Opinião
As declarações de Lula no exterior sobre a questão de Gaza, sem
os filtros da diplomacia formal, são uma exposição política ousada e acertada. Poderiam
ser uma cagada não fosse Lula o declarante (apesar de seus eventuais deslizes)
e se não fossem consistentes conforme atestam inúmeros analistas de referências
internacionais.
“Depois de três meses de bombardeio
continuado da Faixa de Gaza pelas tropas de Israel, os números redondos são
assustadores: 24.210 palestinos mortos, sete mil desparecidos, 60 mil feridos
ou mutilados, e cerca de 1,5 milhão de desabrigados, sendo 80% dos mortos e
feridos, mulheres e crianças.” (extrato de artigo do prof. Jose Luis Fiori –
UFRJ)
As declarações de Lula promovem um mal-estar geral nos
núcleos domésticos de alinhamento político acrítico com o imperialismo americano, mal-estar que ressoa através das críticas
aos pronunciamentos do sapo barbudo, seja por análises de comentaristas ou pelas
construções das redações de notícias sobre o fato.
Lula precisaria fazer uma viagem dessas ao Brasil, ser
instigado com perguntas sobre a situação econômico-politica nacional e, então,
rebater de bate-pronto, apontando a necessidade de transformações e de engajamento popular, certamente
causando mal-estar da corja que domina grande parte do poder por aqui.
Em vez disso, o presidente deixa vigorar a ilusão que transformações
serão possíveis bastando mudanças na administração do atual estado das coisas e
com as suas inegáveis habilidades de negociações, de acordos eleitorais ou compra
de apoio parlamentar. Ele até discursa, mas não ousa ultrapassar a linha
vermelha. Parece que na política interna o governo teme ser convocado para repreensões. ###
Nenhum comentário:
Postar um comentário