Leituras para distrair
Eu fiz
essas anotações ainda em 2018 quando li uma notícia e assisti um vídeo com
depoimento de uma mãe negra sobre discriminação praticada por crianças em
relação à sua filha. Eu ia publicar as anotações, mas desisti porque achei de
muito baixo astral, e também porque poderia parecer estar surfando em ondas de
um mar que eu mal conheço. Guardei as anotações.
Nos últimos
meses, no embalo da divulgação dos conflitos nos EUA, a questão do racismo no
Brasil ganhou algum foco, ainda que tenham sido apenas relances, permitindo a exposição
e confronto entre mitos e realidades do racismo por nossas bandas. Hoje não me
sinto mais capaz do que quando embotei meus comentários, mas até por isso, por não
saber muito como contribuir, mudei a opinião e resgatei as observações para não
deixar o assunto esquecido, uma tentativa de mínima colaboração no
enfrentamento dessa doença social que é o racismo.
O vídeo (link
ao final) bateu forte e me alertou, então achei que poderia ser um alerta para
todos nós. Um alerta para evitarmos cair na armadilha de detalhes que passam
despercebidos e que nos levam (não me excluo) a repetir e realimentar preconceitos
e discriminações.
Em casa, em
família, ensinamos e praticamos valores que são referências para os nossos
pequerruchos, porém a prática da relação social se dá no ambiente externo, no
mundo onde eles estão inseridos e posicionados por nós buscando o melhor para
eles.
Além do mais, o nosso
mundo atual não é mais aquele de gerações anteriores, onde a convivência se
dava em espaços públicos de bairros populares, entre famílias de baixo poder
socioeconômico e sem distinções expressivas em seus ganhos. Vivendo os mesmos
tipos de necessidades e, muitas vezes, se apoiando em laços de solidariedade
que não deixavam muitas oportunidades para discriminações, embora essas existissem.
O mundo da nossa meninada é naturalmente outro. Com trabalho e esforço tem sido possível
oferecer a eles recursos e oportunidades que muitos não tivemos. Viabilizamos para eles o ingresso e a
participação em um mundo que é de acesso restrito e que possivelmente esteve
fechado para muitos entre nós. Mas, esse espaço que abrimos, essas
possibilidades, na maior parte das vezes são privilégios de um mundo branco,
elitista, preconceituoso, discriminatório e também sedutor. E nesse mundo os
nossos pequeninos ficam imersos, expostos e quase indefesos, ainda que armados
pelos valores que conseguimos transmitir.
Redobra,
então, a nossa responsabilidade e necessidade de atenção. Armamos nossas
crianças com nossos valores morais e éticos. Somos escudeiros, mas quem enfrentará
as disputas serão eles. Nosso papel é rever e verificar a cada dia e a cada
momento se o armamento está suficiente, se está no lugar. Se tem sido usado e
se estão sabendo fazer uso dele.
Não dá para
ir para as batalhas no lugar deles. Daí, precisamos repetir as instruções.
Encher o saco. Cuidar e observar se esses nossos cavaleiros jedaizinhos estão
preparados para enfrentar e rechaçar as tentações, sem que sejam levados para o
Lado Sombrio da Força.
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Vídeo do
canal Youtube de Ana Paula Xongani – acessado em 09/072020 em <https://www.youtube.com/watch?time_continue=42&v=5fBhjPzXNi4&feature=emb_logo>
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