segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Se Lula viesse aqui

 Opinião

 

As declarações de Lula no exterior sobre a questão de Gaza, sem os filtros da diplomacia formal, são uma exposição política ousada e acertada. Poderiam ser uma cagada não fosse Lula o declarante (apesar de seus eventuais deslizes) e se não fossem consistentes conforme atestam inúmeros analistas de referências internacionais.

 

 Depois de três meses de bombardeio continuado da Faixa de Gaza pelas tropas de Israel, os números redondos são assustadores: 24.210 palestinos mortos, sete mil desparecidos, 60 mil feridos ou mutilados, e cerca de 1,5 milhão de desabrigados, sendo 80% dos mortos e feridos, mulheres e crianças.” (extrato de artigo do prof. Jose Luis Fiori – UFRJ)

 

As declarações de Lula promovem um mal-estar geral nos núcleos domésticos de alinhamento político acrítico com o imperialismo  americano, mal-estar que ressoa através das críticas aos pronunciamentos do sapo barbudo, seja por análises de comentaristas ou pelas construções das redações de notícias sobre o fato.

Lula precisaria fazer uma viagem dessas ao Brasil, ser instigado com perguntas sobre a situação econômico-politica nacional e, então, rebater de bate-pronto, apontando a necessidade de  transformações e de engajamento popular, certamente causando mal-estar da corja que domina grande parte do poder por aqui.

Em vez disso, o presidente deixa vigorar a ilusão que transformações serão possíveis bastando mudanças na administração do atual estado das coisas e com as suas inegáveis habilidades de negociações, de acordos eleitorais ou compra de apoio parlamentar. Ele até discursa, mas não ousa ultrapassar a linha vermelha. Parece que na política interna o governo teme ser convocado para  repreensões. ###

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