sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A única justificativa do voto fascista é a opção pelo fascismo



Opinião


Eu não nego genericamente as análises que tentam mostrar as razões das escolhas pelo candidato Bozo. Tenho discordâncias aqui e acolá, algumas de conteúdo, outras de forma. Algumas de porte e outras nem tanto.  Contudo, nenhuma dessas análises justifica o fato de alguém entregar o voto a uma candidatura de cunho explicitamente fascista.

Se brancos, negros, gays, heterossexuais, mulheres, homens, cisgêneros, transgêneros ou coisa que o valha votaram ou votarão no Bozo, isso não deveria ser um destaque de argumentação. Os votos não poderiam ser gatos, cachorros nem marcianos. Afinal, a sociedade é assim. Múltipla, diversa. Quem acha que não pode ser assim é exatamente o pensamento fascista.

Mas, não estou falando em tese, nem por hipóteses. Estou falando na candidatura fascista que venceu no primeiro turno e está colocada para o segundo turno. Essa candidatura se revela e se expressa através de teses tais como:

“eu defendo a ditadura”, “eu vou fechar o congresso”, “(negros) não servem nem para procriar”, “não te estupro porque você não merece”, “agente vai varrer esses vagabundo daqui”, “o erro foi torturar e não matar”, “viadinho tem que apanhar”.

São desnecessários outros exemplos, mas vale resgatar o brado retumbante do candidato diante de uma plateia de milhões de pessoas

“ pela memória do coronel Carlos Brilhante Ustra!”.

Ustra foi um torturador que levou crianças, filhos e familiares de torturados, para presenciar sessões de torturas ( e não me venham com réplicas dizendo que são factoides ou fake news).

É comum entre os da minha geração termos amigos que foram aprisionados por essa ditadura que o candidato faz apologia. Então, como é possível ir a uma urna e deliberadamente depositar o voto dando representação a um candidato desse naipe?

Amigos, o nome disso é fascismo. E as pessoas que estão entregando o seu voto a candidatura do Bozo, por ignorância ou opção consciente, é porque afirmam ou reafirmam que o fascismo os representa.

Fascismo eu não discuto. Combato!

A minha moral é trotskysta. Acho que só os fins justificam os meios, o que não significa aceitar qualquer meio nem qualquer fim. E não se pode aceitar meios que contrariam os fins desejados.

Assim, não faz sentido justificar a finalidade de uma sociedade melhor, usando como meio a eleição de um  candidato que apregoa sem constrangimentos elogios a torturadores. Um candidato  que diz que a homossexualidade é doença  e falta de porrada, além de outras verborragias de cunho fascista.

O resultado da escolha pelo Bozo  já está acontecendo nas ruas. Já é notícia nos jornais. Não é invenção nem discurso petistas, de comunistas ou coisa que o valha.

Isso me entristece porque quem apoiou com o voto esse tipo de alternativa, se não o fez por engano, é porque também traz o fascismo dentro de si.

Nem considero aqui o que a candidatura do Bozo representa em termos socioeconômicos para a nossa sociedade, particularmente para os trabalhadores brasileiros.

Os interesses das grandes corporações capitalistas não foram alterados. Para eles o importante é imobilizar o país e chupar nossas riquezas. O Bozo é um instrumento. Se funcionar, tudo bem. Se não funcionar, vai para o lixo, como foi o Collor de Mello. Enquanto o Bozo lhes serve, eles  garantem recursos para que realize o seu papel de capataz e as fantasias eróticas dos seus leões de chácaras. A propósito, aqueles meninos saradões que se afirmam dando porrada em mulheres e gays – cá para nós, não precisa ser especialista para ver que ali tem homossexualidade enrustida e castrada.

Rigorosamente não há muito segredo.  Sem opções que atendam com satisfação os nossos projetos precisamos fazer escolhas. Ocorre que uns escolhem uma alternativa mesmo que a considerem frágil e insuficiente. Outros não se constrangem em levar um fascista ao poder. Os primeiros admitem e assumem a sua escolha. Os últimos tentam por todos os meios disfarçar ou descaracterizar a sua, elaborando teses que a justifiquem. Afinal, votar em um fascista não é uma opção política, mas uma declaração de princípios de vida.

Não nos enganemos, a única justificativa para um voto fascista é a opção pelo fascismo. Tomara que essa não tenha sido a sua opção. Se foi, ainda dá tempo. Pule fora dessa!  
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