Opinião
Ouvimos, vemos e lemos sobre a crise climática, mas para nós,
leigos, além dos aspectos concretos da própria crise, enchentes, secas,
queimadas, furacões, não é muito fácil a
compreensão e assimilação do tamanho dessa coisa.
Sabemos que um dos principais aspectos da crise é o
aquecimento do planeta decorrente da alta concentração de certos gases na
atmosfera levando a níveis indesejados aquilo que deveria ser nossa proteção
natural, o tal do Efeito Estufa.
São vários os gases que provocam o efeito estufa, mas o
principal deles é o dióxido de
carbono (CO2) emitido principalmente pela queima de combustíveis fósseis e
pelo desmatamento. E para quantificar em uma medida única a emissão de
diferentes gases de efeito estufa (GEE) criou-se o termo dióxido de carbono
equivalente (CO2e).
Atualmente, considera-se que o CO2 seja o principal responsável
pelas emissões mundiais de gases de efeito estufa (GEE) que bateram novo
recorde em 2023 e chegaram a 57,1 bilhões de toneladas anuais de dióxido de
carbono equivalente (CO2e), sendo o Brasil
o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. [1].
Na reunião da COP21, em 2015, em Paris, o mundo concordou em
limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação com os níveis
pré-industriais. Para tanto, a ciência diz que as emissões de GEE devem ser
reduzidas em mais de 40% até 2030.
Segundo um relatório de outubro de 2024 do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ainda é tecnicamente possível
atingir a meta de aquecimento global do Acordo de Paris. Se não for assim, o
mundo chegará a um aumento catastrófico da temperatura de até 3,1°C. E, ainda,
mesmo que os compromissos atuais para
2030 sejam cumpridos (e não estão) o aumento da temperatura seria de 2,6 a
2,8°C.
As nações devem se comprometer coletivamente a reduzir 42%
das emissões anuais de gases de efeito estufa até 2030 e 57% até 2035, ou a
meta de 1,5°C do Acordo de Paris desaparecerá dentro de alguns anos, o que
traria impactos devastadores para as pessoas, o planeta e as economias. O bicho
não está pegando, ele já pegou! [2]
Façamos, então, uma consideração a partir desse quadro super
geral:
Imagine o mundo hoje. O tanto que o planeta está fumegando e
o tanto que precisaria ainda fumegar para, no mínimo, fazer avançar as demandas
das enormes populações carentes e desatendidas pelas distorções onde 15 da
população mundial acumula dois terços de toda a riqueza do mundo.
Imagine o que significa provocar uma redução de 57% (mais da
metade) das emissões num prazo de 10 anos (até 2035). Faça-se a aproximação que
se achar necessária. A ordem de grandeza dessas quantidades não se altera.
Isso seria (ou será?) como a necessidade de dar um cavalo de
pau, uma freada com freios mecânicos e de mão acionados, num automóvel se
deslocando a 300 km por hora. Uma tentativa de praticamente parar o mundo.
Claro que há viabilidade técnica, mas não é disso que se
trata. Trata-se de política. E vemos nos noticiários os representantes
governamentais desse planeta capitalista, na maior cara de pau, assinando
termos, acordos e promessas como se tudo já estivesse acordado e combinado com sua
alteza “o Capitalismo”.
São quase 60 bilhões de toneladas de CO2e despejados na
atmosfera por ano, praticamente o dobro
desde o ano de 1990, e os caras assinam promessas de reduzir esse despejo em
mais de 50% num prazo de 10 anos. Me engana que eu gosto!
E alguns de nós é que somos apontados como sonhadores
românticos ou ridículos quando
insistimos em nossas convicções sobre o socialismo e sobre a necessidade de
enfrentar, lutar e superar o capitalismo.
Até mesmo alguns companheiros engajados acusam-nos de esquerdismo
quando cobramos do governo Lula um enfrentamento mais assertivo com o
capitalismo, sem perceberem que o tempo de preparação da revolução já passou.
Grande parte da população, incluindo alguns companheiros de
luta, assiste passiva e credulamente a TV mostrando os sorridentes representantes
do capital prometendo que abrirão mão de seus lucros e que darão o cavalo de
pau no mundo para a necessária redução de bilhões de toneladas de GEE.
Afinal, quem são os sonhadores nessa história? #####
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