleição de Lula provocou um vácuo
temporário nos poderes executivo e legislativo, o judiciário restou como a
referência institucional da estrutura republicana brasileira e, nesse cenário,
a reação do agora presidente do TSE às práticas da extrema direita, desde antes
do pleito presidencial, projetam a figura do juiz como esteio desse nosso arremedo
de democracia liberal.
Será
uma boa prática se os esquerdistas pisarem devagarinho no chão do palco onde se
desenrola o drama político brasileiro, onde atores diversos performam múltiplos
e contraditórios personagens. Alguns parecem ter esquecido, mas o reverenciado
juiz fez sua história política nas hostes da direita conservadora, e seu último
posto antes do STF foi o de ministro do governo golpista Temer. Além do mais, uma
das suas primeiras atuações já empossado no STF foi contribuir para a prisão de
Lula.
Como
não existe vácuo político, o ex-ministro golpista parece vestir os atributos
ideais da sonhada terceira via infrutiferamente buscada pela direita que já trocou
olhares de amores com outros magistrados, a saber: o Batman brasileiro do
mensalão, Joaquim Barbosa, e o patético juiz de primeiro piso defenestrado pela
própria justiça como “juiz ladrão”.
Por
mais convenientes que possam ter sido algumas das suas decisões, o juiz e
ex-ministro golpista não consegue disfarçar o autoritarismo que exala pelos
seus poros e que deveria estar longe dos ideais e projetos da esquerda. Esse endosso
quase cego, e até alienado, que observo em esquerdistas precipitados rendendo
homenagens ao juiz mandão é um equívoco, uma canoa furada que não tardará a
fazer água, logo ali na frente, no início do mandato do novo governo. (elaborado em 24/11/2022)
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