sexta-feira, 10 de julho de 2020

O Lado Sombrio da Força


Leituras para distrair


Eu fiz essas anotações ainda em 2018 quando li uma notícia e assisti um vídeo com depoimento de uma mãe negra sobre discriminação praticada por crianças em relação à sua filha. Eu ia publicar as anotações, mas desisti porque achei de muito baixo astral, e também porque poderia parecer estar surfando em ondas de um mar que eu mal conheço. Guardei as anotações.

Nos últimos meses, no embalo da divulgação dos conflitos nos EUA, a questão do racismo no Brasil ganhou algum foco, ainda que tenham sido apenas relances, permitindo a exposição e confronto entre mitos e realidades do racismo por nossas bandas. Hoje não me sinto mais capaz do que quando embotei meus comentários, mas até por isso, por não saber muito como contribuir, mudei a opinião e resgatei as observações para não deixar o assunto esquecido, uma tentativa de mínima colaboração no enfrentamento dessa doença social que é o racismo.

O vídeo (link ao final) bateu forte e me alertou, então achei que poderia ser um alerta para todos nós. Um alerta para evitarmos cair na armadilha de detalhes que passam despercebidos e que nos levam (não me excluo) a repetir e realimentar preconceitos e discriminações.

Em casa, em família, ensinamos e praticamos valores que são referências para os nossos pequerruchos, porém a prática da relação social se dá no ambiente externo, no mundo onde eles estão inseridos e posicionados por nós buscando o melhor para eles.

Além do mais, o nosso mundo atual não é mais aquele de gerações anteriores, onde a convivência se dava em espaços públicos de bairros populares, entre famílias de baixo poder socioeconômico e sem distinções expressivas em seus ganhos. Vivendo os mesmos tipos de necessidades e, muitas vezes, se apoiando em laços de solidariedade que não deixavam muitas oportunidades para discriminações, embora essas existissem.

O mundo da nossa meninada é naturalmente outro. Com trabalho e esforço tem sido possível oferecer a eles recursos e oportunidades que muitos não tivemos.  Viabilizamos para eles o ingresso e a participação em um mundo que é de acesso restrito e que possivelmente esteve fechado para muitos entre nós. Mas, esse espaço que abrimos, essas possibilidades, na maior parte das vezes são privilégios de um mundo branco, elitista, preconceituoso, discriminatório e também sedutor. E nesse mundo os nossos pequeninos ficam imersos, expostos e quase indefesos, ainda que armados pelos valores que conseguimos transmitir.

Redobra, então, a nossa responsabilidade e necessidade de atenção. Armamos nossas crianças com nossos valores morais e éticos. Somos escudeiros, mas quem enfrentará as disputas serão eles. Nosso papel é rever e verificar a cada dia e a cada momento se o armamento está suficiente, se está no lugar. Se tem sido usado e se estão sabendo fazer uso dele.

Não dá para ir para as batalhas no lugar deles. Daí, precisamos repetir as instruções. Encher o saco. Cuidar e observar se esses nossos cavaleiros jedaizinhos estão preparados para enfrentar e rechaçar as tentações, sem que sejam levados para o Lado Sombrio da Força.

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Vídeo do canal Youtube de Ana Paula Xongani – acessado em 09/072020 em <https://www.youtube.com/watch?time_continue=42&v=5fBhjPzXNi4&feature=emb_logo>

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