sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Gostaria de aliviar, mas não tem clima pra isso!

 Opinião

 

Ouvimos, vemos e lemos sobre a crise climática, mas para nós, leigos, além dos aspectos concretos da própria crise, enchentes, secas, queimadas, furacões,  não é muito fácil a compreensão e assimilação do tamanho dessa coisa.

Sabemos que um dos principais aspectos da crise é o aquecimento do planeta decorrente da alta concentração de certos gases na atmosfera levando a níveis indesejados aquilo que deveria ser nossa proteção natural, o tal do Efeito Estufa.

São vários os gases que provocam o efeito estufa, mas o principal deles é o  dióxido de carbono (CO2) emitido principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento. E para quantificar em uma medida única a emissão de diferentes gases de efeito estufa (GEE) criou-se o termo dióxido de carbono equivalente (CO2e).

Atualmente, considera-se que o CO2 seja o principal responsável pelas emissões mundiais de gases de efeito estufa (GEE) que bateram novo recorde em 2023 e chegaram a 57,1 bilhões de toneladas anuais de dióxido de carbono equivalente (CO2e), sendo o Brasil  o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. [1].

Na reunião da COP21, em 2015, em Paris, o mundo concordou em limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação com os níveis pré-industriais. Para tanto, a ciência diz que as emissões de GEE devem ser reduzidas em mais de 40% até 2030. 

Segundo um relatório de outubro de 2024 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ainda é tecnicamente possível atingir a meta de aquecimento global do Acordo de Paris. Se não for assim, o mundo chegará a um aumento catastrófico da temperatura de até 3,1°C. E, ainda, mesmo que os  compromissos atuais para 2030 sejam cumpridos (e não estão) o aumento da temperatura seria de 2,6 a 2,8°C.

As nações devem se comprometer coletivamente a reduzir 42% das emissões anuais de gases de efeito estufa até 2030 e 57% até 2035, ou a meta de 1,5°C do Acordo de Paris desaparecerá dentro de alguns anos, o que traria impactos devastadores para as pessoas, o planeta e as economias. O bicho não está pegando, ele já pegou! [2]

Façamos, então, uma consideração a partir desse quadro super geral:

Imagine o mundo hoje. O tanto que o planeta está fumegando e o tanto que precisaria ainda fumegar para, no mínimo, fazer avançar as demandas das enormes populações carentes e desatendidas pelas distorções onde 15 da população mundial acumula dois terços de toda a riqueza do mundo.

Imagine o que significa provocar uma redução de 57% (mais da metade) das emissões num prazo de 10 anos (até 2035). Faça-se a aproximação que se achar necessária. A ordem de grandeza dessas quantidades não se altera.

Isso seria (ou será?) como a necessidade de dar um cavalo de pau, uma freada com freios mecânicos e de mão acionados, num automóvel se deslocando a 300 km por hora. Uma tentativa de praticamente parar o mundo.

Claro que há viabilidade técnica, mas não é disso que se trata. Trata-se de política. E vemos nos noticiários os representantes governamentais desse planeta capitalista, na maior cara de pau, assinando termos, acordos e promessas como se tudo já estivesse acordado e combinado com sua alteza  “o Capitalismo”.

São quase 60 bilhões de toneladas de CO2e despejados na atmosfera  por ano, praticamente o dobro desde o ano de 1990, e os caras assinam promessas de reduzir esse despejo em mais de 50% num prazo de 10 anos. Me engana que eu gosto!

E alguns de nós é que somos apontados como sonhadores românticos ou ridículos  quando insistimos em nossas convicções sobre o socialismo e sobre a necessidade de enfrentar, lutar e superar o capitalismo.

Até mesmo alguns companheiros engajados acusam-nos de esquerdismo quando cobramos do governo Lula um enfrentamento mais assertivo com o capitalismo, sem perceberem que o tempo de preparação da revolução já passou.

Grande parte da população, incluindo alguns companheiros de luta, assiste passiva e credulamente a TV mostrando os sorridentes representantes do capital prometendo que abrirão mão de seus lucros e que darão o cavalo de pau no mundo para a necessária redução de bilhões de toneladas de GEE.

Afinal, quem são os sonhadores nessa história?  #####

 

[1] https://revistapesquisa.fapesp.br/producao-de-gases-de-efeito-estufa-cresce-13-no-mundo-mas-cai-12-no-brasil/

 

[2] < https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/comunicado-de-imprensa/nacoes-precisam-fechar-enorme-lacuna-de-emissoes-em>

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