sexta-feira, 24 de maio de 2024

Não haverá sustentabilidade no capitalismo

 Opinião

Sou completamente descrente em relação aos movimentos que buscam um certo “desenvolvimento sustentável”. Não nego que sejam iniciativas bem intencionadas, nem as rejeito, mas elas se incluem nas expectativas de transformações através da “educação”, palavra mágica apontada recorrentemente como panaceia para todas as nossas dificuldades.

Alterar o quadro absurdo onde a espécie humana parece caminhar desenfreadamente em direção a auto extinção implica numa troca de valores sociais por outros que conflitam diretamente com os da sociedade capitalista, e nenhum sistema educacional capitalista realizará essa tarefa porque não há como mudar o processo educacional sem uma correspondente mudança nas relações sociais.

Conforme exemplifica o filósofo húngaro István Mészáros, a propósito das funções e limitações do sistema educacional, seria um absurdo imaginar no ambiente da antiga ordem feudal um sistema educacional que considerasse a hipótese de submissão da classe dominante de então pela dominação dos servos como classe.

“... Podem-se ajustar as formas pelas quais uma multiplicidade de interesses particulares conflitantes se deve conformar com a regra geral preestabelecida da reprodução da sociedade, mas de forma nenhuma se pode alterar a própria regra geral.” [MÉSZÁROS, István, A educação para além do capital. – Editora Boitempo, 2008 ]

Da mesma forma, é um absurdo esperar que o sistema educacional vigente considere a hipótese do fim da exploração do homem pelo homem que é o sustentáculo da sociedade capitalista e  condição absolutamente necessária de ser superada para que as relações sociais se estabeleçam em um patamar superior, isto é, o fim da exploração do planeta como propriedade privada.

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