sábado, 13 de junho de 2020

Me dá um dinheiro aí!


Opinião


Demorou um pouco, mas o “entendimento” chegou à parte mais sensível do corpo: o bolso!

O guru estadunidense abriu o verbo e ameaçou a derrubada “... dessa merda de governo”.  Comprometido com suas responsabilidades, não deixou de dar orientações políticas: “... enfia essa condecoração no seu cú”.

O que o guru queria mesmo era um dindim. Logo providenciaram para ele um calaboca de alguns milhões. Resultado de uma vaquinha. Alguns com mais informações sugerem que a suposta vaquinha teria pastado em recursos públicos.

Outros parceiros também  começam a enxugar as lágrimas: os chacais do Centrão. Abocanharam cargos públicos, porém mais do que os salários que ganharão o que lhes interessa mesmo são as verbas que poderão administrar. Muita grana!

Esperava-se que o MCTI - Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações fosse desocupado para ser negociado. Em vez disso, recriou-se o falecido Minicom enxertado com novas funções e com o seu orçamento mais atrativo. O cargo de ministro foi para o genro do Silvio Santos que é do Centrão. O MCTI desmembrado permanece útil para futuras barganhas.

Governadores que insinuaram rebeldia estão acossados pela PF. O sniper do Rio de Janeiro pediu arrego na primeira prensa que levou. O herdeiro do clã Barbalho, no Pará, está mordido nos calcanhares pelos farejadores da PF. O midiático governador de São Paulo botou as barbas de molho porque já foi avisado que a sua batata assando. O ruralista de Goiás até anunciou um rompimento, mas se fechou em copas. Afinal, membro da UDR que se preze não rompe com governo reacionário.

Na Câmara, Maia Junior afinou o discurso, finge que estica a corda, com bastante cuidado para não romper. O chefe do Senado fez firula. Rejeitou a MP que daria poderes ao sinistro da Educação para nomear reitores biônicos. Quem não te conhece que te compre!  Esse cara foi levado ao cargo numa briga de foice denunciada até pelos seus pares. Sua eleição foi considerada a primeira vitória política do Bozo pós-eleição. Nada sairá dali porque de onde não se espera nada é que  não sai nada mesmo.

O pessoal da capa preta, vagabundos conforme o sinistro da Educação, sentiram-se violados em seus pudores. Quem diria!  Revidaram autorizando a publicação daquela pornoreuniãoministerial. Aqui e acolá fazem despachos onde insinuam outras retaliações, mas sabem que uma reação à altura desvelaria suas próprias cumplicidades. Foram coniventes na trama que destituiu a Dilma e desaguou na eleição desse governo fascista. O Bozo está dando um tempo. Colocará seu pessoal lá dentro e um deles será “terrivelmente evangélico”. Cá pra nós, nem será novidade se aparecer no STF mais um general fardado, de pijamas, toga ou cuecas, quem sabe.

Por falar em general, tem a turma que apareceu com a recomendação: ”Quem me mandou aqui foi o Gandola!”. Essa turma é geneticamente golpista. Sempre buscou compensar sua natureza desenvolvendo seu lado de competência técnica inegável em diversas áreas, mas a natureza parece ser mais forte. O governo está prenhe de incapazes com distintivos e insígnias que estão conseguindo degradar até o histórico de competência.  Salários altos trocados por fidelidade.

Porém, muito, muito, muito mais importante do que as tratativas com o Centrão, o Maia júnior, governadores, Senado, com algum mamulengo no STF ou os indicados pelo Gandola serão aquelas com o PIG – Partido da Imprensa Golpista. A indignada tríade marrom: estadão-folhão-globão.

Não nos enganemos. Se forem bem irrigados com as verbas de propaganda que desejam, esse fingimento midiático sobre:  pretos, marielle, paraisópolis, pobres, sobradinhovale, índiomortoqueimadas” e outros acabará. Essas pautas  cederão espaço para: “agroépop,  empreendedorismo,  computadornaescola” e mais o que for necessário para maquiar a cara desse governo genocida.

Embarcar na possibilidade de alianças ou arranjos de qualquer natureza com esses atores é uma furada. Será ignorar o papel deles e o nosso.

Não é possível qualquer aliança com essa turma sob a perspectiva de uma transformação da ordem social em nosso país que seja favorável à maioria da população, aos seus trabalhadores ou à correção de históricas e monstruosas distorções na distribuição da riqueza que produzimos.

Muito menos à criação de um espaço onde seja possível efetivamente avançar as temáticas de discriminações sociais, de preservação ambiental e de outras ordens que, felizmente e finalmente, a própria organização popular está colocando em pauta,  rompendo bolhas institucionais.

Nossos objetivos são conflitantes, e mesmo os que parecem comuns, só parecem. 

Isso não exclui a agregação e aglutinação nas lutas de participantes diversos. Mas, se existirem ações comuns que elas se consolidem  nas ruas, na prática e nas lutas para botar pra fora esse governo fascista e capataz do capitalismo.

Nesse momento, as fronteiras de nossas diferenças estão demarcadas pelas palavras de ordem: Fora Bolsonaro e Mourão!.  E não haverá grana que apague essas diferenças, nem santo casamenteiro que abençoe essas alianças.
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