Opinião
A expressão “ socialismo”, quando não é execrada sem
qualquer consideração, provoca discussões recorrentes e pertinentes que
mostram o exercício do pensar: E a social democracia? O que a experiência
nos ensina? E os modelos socialistas: URSS, leste europeu, Cuba, China, Coreia
que destino tiveram? E os modelos escandinavos?
A resposta é imediata: nenhuma experiência que tenha como objetivo aumentar a quantidade de pessoas que melhorarão
suas qualidades de vida deve ser desconsiderada. Não buscamos uma fantasia, mas uma
transformação concreta e positiva das condições e relações sociais.
É certo que o olhar sobre as condições de vida de alguns
países, notadamente os escandinavos e
nórdicos, além de outros da Europa central, desperta em nós, sofridos
brasileiros, o desejo de vivenciar aquelas experiências e devemos buscá-las. Mas,
não nos iludamos. Essas supostas alternativas são sociedades que vivem nos marcos
capitalistas, com os valores e
determinações desse modo de produção. Na prática, isso significa: não tem para
todo mundo!
Se, num passe de mágica, os países da Europa e das Américas
passassem a ser administrados por governos com as mesmas referências políticas dos
invejados países escandinavos e nórdicos,
ou das “avançadas” democracias europeias, ainda assim, a natureza simplesmente não
resistiria. É desanimador, mas o capitalismo
já provocou esse estrago. Nesse suposto
cenário não teríamos mais do que uma centena de anos de indispensáveis recursos
naturais para a nossa espécie. O capitalismo é assim, consome e destrói até nossa possibilidade de existência.
Não se trata de buscar um capitalismo bem administrado,
mas de superá-lo.
Naturalmente em nossas formulações sempre buscamos
colocar um pé no futuro, mas, conscientes que não devemos distrair a atenção do
pé que continua no presente, em nossa realidade cotidiana de necessidades e de
luta por essas necessidades. E esse presente é um campo de disputas onde
extratos da classe dominante – capitalista - buscam conservar seus privilégios, ainda que
eles próprios estejam sujeitos a um futuro sem futuro.
Forma-se, nesse presente, a concentração de grupos
capitalistas. Alguns se organizam transnacionalmente apresentando-se como
corporações apátridas, e outros aglutinam seus domínios sob bandeiras estatais
e até confundem-se com governos. Não é sem razão que alguns têm dúvidas se a
China é capitalista.
O fato é que já não conseguimos distinguir as corporações
exclusivamente privadas daquelas que se elidem sob a bandeira de
estados-nações. Uns e outros traçam seus planos: ora como estratégias empresariais,
ora como intervenções geopolíticas estatais. Concorrem entre si, mas sempre
determinados pela lógica de circulação do capital em suas várias formas e em sua
verdade inexorável: o capital é valor que se valoriza, mas a única mercadoria
que efetivamente produz valor é a força de trabalho humano.
O capitalismo é o grande inimigo a ser enfrentado e vencido. Por isso o socialismo. Trata-se de um beco, mas tem saída. Embora saibamos que será foda ultrapassá-la.
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