domingo, 11 de fevereiro de 2024

Outro dia 8 – agora fevereiro 2024

 

Opinião

 

Novidade mesmo nos eventos de 8 de fevereiro foram as apreensões do passaporte do ex-presidente, a prisão de um coronel e um major do Exército, além de outro coronel que ainda não foi preso por estar no exterior,  e as ações de busca, apreensão e ações cautelares contra três generais do Exército e um almirante da Marinha. Afinal, praticamente toda essa corja já se mostrou explicitamente golpista em outras oportunidades.

Os investigadores parecem querer isolar o ex-presidente antes de uma ação de maior porte contra ele, talvez sua prisão, certamente já existem provas para tal. Mas, também salta aos olhos o cagaço em se avançar sobre o campo militar - esse grupo armado que traz em sua gênese o golpismo e a presunção de ser  casta superior da sociedade.

São eventos para comemorar, mas será otimismo infantil ignorar o consistente apoio popular aos golpistas já manifesto em diversos eventos promovidos pela extrema-direita, com ápice no 8 de janeiro de 2023 quando o gado fascista se autoimolou. Quem achar que as revelações de 8 de fevereiro último provocarão um choque de assombro no comportamento dessa galera estará bastante enganado.

O pau no cu da militância de esquerda é que a tal “democracia” está em um nível de abstração diferente e distante do mundo real da população e de suas necessidades. Grande quantidade dos habitantes no mundo real sequer sabe se democracia é coisa de comer, de beber ou de passar no cabelo. Afinal, o tal estado democrático de direitos não paga dívidas, não abriga da chuva, não toma conta das crianças enquanto se trabalha e nem compra nem manda trazer a felicidade. E a esquerda, infelizmente, ainda não conseguiu demonstrar o vínculo entre a democracia e as necessidades sociais com a clareza necessária para um engajamento popular. Falha nossa!

Na pratica, findo o Carnaval, a pergunta que precisa ser respondida é: em que medida os eventos de 8 de fevereiro afetarão efetivamente a vida dos tantos que estão fudidos, catando emprego e tendo que caçar um leão por dia? Ou a vida daqueles que até têm emprego, mas com um salário de merda e praticamente escravizados em seus compromissos e necessidades? E na vida de outros que com suas famílias passam sufoco sob  jugos criminosos em alguma região, quando não estão numa fila implorando por um atendimento de saúde?

Assim, o mote para as conversas de militância precisa partir das necessidades e as desigualdades antes mesmo da defesa desse ilustre  e estranho desconhecido “estado democrático de direito”, tão estranho quanto foi o tal de Roque Enrow  para o pai lírico da Rita Lee.

Fome, miséria, insegurança, desemprego, arrisco dizer - desconhecidos por parte importante da militância - precisamos partir  desses elementos comuns e óbvios da realidade social e apontar, tentando convencer outros, que os ataques à tal democracia são uma prática da classe dominante para manter o quadro de exploração. Essa é a tarefa principal da militância da esquerda. Não é mole, mas ninguém disse que seria. ###

 

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