Opinião
Redigido em 07/11/2020
Na
conjuntura política específica, a
derrota do Donald nos EUA foi importante porque coloca na sequência de tiros
o Pateta, aqui, no Brasil. Porém, daí a festejar o resultado como vitória da
democracia e apontar as tentativas de golpe nas eleições americanas como uma
novidade que ameaça o conceito universal de democracia será um equívoco. Uma
armadilha na qual a militância de esquerda brasileira não deveria cair.
Pode até ser
que muitos desavisados só agora tenham compreendido que a democracia liberal como
um todo, entre elas a norte-americana, é uma grande farsa. Uma fantasia que a
disputa pelo poder rasgou feito roupa de bailarina em briga de puteiro ou
carnaval de rua – tudo ficou à mostra.
Contudo, para
a militância de esquerda latino-americana que pensa e reflete sobre as relações
políticas não há novidade, embora possa existir alguma surpresa pelo fato dos
litigantes terem deixado portas e janelas abertas permitindo que os tapas e
xingamentos viessem a público. Descuido ou subestimação? Monarcas e senhores
feudais não faziam questão de privacidade quando discutiam entre si planos de
seus interesses. Os serviçais eram considerados seres inferiores – sem olhos
nem ouvidos – estavam ali, à disposição, para servir aos seus desejos e
necessidades.
A tentativa
de golpe praticada por um dos lados nas eleições americanas – ainda está em
andamento – poderá até ser frustrada lá,
nos EUA, mas, aqui, no Brasil e em diversos países da America Latina, elas
deram certo. E foram bancadas pelos
dirigentes do império norte-americano, justamente por essa democracia fajuta e
escrota de Democratas e Republicanos.
Biden e
Trump são farinhas de mesmo saco. A imprensa (incluindo agências internacionais
importantes), que é um dos instrumentos dessa farsa, se desdobrará em análises
para tapar buracos e discorrer sobre a grandeza das instituições democráticas
americanas, mas isso será conversa para boi dormir.
É possível
que essa conversa até emprenhe o ouvido de muitos eleitores cariocas, essa
sociedade de “espertos” e “malandros” que tem dado sucessivas provas de sua
esperteza e malandragem através das figuras que têm levado ao poder nas
prefeituras da capital e governos do estado.
Se o golpe
de Trump não der certo nos EUA agora, aqui ele já funcionou antes – golpe de
estado, contra o resultado das eleições – as mesmas acusações que fazem ao
Donald e que tiveram como consequência a eleição fraudada do Pateta.
O
espetáculo televisivo em torno das eleições americanas, não nos enganemos, é de
briga de milícias. Disputa de banqueiros e chefes de quadrilhas por pontos de
jogo, de prostituição, de distribuição de drogas e de domínio de tráfico. Não
em um país nem uma comunidade das
grandes cidades latino-americanas. Mas, em âmbito internacional.
Se para muitos a tentativa de golpe nos EUA está sendo vista como novidade, aqui deveríamos saber a lição de cor e salteada (ou assaltada). E as bajulações e manifestações de um grande número dos principais comentaristas das redes de TV tem sido nojentas. Só não são menores que as lambidas da família Bozo no saco do Trump, nem a vassalagem inadmissível das forças armadas brasileiras que concordaram com a entrega de Alcântara e o uso das nossas fronteiras para as ações estadunidenses (Biden ou Trump) contra a Venezuela e outros propósitos.
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