sábado, 19 de junho de 2021

É um beco, mas tem saída

 

Opinião


A expressão “ socialismo”, quando não é execrada sem qualquer consideração, provoca discussões recorrentes e pertinentes que mostram o exercício do pensar:   E a social democracia? O que a experiência nos ensina? E os modelos socialistas: URSS, leste europeu, Cuba, China, Coreia que destino tiveram? E os modelos escandinavos?

 

A resposta é imediata: nenhuma experiência  que tenha como objetivo  aumentar a quantidade de pessoas que melhorarão suas qualidades de vida deve ser desconsiderada.  Não buscamos uma fantasia, mas uma transformação concreta e positiva das condições e relações sociais.

 

É certo que o olhar sobre as condições de vida de alguns países, notadamente  os escandinavos e nórdicos, além de outros da Europa central, desperta em nós, sofridos brasileiros, o desejo de vivenciar aquelas experiências e devemos buscá-las. Mas, não nos iludamos. Essas supostas alternativas são sociedades que vivem nos marcos  capitalistas, com os valores e determinações desse modo de produção. Na prática, isso significa: não tem para todo mundo!

 

Se, num passe de mágica, os países da Europa e das Américas passassem a ser administrados por governos com as mesmas referências políticas dos invejados  países escandinavos e nórdicos, ou das “avançadas” democracias europeias, ainda assim, a natureza simplesmente não resistiria. É desanimador,  mas o capitalismo já provocou esse estrago.  Nesse suposto cenário não teríamos mais do que uma centena de anos de indispensáveis recursos naturais para a nossa espécie. O capitalismo é assim, consome e destrói até  nossa possibilidade de existência.

 

Não se trata de buscar um capitalismo bem administrado, mas de superá-lo.

 

Naturalmente em nossas formulações sempre buscamos colocar um pé no futuro, mas, conscientes que não devemos distrair a atenção do pé que continua no presente, em nossa realidade cotidiana de necessidades e de luta por essas necessidades. E esse presente é um campo de disputas onde extratos da classe dominante – capitalista -  buscam conservar seus privilégios, ainda que eles próprios estejam sujeitos a um futuro sem futuro.

 

Forma-se, nesse presente, a concentração de grupos capitalistas. Alguns se organizam transnacionalmente apresentando-se como corporações apátridas, e outros aglutinam seus domínios sob bandeiras estatais e até confundem-se com governos. Não é sem razão que alguns têm dúvidas se a China é capitalista.

 

O fato é que já não conseguimos distinguir as corporações exclusivamente privadas daquelas que se elidem sob a bandeira de estados-nações. Uns e outros traçam seus planos: ora como estratégias empresariais, ora como intervenções geopolíticas estatais. Concorrem entre si, mas sempre determinados pela lógica de circulação do capital em suas várias formas e em sua verdade inexorável: o capital é valor que se valoriza, mas a única mercadoria que efetivamente produz valor é a força de trabalho humano.

 

O capitalismo é o grande inimigo a ser enfrentado e vencido. Por isso o socialismo. Trata-se de um beco, mas tem saída. Embora saibamos que será foda ultrapassá-la. 

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