quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Êxtase e Agonia

 Opinião

Se o dia 09 de setembro, último, foi um dia de êxtase para a militância da esquerda, com os votos de Xandão e Dino condenando a cúpula fascista pela prática do golpe, o dia seguinte foi de agonia e desânimo com o voto do peruquento Fux.

O voto de Fux no não foi apenas um voto em favor do Bozo e da cúpula fascista, mas também um voto de desqualificação dos trabalhos de acusação da PGR, da relatoria, e até das investigações da Policia Federal. Foi também um voto de estímulo para a sanha golpista que não terminou com os atos de 8 de janeiro de 2023, mas que permanece viva e pululante entre as bancadas de oposição no congresso nacional.

A quarta-feira (10) foi um dia de frustração que pareceu que não iria terminar, com aquela figura escrota fazendo uma descrição dos fatos que deixou perplexas até mesmo as bancadas de defesa, embora elas tivessem uma certa expectativa otimista contando com algumas divergências já anunciadas pelo próprio Fux.

Contudo, surpresa! Boquiabertos e impedidos de fazer intervenções por um acordo preliminar proposto pelo próprio peruquento, a moçada da primeira turma do STF, assim como toda a militância progressista sofreu um dia torturante. A vontade comum era que o peruquento declarasse logo a absolvição da malta criminosa, desde que acabasse com o martírio provocado pela leitura do seu voto.

Os jornalistas que acompanham os trabalhos no STF com suas fontes e análises erraram feio. Todos subestimaram suas avaliações sobre o Fux. Nem os mais pessimistas imaginavam que ele desceria até onde foi. Se fosse o caso, se fizesse parte do processo, o peruquento seria capaz até de declarar que nunca existiu uma pandemia, nem as 700 mil mortes para as quais colaborou a prática genocida da cúpula fascista que ele absolveu.

Fica uma questão: será que também estarão erradas as expectativas em relação aos votos de Cármen Lucia e de  Zanin?

Hoje, 11/09, é data simbólica. Em 1973 o golpe no Chile e a morte de Allende. Em 2001 a derrubada das torres gêmeas nos EUA. Como será, para nós, esse 11 de setembro de 2025? #####

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Por um DJ engajado!

 Opinião

Estive presente na Marcha dos Excluídos (RJ) que esse ano incluiu em seus temas a manifestação contra a anistia dos fascista que estão sendo julgados no STF. A concentração para a Marcha foi na esquina das ruas Uruguaiana e Presidente Vargas, no centro da cidade, em ponto vizinho ao tradicional desfile militar que ocorreu no mesmo dia, 07/09/2025.

Em conversa com uma amiga, ao lado do carro de som onde desfilavam as “intervenções” de dois minutos dos representantes das entidades participantes do evento, surgiu uma questão:

 

Por que os discursos nos atos políticos da esquerda são tão chatos, tão desimportantes, e quase insuportáveis?

 

Salvo em situações ou oradores super especiais, não presto a mínima atenção aos discursos nos atos políticos, embora tenha que tolerá-los, contribuindo com a minha presença porque a quantidade de manifestantes valoriza o ato.

Discursos talvez sejam importantes para o gado direitista que via de regra precisa ser hipnotizado e guiado pelos ditos influencers. A galera da esquerda que comparece aos atos políticos não está lá por um impulso inconsequente nem atendendo a um chamado messiânico. Aliás, se for assim, a meu juízo é melhor que não compareça. Os participantes sabem o que estão fazendo lá, não precisam desse tipo de convencimento,  e as tais “falações” não contribuem com nada.

Na concentração, entre os discursos aporrinhantes  que ouvi, um orador, certamente sem ter o que falar, mas sem abrir mão de ocupar o microfone,  fez recomendações para que eu estivesse atento ao meu voto em 2026.

Puta que pariu!  Saio num domingo ou feriadão para engrossar e referendar um ato político que acho importante, e ouço uma recomendação desse tipo de um boquirroto que perdeu a oportunidade de ficar calado. Tenha paciência!

Seria bom se os coordenadores dos atos, via de regra emergentes das organizações sindicais, mudassem suas abordagens. Quem sabe uma cantoria, uma música, uma festa. Já estamos em campo, precisamos mais dos cantos e dos batuques de animação para as lutas do que essas falações água de batata, que só enchem o saco sem despertar a atenção de um único participante, e sem agregar uma vírgula sequer às nossas motivações.

Por razões históricas, o repertório musical nacional está repleto de obras de fundo e motivações políticas que embalam multidões de militantes em seus primeiros acordes. Seus refrões dizem muito mais que os recorrentes e insípidos discursos de representantes de entidades,  na medida em que são sínteses emocionais e poéticas de desejos e de experiências de lutas.

Não se trata de excluir completamente os discursos, há a necessidade de divulgar informações, apoios, participações etc. Contudo, vale resgatar que as cantorias políticas já decorrem justamente dos discursos e dos enfrentamentos. Em coro e por serem populares, são capazes de elevar as manifestações a um patamar bem superior de participações. Precisamos de um DJ engajado!  ###