Opinião
Sabemos
que a história não é uma coisa sem vida, inerte, de relatos acabados e
imutáveis. Ao contrário, ela é viva, tem movimento permanente e as narrativas dos
fatos e suas interpretações são disputadas pelas gerações.
No
Brasil, infelizmente, a historiografia oficial ainda prevalece como o relato
das classes dominantes desde a nossa fundação como nação. Não é de espantar o
"esquecimento" de trajetórias negras e de muitas outras.
Mas, há exceções importantes. E a mais
significativa é exatamente a que se comemora hoje, o dia da Consciência Negra,
20 de novembro. Uma celebração que avançou como fruto das lutas empreendidas
pelos chamados movimentos negros, e que se impôs ao marco oficial do 13 de Maio
da lei Áurea. Deixou de ser uma celebração alternativa, e hoje é uma celebração
nacional, impregnada de significados políticos que atrelam a data comemorativa às
lutas e memórias populares, completamente aderentes à realidade social.
Infelizmente,
isso ainda não ocorreu com outros episódios históricos. A Inconfidência
Mineira, a Independência, a Proclamação da República, assim como os seus
protagonistas, ainda são celebrações impostas pela história oficial, mas sem
qualquer relação com a população em geral que as tem apenas como datas
simbólicas aprendidas no ensino escolar.
Fatos
históricos importantes, como a Revolta da Chibata e seus protagonistas, João
Cândido Felisberto exemplo de verdadeiros heróis, ainda hoje são explicitamente
censurados, ao mesmo tempo em que se têm notícias das tentativas de enfiar
goela abaixo dos brasileiros, como se fosse data a comemorar, a celebração de
eventos vergonhosos como o golpe de 64.
Tomara
que o desenvolvimento sociopolítico brasileiro permita o resgate de uma
história que trace os caminhos das lutas sociais na formação do nosso país, de
seus líderes e de seus simbolismos. Mas, antes de tudo, é necessário que essa
situação não seja encarada como uma lástima e, sim, como um estímulo e
obstáculo a superar.
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